Para o comando do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM), não é coincidência que o pico de violência em Caxias do Sul entre 2015 e 2016 tenha ocorrido no período de enfraquecimento do efetivo da Brigada Militar por todo o Rio Grande do Sul. Na ocasião, a tropa era menor do que a metade do considerado necessário pela própria corporação e os salários parcelados. Ainda que a crise nas finanças do Estado persista, a redisponibilização de horas extras permitiu um melhor aproveitamento da inteligência policial. O resultado é que, em 2018, Caxias do Sul vive o menor número de assaltos da década.
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Nesse cenário, o major Émerson Ubirajara destaca o amadurecimento na utilização do Programa Avante, que utiliza dados criminais e visa a gestão de resultados por área, horário e tipo de crime. A ferramenta começou a ser utilizada pela BM em 2015.
— É uma evolução que nos possibilita ver melhor os dados, com apresentação de resultados e cobranças semanais. A análise criminal mais efetiva proporciona um melhor planejamento e ações mais dinâmicas. Possibilita a mudança do foco e conseguir mais combate à criminalidade — aponta o subcomandante do 12º BPM.
A partir dos objetivos estabelecidos pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), o próprio programa aponta os problemas (índices elevados), exige um planejamento e dá um tempo de ação, para depois avaliar se a estratégia deu certo.
— É uma roda que gira constantemente. Vale ressaltar que todos os nosso índices estão no verde, e não apenas o de roubo — comemora.
O programa de gestão é um diferencial na inteligência policial, mas sua efetividade só pode ser comprovada com policiais na rua, o que foi possível com liberação das horas extras pelo governo do Estado.
— Este grande aporte de horas extras são utilizadas especificamente em operações. Utilizamos para chamar o policial de folga, em seu descanso, para realizar estas operações específicas no combate em roubos e homicídios. Hoje, este é o foco. De sete dias, fazemos operação em cinco. Antes (entre 2015 e primeiro semestre de 2017), era uma operação por semana. Naquela época, eram 30 policiais. Hoje, são operações diárias e direcionadas com oito policiais — detalha Ubirajara.
O diretor do Instituto Cidade também destaca o Programa Avante como uma evolução, pois representa o início de uma utilização mais intensiva de estatísticas pela BM. Contudo, o advogado salienta que é preciso aguardar uma longa trajetória de redução criminal para se ter certeza de que esta não é uma redução relacionada a um investimento em razão do ano eleitoral.
— É importante destacar que 2015, 2016 e 2017 foram anos muito ruins nos indicadores e em questões salariais. Espero que o próximo governo não segure a sua atuação na área durante três anos, para atuar apenas no último ano, pois isso traz consequências ruins — argumenta Alberto Kopittke.