A greve dos professores, programada para começar nesta quarta, não é o único contratempo enfrentado por estudantes da rede estadual no início deste ano letivo. Em Caxias do Sul, faltam 35 professores em salas de aula. O número é considerado baixo pela 4ª Coordenadoria Regional da Educação (4ª CRE) - não chega a um profissional faltando por escola. Mesmo assim, os reflexos são sentidos na rotina dos alunos.
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Conforme a 4ª CRE, as disciplinas com maior déficit de docentes são português e literatura (sete), matemática (seis), história (quatro), língua inglesa (quatro) e educação física (três), artes (dois) e biologia (dois).
– A falta destes professores será suprida a partir de novos contratos. Nós não temos mais o que ser remanejado. As solicitações já foram encaminhadas à Seduc (Secretaria Estadual da Educação). Esperamos que ainda em março seja tudo normalizado, mas a gente sabe que é muito burocrático – justifica a coordenadora da 4ª CRE, Janice Moraes.
Enquanto isso, estudantes do 6º ao 9º ano do turno da manhã da Escola Engenheiro Dario Granja Sant'Anna, no loteamento Sanvitto, estão sem aulas em quatro disciplinas: matemática, história, geografia e inglês. Conforme a diretora, Evandra Cristina Borges de Lima, está sendo adotado um horário diferenciado. Os alunos do 6º e 7º ano têm aula apenas na quarta e na quinta-feira.
– Por enquanto, entendemos que é melhor eles ficarem em casa do que vir à escola e serem liberados antes, causando preocupação aos pais – explica a diretora. A cuidadora Adriana de Chaves Borges, 40 anos, teme que a falta de professores e, consequentemente de aulas, prejudique o desempenho do filho José Luis Pietrobelli, 13 anos. Ele estuda no 8º ano da Dario Granja.
– A criança vai ficar atrasada sem o acompanhamento do professor. Fico preocupada por ele ficar dois dias da semana sem estudar – lamenta.
Na Escola Presidente Vargas, há falta de professores para as aulas de história e geografia. Para que os alunos não fiquem sem estudar, a solução foi substituir os períodos por outras disciplinas, conforme a disponibilidade dos professores.O mesmo esquema foi adotado pela Escola João Triches no bairro Pio X. Com a falta de docentes de matemática, o vice-diretor - que é especialista na disciplina - assume as aulas até que a falta seja suprida.
Greve deve ter baixa adesão
O Dia Nacional de Paralisação contra a Reforma da Previdência, marcado para esta quarta-feira, pode ter reflexos nas aulas dos estudantes das redes municipal e estadual. A mobilização reunirá movimentos sociais e sindicais na Praça Dante Alighieri às 10h30min e às 16h30min. Protestos ocorrem também em outras cidades do Estado e do país.Conforme a presidente do Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv), Silvana Piroli, as escolas da rede municipal foram orientadas a trabalhar com horário reduzido. Ficará a critério de cada instituição liberar os alunos durante o recreio ou cancelar as aulas neste dia.
A 4ª Coordenadoria Regional da Educação (4ª CRE) também anunciou que pelo menos seis escolas não terão aulas e outras oito só terão atividades até o intervalo em cada turno ou para séries iniciais. Os pais dos alunos foram comunicados previamente.
Por outro lado, a greve dos professores estaduais não deve ter grande adesão na Serra gaúcha. A expectativa é do diretor-geral do 1º Núcleo do Cpers-Caxias, Antônio José Staudt, a partir do pouco apoio nas paralisações do ano passado.
– A gente percebe que a categoria está bem desmobilizada. Mas vamos tentar mostrar que a reivindicação não é só estadual, como também entra a reforma da previdência que nos atinge também – reforça o sindicalista.
Entre as reivindicações da classe está, principalmente, a questão salarial. Os professores estaduais pedem o cumprimento da lei do piso salarial nacional, pagamento integral do 13º salário, correção do vale-refeição e investimento de 30% na área da educação.