Sueli de Carvalho tem 55 anos e frequenta Caxias do Sul desde os 16. Seu conhecimento da cidade, contudo, se encerra nos portões dos Pavilhões da Festa da Uva, onde trabalha como cozinheira de uma lanchonete de sua cidade natal, Maringá-PR. O dia a dia atrás da chapa e das bocas do fogão é exaustivo. Inicia por volta das 9h e só se encerra depois das 21h. Diariamente, são dezenas, por vezes centenas de lanches e refeições preparados, como xis, batata-frita, pasteis, a la minuta e a chamada "jantinha": feijão tropeiro, arroz carreteiro e uma carne que pode ser alcatra, picanha ou pernil.
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— O visitante da Festa da Uva prefere a refeição ao lanche rápido. O que mais sai é a a la minuta — conta.
Nos dias de movimento mais fraco, durante a semana, Sueli se permite tirar um breve descanso no meio da tarde e passear pelo parque. Sem tirar o avental e o gorro na cabeça, pega o seu cacho de uva e vai até o mirante do Monumento Jesus do Terceiro Milênio, contemplar a vista panorâmica da cidade que só conhece à distância. Ao deparar com a reportagem, brinca:
— Vieram mostrar o descanso da cozinheira?!
Sorridente, revela o que gosta de fazer quando sobra algum tempo para esfriar as mãos e a cabeça:
— Gosto de visitar as banquinhas, depois pegar minha uva e vir respirar um ar puro, tomar um sol. Para mim, já vale o passeio.
A vida de Sueli se deu em eventos como rodeios, exposições e festas populares por todo o Brasil. Conhece quase todas as capitais e grande parte do interior de estados como São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Quando a família deixou o ramo da alimentação para se dedicar ao comércio de toldos e tendas, seguiu tocando a lanchonete em Maringá e atendendo a eventos, com seu próprio negócio ou contratada como cozinheira. A peregrinação é cansativa, mas é o que realiza a cozinheira:
— Eu amo o que faço. Cansa? Claro que cansa. Mas quando encerra o expediente tomo um choppinho ou uma taça de vinho e já estou nova de novo.