Abílio Manoel Silva tinha 6 anos e andava pelas ruas de mãos dadas com o pai quando descobriu o desenho. Hoje, aos 36, lembra do dia em que passavam pela Avenida Júlio de Castilhos, no centro de Caxias do Sul, e viu os traços de um hippie que fazia a caricatura de alguém sentado à sua frente.
— Fui acompanhando aquele desenho com os olhos até onde meu pescoço permitiu. Fiquei impressionado — lembra.
Ainda naquela época, Abílio riscou seus primeiros traços e decidiu que queria ser desenhista. Levada a sério com o passar do tempo, a paixão se transformou em profissão após ter sido contratado por uma empresa para desenhar seus funcionários, que seriam presenteados com uma caricatura na festa de final de ano.
— Optei por ressaltar aquilo que havia de mais bonito em cada uma: o olhar, o sorriso, a boca. Quando elas entraram na sala e depararam com os seus desenhos, houve muita emoção. Muitas se viram representadas de uma forma que nem elas se enxergavam mais. Aquilo me apontou um caminho a seguir — destaca.
Embora a caricatura tenha na essência o olhar exagerado e debochado, ao inverter essa lógica o artista busca erguer o astral das pessoas. Com boina de couro, suspensório e bigode bem aparado, Abílio atende a eventos como formaturas, aniversários e casamentos, além de encontros de carros antigos. Oferece caricaturas rápidas ou mais detalhadas, que demandam mais tempo e um investimento maior do cliente. Além do rosto, pede a sugestão de uma situação cotidiana que insira o personagem num contexto. A maior parte do público são casais que procuram o desenho para eternizar a recordação de uma viagem marcante ou de algum hobby que compartilhem.
Na 32ª Festa da Uva, onde montou uma versão reduzida do seu atelier, Abílio conta que um caso curioso foi quando um pai levou seu filho, criança de uns 10 anos, para presenteá-lo com uma caricatura:
— O menino estava cabisbaixo, achando a festa chata. O pai trouxe ele para fazer o desenho e eu o desenhei super descolado, andando de skate, com um boné de aba reta estiloso. Olhando para o menino, percebi que era daquela forma que ele se imaginava ou que queria ser visto. Ele saiu muito mais feliz!
Leia mais
Tá Na Festa #1: conheça "João Carisma", o puxador de clientes Tá Na festa #2: o vovô mais alegre do Brasil
Tá Na Festa #3: Marinês Benatti e a arte da dressa
Tá Na Festa #4: o casal que ganhou o ingresso da Festa da Uva pelo rádio
Tá Na Festa #5: o descanso da cozinheira
Tá na Festa #6: a Dulce que vende dulce na Festa da Uva
Tá Na Festa #7: sob o olhar atento da "profe", garotada conhece a Festa da Uva