— Queijo, salame e pão quentinho! O melhor lanche da colônia! Pode chegar que o tratamento é vip!
O trabalho de João Rosa de Oliveira, autointitulado "João Carisma", é puxar clientes. Em Porto Alegre, onde vive, o guaporeense de 56 anos é chamado em eventos como a Semana Farroupilha, por exemplo, para atrair o público a experimentar o "melhor churrasco do parque" — daquele que o contrata, é claro.
Quando não está em eventos, o homem de menos de 1,70m e de fala e movimentos ágeis garante o sustento vendendo guarda-chuvas em pontos de grande circulação ou capas de chuva em shows e jogos de futebol. Em shows como dos Rolling Stones ou o de Roger Waters, por exemplo, chega a vender 300 capas.
Na 32ª Festa da Uva, João põe seu dom inato da oratória a serviço da mesma padaria caxiense que o ofereceu a primeira oportunidade, ainda na edição passada, em 2016.Para garantir a vaga, bastou oferecer uma palhinha do seu talento:
— Ele chegou para fazer um lanche e perguntou se podia trabalhar conosco. Falamos que a equipe já estava completa, mas ele pediu uma chance pra mostrar o que sabia fazer. Saiu anunciando a promoção que a gente sempre faz ao final do dia, e em instantes o balcão estava limpo, não tinha sobrado nada. Ali vimos que ele podia fazer a diferença — comenta Solange Ferreira, 34, proprietária da Padaria Turatti.
O trabalho agradou tanto, que João ganhou estadia na chácara da família proprietária da padaria. Não é por acaso. Em questão de instantes, é capaz de transformar um balcão deserto no mais concorrido do pavilhão.
— O segredo desse negócio é ter respeito e tranquilidade pra abordar as pessoas. Elas gostam de receber atenção. Quando você chegou não estava vazio? Agora olha ali — diz João, apontando para o balcão cheio.
João não perde a chance de fazer uma piada, sai dançando pela pista se a música favorecer. Se conquista a atenção, o tom descontraído muda para o professoral ao explicar por que é imperdível o produto que tem para anunciar. Enquanto fala, com o braço trata de induzir o olhar do visitante ao balcão, como se fizesse um verdadeiro favor ao indicá-lo na direção de uma delícia imperdível.
— Nesse negócio, ou tu tens carisma, ou nem se envolve. Tem que conversar com as pessoas com alegria e se divertir junto com elas. Se precisar, até falar italiano eu falo, mesmo sem saber — brinca.
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