Os cerca de 22 mil usuários da unidade básica de saúde (UBS) Cruzeiro, em Caxias do Sul, terão de ir mais um pouco mais longe se precisarem consultar um clínico geral a partir de segunda-feira. É que o único médico que atende, atualmente, no local entrará em férias. Segundo o gerente da UBS, Rodrigo Moraes, os pacientes continuarão sendo recebidos, mas serão encaminhados para outras unidades ou para o Pronto-Atendimento 24 Horas, o Postão.
A notícia desagradou a quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS) e tem a unidade como referência, como o aposentado Armindo Forlim, 70 anos. Ele é hipertenso e vai à UBS pelo menos uma vez por mês em função da medicação:
— Na hora do voto prometem saúde, educação... mas, depois, esquecem. A saúde em primeiro lugar — reclama o aposentado.
No caso de seu Armindo, ter o posto perto de casa é uma facilidade. Se tiver de se deslocar da UBS até o Postão, terá de percorrer cerca de cinco quilômetros, o equivalente a 15 minutos de carro. Mas, se o paciente depender de ônibus, como o aposentado, o trajeto levará em torno de meia-hora.
Além do bairro Cruzeiro, a UBS é referência para moradores do Belvedere, De Zorzi, Diamantino, parte do Vila Leon e do Petrópolis e a localidade de São Luiz da 6ª Légua, onde mora o também aposentado João Antenor da Silva, 70.
— Aqui tem de ter médico — diz seu João, apreensivo.
Para o coordenador da associação de moradores do bairro (Amob) Cruzeiro, Nelson Acioly Vieira Filho, manter o número inicial de médicos previsto (dois) seria dever do poder público:
— Na verdade, dois já é o mínimo. Mas aqui só tem um e, agora, nenhum. Vamos ficar com uma população desse tamanho sem atendimento? Aí, chega um idoso, nesse inverno rigoroso, vai mandar ele para o plantão? Como, se lá está sempre superlotado? A pessoa já está sensibilizada pelo fato de estar doente e, no momento em que ela mais precisa de atenção, é largada lá no plantão para ficar quantas horas esperando?
O gerente da UBS explica que pediu à prefeitura a substituição do profissional que está em licença-prêmio desde o início de maio deste ano, porque, na sequência, ele irá se aposentar, ou seja, não voltará a atividade, abrindo uma vaga. Segundo Moraes, a prefeitura teria acenado com a destinação de um profissional. O problema é conseguir um médico que queira assumir a vaga.
— A vaga está aberta e ele pode ser substituído a qualquer momento. Só que não tem médico — diz.
A chance de conseguir um clínico está nos concursados se apresentarem e um deles aceitar trabalhar no Cruzeiro. Mesmo assim, dependerá do tempo de tramitação do processo de contratação. No caso de profissionais em férias, o gestor diz que não é prevista a substituição.
26 pessoas deixam de ser atendidas ao dia
Com a falta do médico na UBS Cruzeiro, 26 pessoas deixarão de ser atendidas por dia no local. O quantitativo leva em consideração o número de pacientes assistidos pelo clínico atual diariamente, de segunda a sexta-feira, na unidade.
A orientação é para que os pacientes continuem procurando a unidade.
Os casos de urgência serão encaminhados para o Postão ou para Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Zona Norte. Os demais, não urgentes, ou serão destinados para a unidades Planalto e Cristo Redentor ou, se puderem aguardar, serão agendados para quando o médico da unidade Cruzeiro voltar das férias, 15 dias a contar da segunda-feira.
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