O medo relacionado ao trânsito que cerca os moradores do bairro Jardim das Hortênsias, em Caxias do Sul, é compreensível quando se para alguns minutos para observar o intenso fluxo na RSC-453 (Rota do Sol). Com a chegada do verão e as festas de final de ano, o número de veículos que seguem em direção ao Litoral aumenta consideravelmente e, de carona, aumenta também a probabilidade de acidentes. O risco se dá, principalmente, no Km 148, no acesso à empresa Mundial, local que já foi cenário de atropelamentos e colisões que resultaram em mortes. Há anos, os moradores pedem a instalação de um dispositivo que traga mais segurança ao trânsito, como uma sinaleira ou um quebra-molas.
Além de principal rota dos serranos às praias, a rodovia serve para entrada e saída do bairro. Outra preocupação é que na proximidades há a Escola Municipal Bento Gonçalves da Silva. No período escolar, os moradores relatam que a atenção dos pais e da direção da escola é redobrada para garantir a segurança dos estudantes.
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– A direção do colégio está envolvida nessa luta. Também já foram feitos inúmeros abaixo-assinados, mas até agora não teve nenhuma solução. Achamos que deveriam ser colocado um quebra-mola para diminuir a velocidade dos carros – argumenta o morador Adelar Souza.
Em 2014, o trecho foi incluído em um estudo do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) que apontava 16 pontos perigosos na Rota do Sol. Desde lá, porém, nenhuma melhoria foi anunciada. Enquanto a burocracia não se resolve, os acidentes continuam ocorrendo. Entre 1º de janeiro de 2013 e 4 de março deste ano, o trecho acumulava 21 acidentes, com pelo menos 12 feridos.
Em julho do ano passado, José Luís Montanari, 74, morreu depois de o carro que conduzia se envolver em uma colisão ao cruzar a rodovia, no Km 148. A vítima mais recente do trecho foi o pedestre Ilvo Ribeiro Jardim, 56. O pedestre tentava atravessar a estrada no Km 149, quando foi atingido por uma Ranger que seguia no sentido Caxias-São Francisco de Paula, na noite de 10 de setembro. Além deste trecho, o estudo também apontava necessidade de atenção para outro ponto do Jardim das Hortênsias, na interseção da rodovia com as ruas Sétimo Menegotto e Líbera Boff.
A técnica em enfermagem Camila Bueno de Lima lembra que já cansou de auxiliar pessoas que se feriram em acidentes na rodovia:
– Inclusive, em 2014, meu pai foi entrar na Rota do Sol e uma camionete em alta velocidade atingiu o carro dele. Por sorte, ele não morreu, mas se machucou bastante – recorda.
COMUNIDADE
População: 1.820 habitantes*
Região: Leste.
Iluminação: boa, segundo avaliação de alguns moradores ouvidos pela reportagem. Porém, ainda de acordo com eles, há ruas como a Sirlei da Silva e Glabontz com lâmpadas queimadas.
Educação pública: estudantes do bairro são atendidos pela Escola Municipal Bento Gonçalves da Silva. Alunos do Ensino Médio recorrem a instituições da área central.
Transporte: moradores sugerem que os horários de ônibus sejam ampliados para dar mais conforto aos usuários do transporte coletivo.
Lazer: não há espaço de lazer no bairro. As crianças costumam brincar na rua, muitas vezes, se arriscando entre os carros.
Saúde: o bairro não conta com unidade básica de saúde. Moradores procuram atendimento no postinho do bairro São Ciro, por exemplo.
*Conforme censo de 2010 do IBGE.
Abaixo-assinado
Em outubro, em uma reunião com o prefeito Alceu Barbosa Velho, foi apresentado um documento solicitando a intervenção da administração municipal junto ao Daer para a resolução do problema na Rota do Sol. À época, as lideranças do bairro colheram 624 assinaturas de pessoas a favor da instalação de uma sinaleira ou quebra-molas no acesso ao bairro.