Os pedidos de impeachment de que vem sendo alvo o prefeito de Farroupilha, Claiton Gonçalves (PDT), reúnem causas diversas. Entre as principais, elas repetem as que estiveram presentes na performance do ex-prefeito Daniel Guerra: subestimar a necessidade de uma base parlamentar, criar focos de conflito e, no caso de Claiton, adotar um enfrentamento pouco civilizado com 15 entidades representativas da comunidade. No caso de Guerra, os conflitos eram generalizados e a falta de diálogo, ostensiva.
Chama atenção como Claiton despencou de duas eleições tranquilas e com votações que expressaram uma significativa representatividade política até a iminência de uma cassação, passando, no caminho, pela falta de sustentação até de vereadores da base de apoio e de seu próprio partido, que o deixaram órfão e sem apoio nenhum na votação de uma segunda admissibilidade. O próprio prefeito reconhece deslizes na condução de sua articulação política.
Chama atenção também porque Claiton tem iniciativas importantes para o município, a principal delas, a atração do polo da UFRGS, que era disputado também por outras cidades, por meio de um acordo para a implementação do Escritório de Inovação do Parque Tecnológico Zenit, o que garantiu ao prefeito um protagonismo regional.
Os motivos listados no parágrafo inicial ajudam a compreender essa trajetória percorrida pelo prefeito de Farroupilha, e são centrais.
DIFERENÇAS
Se há semelhanças nas atuações do prefeito de Farroupilha, Claiton Gonçalves, e do prefeito cassado de Caxias, Daniel Guerra (Republicanos), também há diferenças marcantes: Claiton é prefeito reeleito, tem algum protagonismo regional e reconhecimento comunitário, atestado pela reeleição.
O palavrão
Ainda deve ser relacionado no contexto o desembaraço com que surgem pedidos de impeachment. Eles continuam proliferando sem cerimônia em Caxias e Farroupilha. No caso de Claiton, é arrolado como motivo um palavrão desferido por ele em um programa de rádio. Tal conduta é criticável, nada civilizada, não cabe a um prefeito e arranha o decoro, como é alegado no pedido assinado pela OAB.
Mas pedir impeachment por conta de um palavrão pronunciado é uma demasia e dá bem a ideia dos exageros.
O exemplo de Caxias
Parece claro que também pode ser elencado no contexto que levou aos pedidos de impeachment contra Claiton Gonçalves os exemplos de Caxias. Com sete denúncias contra Guerra e agora três contra o atual prefeito Flavio Cassina (PTB), isso soa como estímulo e segurança.
Lideranças políticas e comunitárias começam a se sentir mais à vontade para repetir um ato que se tornou corriqueiro no principal município da região.
A banalização é óbvia
Em conversa na sexta-feira (6) com a reportagem do Pioneiro, o presidente do Republicanos caxiense e ex-secretário do Governo Guerra, Júlio César Freitas da Rosa, afirmou:
— O que me impressiona é que a própria imprensa agora começa a dizer da banalização dos processos de impeachment.
Chegou a referir que o colunista só agora cita a banalização. Ela tornou-se óbvia já faz algum tempo. O colunista também anotou, em mais de uma oportunidade, que a fundamentação dos pedidos, inclusive daquele que resultou no afastamento de Guerra, era frágil. Ainda que os conflitos com a comunidade fossem evidentes.