Um dos maiores desafios para a próxima gestão dentro da pasta do Meio Ambiente, o canil municipal segue enfrentando grandes dificuldades para atender os cerca de mil animais. Antes comandado pela Soama e, desde o início de setembro pela prefeitura, o serviço encontra impasses que vão desde a aquisição de medicação e comida, até a contratação de profissionais – que precisam atuar inclusive aos fins de semana.
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A única veterinária responsável pelo atendimento aos cerca de 900 cães e 70 gatos, Ana Caroline Rossi, enumerou os problemas em documento entregue ao atual secretário de Meio Ambiente, Adivandro Rech, e à futura administração do prefeito eleito Daniel Guerra (PRB). As complicações listadas vão desde ausência de telefone, computador e internet, até as péssimas condições do banheiro dos ambulatórios, ou a falta de local para adoção de animais.
A situação se torna ainda pior já que as licitações para compra de remédios ou ração foram encaminhadas, mas dependem de burocracia e devem obter vencedor somente a partir de fevereiro do próximo ano. Por enquanto, a maneira encontrada pela prefeitura é a de converter os termos de ajustamento de conduta (TAC) em verba para a compra de rações.
Segundo o secretário de Meio Ambiente, até agora foram mais de R$ 300 mil resgatados de pagamentos da comunidade em multas por penalidades com poluição, desmatamento, entre outras irregularidades. Esse valor é que acaba auxiliando na sobrevivência da chácara.
– Não faltou comida e nem remédio. Tem alguns voluntários que nos ajudam com doações também, mas o que mais nos preocupa é que o TAC é algo provisório, apenas um quebra-galho. Temos ração até janeiro, mas até a licitação sair nos preocupa bastante – desabafa a veterinária Ana Caroline Rossi.
Ana atuava na Secretaria de Agricultura e, agora, é responsável pelo serviço da chácara, junto a uma equipe terceirizada de limpeza e dois cargos de confiança (CC) da prefeitura.
Entre as medidas que ela espera que sejam tomadas com urgência estão a contratação de mais gente, convênios com clínica hospitalar para poder atender aos animais machucados e regularidade na compra de ração e remédio.
– Estas medidas seriam apenas para começar. Precisamos pensar que mais da metade dos animais estão acorrentados. É algo que já herdamos ao assumir, mas que está longe de ser o ideal – defende.
Prefeitura diz que situação está melhor
Ainda que admita boa parte dos problemas, o secretário de Meio Ambiente Adivandro Rech diz que a situação do canil está muito melhor agora do que em setembro, quando a prefeitura assumiu a gestão. Ele diz que a verba via TAC é a solução para driblar os problemas e que não há carência de ração e remédio.
– O que fica para a próxima gestão é trabalhar a conscientização do abandono, tentar reduzir o número de animais do canil, o que onera muitos custos e tempo. Não nos arrependemos disto (da decisão de assumir o canil) – defende Adivandro.
A prefeitura assumiu o espaço após a diretoria da Soama pedir para deixar a administração. A justificativa foi de que os animais estavam sendo prejudicados por causa da disputa pelo comando do espaço. Desde maio, a Soama é alvo de denúncias de supostos maus-tratos.
– Sei dos problemas, mas não temos como definir prioridades. A partir da semana que vem vamos fazer um levantamento para definir por onde começar – destaca Patrícia Rasia, que assumirá a Semma em janeiro.
CONFIRMA A LISTA DE PROBLEMAS
– Não há câmeras, o que facilita o abandono de animais na frente da chácara.z Não há guarda municipal.
– O cercamento é insuficiente, sendo necessário muros em todo o perímetro.
– Não há telefone, computador e internet para registrar prontuários, organizar o local e se comunicar externamente.
– Não há vestiários.
– Não há banheiro separado por sexo para funcionários.
– Não há balança para pesar os animais em tratamento.
– Banheiro do ambulatório está em péssimas condições.
– Há apenas um médico veterinário.
– ONGS, comunidade, MP e Poder Judiciário entregam animais para serem alojados no canil, já operando em capacidade máxima.
– Não há manutenção em piso, portões, telhados e telas.
– Instalações elétricas em precárias condições.
– Não há canalização de esgoto adequada nos canis coletivos ou individuais.
– Não há convênio formalizado com instituições de ensino com o curso de medicina veterinária ou alguma clínica ou hospital para atendimentos especializados ou emergência.
* Parte dos itens do documento entregue pela veterinária Ana Caroline Rossi ao atual secretário de Meio Ambiente e ao futuro prefeito Daniel Guerra