A manhã deste domingo foi reservada para lembrar a memória da pequena Isabella Theodoro Martins. Amigos e familiares da bebê de oito meses, morta queimada pelo ex-companheiro da madrinha, caminharam da Rua Ary José Giacomet, no Santa Lúcia, até a igreja da Paróquia Santa Catarina, onde foi realizada missa de sétimo dia de falecimento.
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O grupo vestia camisetas brancas com a foto de Bella e segurava cartazes pedindo justiça. Durante o trajeto, de quase dois quilômetros, os participantes cantaram músicas para a menina. Em frente à igreja, fizeram orações para Bella e soltaram os balões brancos que carregavam.
Padre Renato Ariotti os recebeu na porta do templo com abraços e palavras de conforto. Durante a missa, fez um sermão também na tentativa de aliviar o sofrimento da família.
— A morte faz parte do nosso ser. Depois, estaremos com Deus. Todos temos o nosso tempo. Uns vivem 90 anos, outros, oito meses. O importante é como vivemos.
Prima de Bella, Bruna Muraro, 24 anos, idealizadora da caminhada, explica que o ato foi pensado para ajudar os familiares a superar esse momento de dor:
— A Bella era um pedacinho de nós. A caminhada é pela paz e para dar força e acalentar o coração.
Isabella morreu na última segunda-feira. Ela teve 70% do corpo queimado. A madrinha da menina segue internada em estado grave no Hospital Geral (HG). O autor do crime seria Maykon Marcelino da Silva, 30 anos, que foi preso em flagrante em um posto de gasolina. Ele teria jogado álcool nas duas e ateado fogo em seguida. O crime ocorreu por volta da 0h45min de sábado, quando Silva teria invadido a casa onde estavam a ex-companheira, a bebê, que é afilhada dos dois, e os dois filhos do casal.
Junto há nove anos, o casal teria se separado no início deste ano. Em 1º de abril, a mulher procurou a Polícia Civil e denunciou o ex-companheiro. Segunda ela, Silva era usuário de drogas e ficava violento a cada consumo. Na ocorrência, a vítima afirmou que o agressor a ameaçava de morte. Na época da queixa na polícia, a mulher foi orientada a ir para a Casa Viva Raquel, instituição que abriga mulheres vítimas de violência. Porém, ela não quis.
A medida protetiva foi deferida pela Justiça contra o homem. No entanto, Silva não foi localizado para ser intimado ou responder às acusações. A informação repassada para a polícia era de que ele estava internado em uma clínica para tratamento de dependência química. A mulher foi orientada a informar aos órgãos competentes quando ele saísse da clínica. A medida protetiva era válida por 180 dias, ou seja, até outubro.
Em 25 de outubro, a mulher procurou novamente a Polícia Civil informando que estava sendo ameaçada pelo mesmo homem. No dia seguinte, ela voltou ao plantão policial informando que Silva teria invadido a sua casa e a agredido com socos. Ela fez o exame de corpo delito, mas se recusou, mais uma vez, a ser acolhida na Casa Viva Raquel.
Uma nova medida protetiva foi solicitada pela vítima e deferida em 1º de novembro. Com o documento, o homem seria proibido de contatar ou se aproximar da mulher por menos de 200 metros. Na segunda-feira, o juiz da Vara da Violência Doméstica de Caxias determinou que o suspeito seja intimado no presídio e responda por todas as acusações.