Foi em meio a pedidos por justiça e gritos contra a violência obstétrica que cerca de 30 familiares e amigos das mães Natália Ribeiro da Silva e Mayara Martins Terra chegaram à entrada do Hospital Geral (HG), em Caxias do Sul, para protestar pouco antes das 16h deste domingo.
Natália é mãe de Waysler Ediel da Silva Kinast e organizou a caminhada para se manifestar contra o que acredita ter sido um erro médico durante o parto: ao nascer, o menino de um mês e 28 dias teve uma fratura que comprometeu o movimento do braço direito. Agora, a mãe corre contra o tempo para conseguir uma cirurgia que reverta a lesão.
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— Eu vim buscar justiça por ele. O erro foi dos médicos. Por que me falaram, quando eu saí daqui, que ficaria tudo bem? Agora, meu filho não mexe mais o braço por causa deles — desabafa.
Natália se emocionou durante o ato em frente ao hospital. Ela teme que o filho fique permanentemente sem movimentos no braço e cobra uma solução da instituição. Segundo ela, o diretor-geral do HG, Sandro Junqueira, entrou em contato no sábado por telefone dizendo que poderia pagar pela cirurgia e pedindo para que ela desistisse da manifestação.
— Por que ele não vem falar comigo agora? Eles sabem que foi erro deles. Eu vou lutar até o fim por ele — declarou a mãe.
Natália diz ter sido obrigada a passar por parto normal, mesmo com a recomendação de sua ginecologista por uma cesariana, e denuncia a violência sofrida no processo.
— Eu fiquei 24 horas em trabalho de parto, implorando uma cesárea e não me deram ouvidos. Podia ter sido pior, ele nasceu sem respirar. Fora comigo, fizeram três cortes em mim, fizeram força em cima da minha barriga, usaram o fórceps. Eu sei exatamente o que aconteceu. E quem fez o meu parto também sabe — lamenta.
Desde que o caso veio a público, a mãe vem recebendo ajuda para custear a cirurgia por meio de uma vaquinha virtual. Ela ressalta, porém, que quer que o hospital se responsabilize.
— Muitas pessoas ficaram comovidas com a história dele e estão me ajudando. Mas não é a obrigação delas. E eles que fizeram tudo isso, onde está a consideração deles? — questiona.
Quando ficou sabendo do protesto, Mayara Martins Terra também optou por participar. Ela é mãe de Teylor Terra da Fonseca, que faleceu aos 10 meses de idade em decorrência de uma bronquiolite aguda grave. Ela também denuncia falhas no atendimento: o bebê ficou cerca de 15 horas no Pronto-Atendimento 24 Horas (Postão) antes de ser transferido para o HG, onde ainda teve que aguardar por leito de UTI.
— O meu filho não volta mais. Eu estou aqui por ele (Waysler) e para outras mães não perderem seus filhos e serem vítimas de negligência —aponta.
A família de Teylor registrou ocorrência policial para denunciar a suposta negligência no atendimento. Mesmo concentrando o protesto no HG, Mayara acredita que o problema na saúde de Caxias abrange toda a rede.
— Isso vem da Câmara de Vereadores, de secretários (municipais) que tem que decidir a nossa saúde, que é um caos. Tanto aqui, no Postão, em qualquer hospital público e nos postinhos — reclama.
O Pioneiro entrou em contato com o Hospital Geral, mas foi informado de que a direção da instituição se manifestaria somente durante a segunda-feira.
PARA AJUDAR
É possível contribuir com a campanha para a cirurgia do pequeno Waysler pelo link vakinha.com.br/vaquinha/ajude-o-whaysler ou depositando qualquer valor na conta da mãe Natália R. Silva na Caixa Econômica Federal:
Agência: 0465
Conta: 00278769-6
Operação: 013
CPF: 035.215.970.75