Se a desinterdição da Penitenciária Estadual de Caxias do Sul, na localidade do Apanhador, afastou a possibilidade de novos presos serem mantidos em delegacias do município, agora é Vacaria que enfrenta esse risco. Na noite desta sexta-feira, a chefia da Polícia Civil e da Brigada Militar (BM) foram até a juíza Greice Prataviera Grazziotin para expor as consequências da interdição do presídio da cidade, tomada na quinta-feira.
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A decisão determinou o limite de 250 pessoas no regime fechado. Como na sexta-feira haviam 335 presos recolhidos, seria necessária a saída ou transferência de 86 detentos para que a casa prisional pudesse voltar a receber detentos. Ou seja, já no final de semana, novos presos podem ficar em delegacias ou até mesmo algemados em viaturas da BM.
— Temos uma perícia do IGP (Instituto Geral de Perícias) que demonstra que a delegacia não tem condições físicas para receber presos. A outra questão é que são apenas duas celas e irá acontecer em Vacaria o que acontece na Região Metropolitana, onde tem viaturas paradas com presos. Só que somos uma cidade-sede, isolada de outros centros, com apenas um batalhão (da BM) e um presídio, e não temos como nos socorrer — alertou o delegado regional de Vacaria, Carlos Alberto Defaveri.
A falta de vagas impacta as comarcas de Vacaria, que inclui os municípios de Monte Alegre, Campestre da Serra, Muitos Capões, Esmeralda e Pinhal da Serra, e de Bom Jesus, que concentra demandas de Jaquirana e São José dos Ausentes.
Das nove casas prisionais da Serra, cinco possuem algum tipo de interdição. A região abriga 2.763 detentos em uma estrutura planejada para 1.204 pessoas. Ou seja, há um déficit de 1.559 vagas.
A situação mais grave, porém, é em Vacaria. A juíza Greice determinou a interdição do presídio que está com ocupação de 349% e alegou que solicitou providências que nunca foram atendidas pela direção da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
— É um risco iminente (ter presos em delegacias), mas é até um limite máximo de poucos presos. Iremos analisar ainda (a quantidade de pessoas que cabem), mas são celas pequenas, sem água, sem luz e totalmente inadequadas para manter alguém por mais que poucas horas, como ocorre em uma prisão em flagrante _ aponta o delegado Defaveri, que ainda lamenta a falta de apoio de outros setores para resolver a situação ao longo dos anos:
— Será o caos na segurança pública de Vacaria. Reconhecemos que esta ocupação de 300% é totalmente descabida, mas precisamos de um impulso verdadeiro que destine recursos para a construção de um novo presídio. Até o momento, vemos muitas suposições, mas pouca realidade — ressalta Defaveri.