CORREÇÃO: o IFRS não utiliza o Sisu. As vagas são disponibilizadas exclusivamente por meio de processo seletivo próprio. Na inscrição, o candidato pode escolher usar a nota que tirou no Enem. A informação incorreta permaneceu publicada entre 9h e 13h30min.
Ficou para trás o tempo em que estudantes que quisessem ingressar no Ensino Superior em uma instituição pública precisavam sair de Caxias do Sul. Quem não tem condições de arcar com as mensalidades de uma faculdade privada pode apostar nas opções gratuitas, oferecidas pelas unidades do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) na cidade.
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No campus do IFRS, no bairro Fátima, cinco cursos de graduação e um curso técnico estão com inscrições abertas até o dia 7 de novembro (veja quadro). Além do mote de ensino público, o diferencial da instituição é a integração com o setor produtivo da região, conforme Silvana Kissmann, diretora de Ensino da unidade. Ela explica que o Instituto Federal foi criado para atender as necessidades dos Arranjo Produtivo Local (APL) — o metalmecânico, no caso de Caxias — e para preencher espaços não atendidos pelas instituições privadas. Além de oferecer cursos exclusivos no interior do Estado — caso da Engenharia Metalúrgica, inaugurado no ano passado — o objetivo é fornecer oportunidades para que os alunos vivenciem na prática o que aprendem na teoria.
— As nossas ações são planejadas para que o aluno possa, já no início do curso, experimentar na pratica o que é tratado na sala de aula. Temos um programa de incentivo com projetos de ensino, pesquisa e extensão, buscando integrar os alunos e os cursos. Aqui a gente faz a pesquisa teórica e coloca a mão na massa desde cedo e em todas as áreas — destaca.
A oferta de cursos também foi pensada para atender as necessidades tanto de quem busca uma formação mais aprofundada, quanto os que querem uma inserção rápida no mercado de trabalho ou já estão trabalhando, segundo Silvana.
Para Vinicius Veronese, coordenador do curso Técnico em Plástico, a qualificação dos professores é outro ponto de destaque, já que todos passaram em concursos públicos e têm dedicação integral ao instituto. Segundo Luciano Zorraski, 35, aluno de Engenharia Metalúrgica, é possível notar a diferença.
— Eu fico muito feliz por ter esse curso na nossa região, porque a outra opção é em Porto Alegre. O que me surpreendeu são as oportunidades que a gente tem — aponta Zorraski, que trabalha em uma metalúrgica há 11 anos.
Para não deixar os formados à mercê das flutuações econômicas do setor industrial, o instituto também tenta incentivar a inovação por meio da reformulação nos currículos e de uma Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (IEBT), que já tem oito projetos inscritos.
— Você reforça o que o mercado quer para esse momento, mas como você prepara o profissional para ele se movimentar? A gente inseriu em todos os cursos disciplinas voltadas ao empreendedorismo e à inovação, como uma tentativa para que o aluno "saia fora da caixinha" — destaca a diretora de Ensino.
Cidadania e integração com a comunidade
O foco em um ensino técnico e prático, porém, não é desculpa para descuidar da formação multidisciplinar esperada de um curso superior, segundo a diretora de Ensino Silvana Kissmann. Ela destaca que o Instituto Federal tem como missão aproximar-se da comunidade que o cerca. Por isso, muitos dos projetos desenvolvidos em sala de aula têm ligação com a população do bairro Fátima.
— Os alunos de Ensino Superior estão cada vez mais integrados nessas atividades de extensão e estágio para que eles possam conhecer melhor onde vão atuar, não só enquanto profissionais, mas conhecer a comunidade. A gente também precisa formar pessoas que melhorem o mundo — aponta.
Como exemplo, o coordenador do curso de Engenharia Metalúrgica, Cleber Lessa, lembra do projeto Fátima sem Frestas.
— Tinha uma casa de um aluno (de Ensino Médio, também oferecido na unidade) aqui no bairro que era bem precária, e ele pegava gripe constantemente por causa da entrada de vento frio. A gente usou embalagens de leite, que é um isolante térmico, e conseguimos isolar toda a parede da casa, de forma que não teve mais entrada de ar — relata.
A iniciativa é exemplo da missão do instituto, segundo Silvana, que encoraja os alunos a tomarem a iniciativa por meio do uso de laboratórios e uma gestão horizontalizada.
— Todos os alunos com acesso aos laboratórios podem participar pesquisas que a gente tenta fazer com que sejam publicadas, com um fim prático. Na licenciatura em Matemática, por exemplo, usamos uma impressora 3D para imprimir peças e joguinhos matemáticos disponibilizados a três escolas do bairro. Depois, é feito um curso para que os professores aprendam a lidar com esse novo sistema de dar aula — explica.
O resultado, de acordo com a diretora de Ensino, é uma formação completa, que desde o Ensino Médio tenta escapar da dicotomia entre ciências humanas e exatas.
— O aluno que vem para a nossa instituição vai ser um profissional técnico excelente, mas também vai ser um cidadão, que vai estar preparado para viver e atuar com essa diversidade que nós temos hoje na sociedade, e melhorar. A gente não nasceu para ser só mais uma instituição de ensino, não somos uma universidade federal, somos um instituto federal de ensino, ciência e tecnologia. E a gente vai formar um profissional técnico que olhe para o futuro e consiga viver bem na nossa sociedade — conclui.
UERGS capacita para a cadeia produtiva de alimentos
Outra opção de graduação gratuita na cidade a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS). O campus de Caxias, que fica no bairro Cinquentenário, junto ao Instituto Cristóvão de Mendoza, oferece o curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos. A inscrição é pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), ou seja, podem concorrer às 40 vagas anuais quem vai fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Para o estudante que ainda não escolheu o que vai estudar, a professora Betina Bitencourt, coordenadora do curso, explica o que a graduação tem a oferecer:
— Os acadêmicos desenvolvem habilidades de gestão de pessoas, processos e produtos nas indústrias e serviços de alimentação. Eles são chamados a entender de forma crítica os processos envolvidos na produção de alimentos, sua composição, suas características pré e pós produção, adquirem e desenvolvem habilidade de observação e intervenção nos processos — aponta.
O curso é multidisciplinar, mas, conforme a professora, se aproxima das áreas da química, biologia e física, com matemática e língua portuguesa como base.
— O profissional formado consegue compreender os processos de contaminação, deterioração, qualidade e segurança dos alimentos e atuar na cadeia produtiva do setor, além de contribuir em áreas que outras profissões possuem abrangência limitada — avalia.
Sobre a estrutura do campus, ela destaca a mescla de aulas teóricas com saídas de campo para indústrias e estabelecimentos da região, além de seminários dentro da unidade com o uso dos laboratórios de química, química de alimentos, análise de alimentos, microbiologia e física.
— Há ainda disponibilidade de bolsas de pesquisa e de extensão para os alunos atuarem em conjunto com os colegas em projetos sob a orientação dos professores — pontua.
SERVIÇO
IFRS
As vagas são disponibilizadas por meio de processo seletivo. Na inscrição, o candidato pode escolher entre usar a nota que tirou no Enem ou realizar a prova própria da instituição.
Inscrições: no site.
Quanto: R$ 50.
Quando: até dia 7 de novembro.
Informações: pelo site ou pelo telefone (54) 3204-2100.
OS CURSOS
Técnico em Plástico
:: Para quem: conforme Vinicius Veronese, coordenador do curso, o Técnico em Plástico é destinado ao aluno que já está trabalhando em uma empresa do setor e quer se qualificar _ hoje, essa é a realidade de 70% dos estudantes. É indicado também para quem completou o Ensino Médio e tem interesse em trabalhar rapidamente, já que é mais curto que os cursos de graduação.
:: O que aprende: no curso, são desenvolvidos conteúdos ligados a área da química aplicada a polímeros. Segundo Veronese, o aluno se apropria dos processos industriais do setor, como extrusão e injeção, entre outros, e trabalha na caracterização e desenvolvimento de polímeros nos laboratórios do campus.
:: O que faz o profissional: o aluno sai capacitado para atuar na cadeia produtiva do plástico. Conforme o professor, hoje há quase 500 empresas do setor na Serra, que geram cerca de 10 mil empregos. A criação do curso foi um pedido do sindicato patronal para atender a demanda por profissionais. Apesar de o segmento ter estagnado na crise econômica dos últimos anos, Veronese já enxerga uma retomada na oferta de empregos.
— As ofertas de trabalho aparecem, as empresas nos procuram. Os nossos alunos que queriam trabalhar e não eram do segmento hoje estão trabalhando. Até alunos do Ensino Médio (técnico) que estão se formando: cerca de 50 do 4º ano estão estagiando e alunos do 3º ano já estão começando a pegar as novas vagas.
Ainda assim, o curso ainda é pouco conhecido e há dificuldade de completar as turma noturnas, afirma o coordenador.
:: Duração: 4 semestres.
:: Turno: noite.
:: Vagas: 35.
Engenharia Metalúrgica
:: Para quem: é um dos três novos cursos do campus, iniciado no ano passado. Conforme o coordenador Cleber Lessa, a graduação em Engenharia Metalúrgica é oferecida em poucas instituições no Brasil e o curso de Caxias do Sul é o único noturno, para atender a demanda local. Ele indica a carreira para quem está saindo do Ensino Médio com vontade de cursar engenharia e quer aproveitar o potencial do mercado de trabalho da região.
— Caxias, como segundo polo metalmecânico e automotivo do Brasil, precisa desse profissional.
:: O que aprende: as disciplinas focam nos conhecimentos necessários para a transformação dos metais e ligas metálicas e em sua aplicação na indústria. De acordo com Lessa, o curso do IFRS é mais prático do que o ofertado por outras instituições:
— Eu me formei na UFRGS. Quando eu fiz o curso, não tinha nenhuma disciplina de usinagem. E Caxias é famosa por ter diversas empresas de usinagem, então nosso curso tem três disciplinas disso. Os alunos têm toda a parte teórica, para entender o que está acontecendo no átomo, e também aprendem como utilizar os processos para que ocorra a melhoria no material.
:: O que faz o profissional: o engenheiro metalúrgico podem atuar nos processos de soldagem, fundição, usinagem, siderurgia e nos processos de conformação mecânica em indústrias de base e em todo o setor metalúrgico, como empregado, consultor ou de forma autônoma. O coordenador afirma que recebe pelo menos uma oferta emprego para os alunos vinda de empresas da região. O curso está no segundo ano e muitos estudantes já estão empregados como estagiários.
:: Duração: 10 semestres.
:: Turno: noite.
:: Vagas: 35.
Tecnologia em Processos Metalúrgicos
:: Para quem: é um dos carros-chefes do instituto, criado a partir de demandas do setor produtivo. Segundo o professor Cleber Lessa, o curso se diferencia da engenharia por ter duração mais curta: é indicada para pessoas que já trabalham ou trabalharam em indústria e desejam se qualificar ou abrir o próprio negócio.
:: O que aprende: o tecnólogo é capacitado para atuar na fundição, conformação mecânica, soldagem, usinagem e tratamentos térmicos, dominando a inter-relação entre processo, microestrutura, propriedades e aplicações dos produtos metálicos.
:: O que faz o profissional: planeja, operacionaliza e supervisiona processos metalúrgicos, considerando materiais, equipamentos, tecnologia, qualidade, segurança e saúde ocupacional e o meio ambiente. Segundo Lessa, hoje todos os alunos do Instituto que desejam trabalhar na área já estão empregados.
:: Duração: 6 semestres.
:: Turno: tarde.
:: Vagas: 35.
Engenharia de Produção
:: Para quem: quem escolhe a faculdade de estuda muita física, matemática e matérias relacionadas com Tecnologia da Informação (TI). O curso do Instituto Federal aposta em disciplinas com foco na mecânica industrial, com disciplinas de usinagem, fabricação e polímeros.
:: O que aprende: o aluno desenvolve habilidades para planejar, projetar e gerenciar sistemas organizacionais que envolvem recursos humanos, materiais, tecnológicos, financeiros e ambientais. Alia conhecimentos técnicos e gerenciais para otimizar o uso de recursos produtivos e diminuir os custos de produção de bens e serviços.
:: O que faz o profissional: pode atuar em empresas do setor público e privado em setores como metalúrgica, mecânica, química, construção civil, eletroeletrônica, agroindústria, bancos, empresas de comércio, instituições de pesquisa e ensino, aplicando conhecimentos de organização da produção, gestão de processos financeiros, marketing, administração de pessoas, além de tecnologias dos principais processos de fabricação industrial. Também pode atuar de forma autônoma, em empresa própria ou prestando consultoria.
:: Duração: 10 semestres.
:: Turno: noite.
:: Vagas: 35.
Licenciatura em Matemática
:: Para quem: é indicado aos alunos que querem atuar na área da educação. Silvana Kissmann, diretora de Ensino do IFRS em Caxias, reconhece que a licenciatura muitas vezes não é a primeira opção do jovem, já que a profissão do professor não vem sendo valorizada. Ainda assim, ela diz que o curso se diferencia do oferecido por outras instituições por também focar na pesquisa.
— Os alunos têm uma formação para atuar sim como professor, mas tem o lado da matemática pura. A gente tem um curso que está formando um pesquisador, então quem gosta muito de matemática vai encontrar espaço nesse curso — aponta.
:: O que aprende: o estudante desenvolve conhecimentos matemáticos focados na ligação com o processo pedagógico, para estimular o desenvolvimento cultural e o pensamento científico e reflexivo de futuros estudantes. Como exemplo de iniciativa desenvolvida no instituto, Silvana aponta a criação de materiais educativos para pessoas com deficiência, como modo de estimular a inclusão.
_ Como foi um dos nossos primeiros cursos, temos toda uma tradição de projetos de extensão, os alunos estão muito inseridos na comunidade. A licenciatura é vinculada a uma política institucional de ações afirmativas.
:: O que faz o profissional: os profissionais atuam na rede de ensino, contribuindo para os objetivos da escola básica, o cotidiano escolar e as experiências da escola.
:: Duração: 8 semestres.
:: Turno: noite.
:: Vagas: 40.
Tecnologia em Processo Gerenciais
:: Para quem: busca formar profissionais habilitados a atuar no planejamento, na organização, na gerência, na elaboração de projetos e no controle de processos administrativos de empresas. É um curso de dois anos e meio e, como os outros oferecidos pelo IFRS, foca nos processos do APL local.
:: O que aprende: os alunos ganham uma visão ampla de como gerir recursos de qualquer tipo de empresa. O profissional tem capacidade de realizar análise de mercado e de estabelecer estratégias e é capacitado a solucionar problemas referentes a produtos, atividades, processos e práticas de gestão, além de empregar técnicas de gestão para a tomada de decisões.
:: O que faz o profissional: os egressos desse curso podem atuar em empresas do setor público e privado dos mais diversos setores, desenvolvendo atividades em diferentes áreas da gestão. O curso também fomenta o empreendedorismo e a inovação, preparando o aluno para atuar como gestor do próprio negócio.
:: Duração: 5 semestres.
:: Turno: noite.
:: Vagas: 40.
UERGS
O ingresso é pelo Sisu, ou seja, quem fará a prova do Enem neste ano pode concorrer a vagas no ano que vem. Também há possibilidade de ingresso durante o ano para diplomados e transferências de outras instituições.
Informações: site ou telefone (54) 3225-7486.
O CURSO
Ciência e Tecnologia de Alimentos
:: Para quem: conforme a coordenadora do curso, Betina Bitencourt, durante o curso são abordados componentes relacionados à área de química, física, biologia e matemática, para entendimento dos processos de contaminação, deterioração, qualidade e segurança dos alimentos.
:: O que aprende: a professora destaca que os acadêmicos são chamados a entender de forma crítica os processos envolvidos na produção de alimentos, sua composição, suas características pré e pós-produção, adquirem e desenvolvem habilidade de observação e intervenção nos processos. Os componentes ofertados visam habilitar os acadêmicos com conhecimentos técnicos e fornecer os subsídios em conhecimentos necessários para tomada de decisão e atuação em parte ou em toda cadeia produtiva de alimentos.
:: O que faz o profissional: pode atuar em áreas como indústria de alimentos, conservação de alimentos, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, processos e tecnologias, gestão na área de alimentos, controle de qualidade de alimentos e demais áreas afins.
:: Duração: 9 semestres.
:: Turno: tarde e noite.
:: Vagas: 40.