Fechado desde 08 de abril de 2016 com promessa de reforma, o Centro Educativo Esperança, no loteamento Aeroporto, em Caxias do Sul, ainda causa angústia aos moradores da comunidade. Mais de nove meses após o fechamento, as melhorias ficaram só no discurso. Enquanto isso, o mato se acumula ao redor dos dois prédios e os imóveis já apresentam sinais de depredação, com diversos vidros quebrados, por exemplo.
O temor de quem vive nas proximidades é que o espaço seja invadido e possa virar um ponto de refúgio para usuários de drogas, a exemplo da trajetória do imóvel vizinho, onde funcionava o antigo Mercado Castilhos. O antigo estabelecimento comercial virou morada para drogados e levou anos para ser recuperado. Hoje, abriga o Centro de Convivência Paz e Bem, mantido pela Legião Franciscana de Assistência aos Necessitados (Lefan) em parceria com a prefeitura, e que atende idosos em situação de vulnerabilidade social.
O Centro Educativo Esperança, inaugurado em 2007, atendia cerca de 50 crianças e adolescentes, no turno contrário ao período de aula, até o ano passado. Antes da decisão de fechamento, a Fundação de Assistência Social (FAS) apontou problemas como alagamento no pátio em dias de chuva, necessidade de troca de assoalho, adequação do Plano de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCI ), entre outros problemas estruturais. As crianças foram encaminhadas para duas instituições na região e algumas famílias desistiram do atendimento.
– Nosso bairro tem um índice de violência bastante alto, então esse trabalho era muito importante. O prédio foi fechado para ser melhorado, mas está pior – ressalta o presidente da associação dos moradores do bairro (Amob), Samuel José de Abreu, 33.
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Conforme a presidente interina da FAS, Rosana Santini Menegotto, ainda não há uma posição concreta sobre as reformas no prédio do centro educativo. Ela explica que, como as obras exigem investimento financeiro, há a necessidade de discutir com o prefeito Daniel Guerra a melhor alternativa. Rosana também diz que não está descartada a parceria com instituições privadas, a exemplo do próprio Centro Paz e Bem.
Uma rua, diversos alagamentos
Há quase 30 anos, o medo da dona de casa Marisa de Lima Santos, 69 anos, é só um: ter a moradia alagada após qualquer volume de chuva. Em quase três décadas morando na Rua Helmut Bornheim, ela já perdeu duas casas e diversos móveis por causa da água. A via não tem um sistema de drenagem adequado.
Na última moradia, depois de tantos alagamentos, o assoalho chegou a ceder em um dos quartos e eletrônicos, como máquina de lavar, foram perdidos. Mesmo com o prejuízo e os riscos de ficar na moradia, a dona de casa permaneceu no local até cerca de dois meses atrás, quando mudou-se para a moradia nova, construída na frente do terreno.
– Já perdi trem de cama, comida, móveis, tudo. Tenho uma filha doente e cada vez que chovia era um medo muito grande – conta dona Marisa.
Morador da mesma rua, o pedreiro aposentado Jardelino da Silva, 63 anos, também é testemunha do aguaceiro que se forma após a chuva. Com medo dos constantes alagamentos, ele reformou a casa:
– Eu subi o piso para não entrar água na casa. Qualquer chuvinha que dá a gente já fica de olho. Isso acontece porque os canos são finos e não dão conta –acredita o morador.
A solicitação dos moradores é que haja o reforço da tubulação para um melhor da escoamento da chuva e o asfaltamento da rua, já que a via ainda é de chão. Conforme a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos, a verba do Orçamento Comunitário (OC) é insuficiente para realizar as obras de saneamento e a pavimentação da via. A pasta garante que assim que forem obtidos os recursos necessários para execução da obra, a demanda será encaminhada para o setor de projetos.
COMUNIDADE
::População: contagem da Amob apontou 500 moradias no loteamento. No entanto, não há estimativa do número de moradores.
::Região: Sul.
::Iluminação: moradores alertam para fios soltos em alguns postes do loteamento.
::Educação pública: crianças e jovens do loteamento são atendidos na Escola de Ensino Fundamental Basílio Tcacenco e na Escola de Educação Infantil Nosso Amiguinho. Para cursar o Ensino Médio, os estudantes se deslocam para instituições de bairros próximos.
::Transporte: conforme a Amob, não há reclamações recentes sobre o atendimento dos ônibus do transporte coletivo.
::Lazer: em setembro de 2016, o bairro ganhou um conjunto de brinquedos que formam um parque infantil. O presidente da Amob diz que a instalação do parquinho melhorou as condições de lazer da comunidade, porém, há necessidade de atenção para a manutenção da área, como roçadas mais frequentes. Os moradores também solicitam uma academia da melhor idade.
::Saúde: os moradores do loteamento Aeroporto utilizam os serviços da unidade básica de saúde (UBS) do bairro Esplanada. No entanto, a reivindicação da comunidade é contar com um postinho próprio, o que desafogaria o atendimento na UBS do bairro vizinho.