A Polícia Civil sabe que está diante de uma guerra complexa em Garibaldi. Se no passado havia colaboração da vizinhança, hoje os agentes precisam ter muita técnica para fisgar informação relevante que ajude a esclarecer os crimes e responsabilizar os autores. Em 2018, mais de 20 pessoas foram presas por tráfico na cidade. Os criminosos logo são substituídos por outros em novos endereços e trazem consigo a lei do silêncio.
— A população está assustada. Temos alertado as pessoas: olhe para quem você está alugando a casa. Tem gente que oferece cinco meses de aluguel adiantado em dinheiro para convencer. Já notamos que os proprietários estão mais cuidadosos na hora de locar um imóvel — pondera Clóvis.
A esperança do poder público e dos próprios moradores para frear a ação de criminosos no Fenachamp é a construção do Batalhão Rodoviário da Brigada Militar, obra em andamento na entrada do bairro com previsão de conclusão para o primeiro semestre de 2019. Imagina-se que a presença de policiais iniba o tráfico. Outra aposta é o monitoramento por câmeras, que abrangerá a entrada da comunidade.
Para o secretário municipal de Segurança, Carlo Mosna, o Fenachamp está mais tranquilo do que meses atrás. Ele afirma que os servidores da prefeitura entram na comunidade sem enfrentar contratempos e a maioria dos moradores não enfrenta barreiras por parte de bandidos.
— Nos parece que melhorou a situação, após prisões feitas pela polícia. Temos um trabalho na comunidade. Claro que nos causa preocupação, mas algumas coisas não são reais. Tem pessoas que querem demonstrar certa importância no meio criminoso e dizem ser de um determinado grupo, mas não é bem assim — pondera Mosna.
Segundo os investigadores, Garibaldi sente os reflexos de Bento Gonçalves, cidade onde os assassinatos cresceram vertiginosamente nos últimos dois anos. No município vizinho, de 30 mortes violentas neste ano, 19 estão relacionadas às quadrilhas de drogas, segundo o delegado Álvaro Becker, do 2º Distrito Policial de Bento. Proporcionalmente, a matança em Bento é maior do que vem sendo registrado em Caxias, com população cinco vezes maior. A taxa de mortes em Bento é de 26 casos para cada 100 mil habitantes _ o índice em Caxias é 17.
— Prendemos seis indivíduos recentemente e três eram da Região Metropolitana. Se diziam de uma facção. Pode acreditar que eles estão vindo. Chegam aqui e fazem uma proposta aos traficantes locais. Os caras daqui não querem perder o lucro e há confronto — resume Becker.
A Operação Navalha, que resultou em seis prisões em junho e deve ter mais 10 pessoas indiciadas ao final do inquérito, evidencia Bento como um centro de distribuição para a região.
— É bem complicado esclarecer os homicídios. Os executores são de fora justamente para dificultar o reconhecimento. Investimos nas prisões na expectativa de apreender alguma arma que possa estar relacionada a um assassinato — diz a titular do 1º DP de Bento, Maria Isabel Zerman Machado.