O número crescente de casos de caxumba em municípios da Serra gaúcha alerta para a necessidade de prevenção da doença, que costuma ser identificada pelo inchaço na região do pescoço e pode ser prevenida com as vacinas tríplice e tetra viral. Conforme dados das vigilâncias epidemiológicas, já são 46 casos em Caxias do Sul e 19 casos em Farroupilha, municípios com maior registro da doença na região desde o início do ano. Em Caxias, o número de doentes é quase cinco vezes maior em relação a 2015, quando 10 casos foram registrados em todo o ano.
Diante do surto, a Secretaria Municipal da Saúde pede à população que procure as unidades básicas de saúde (UBSs). As vacinas serão disponibilizadas nos 47 postos, das 8h às 16h. A meta é imunizar adolescentes e adultos que nunca receberam a dose contra caxumba, perfil dos pacientes que mais procuraram atendimento médico por conta da doença neste ano.A vacina é a forma mais eficaz de se precaver da doença. Com a mudança no calendário de imunização, em 2013, as crianças de um ano passaram a receber a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) e, três meses depois, a segunda dose tetra viral - que se difere da tríplice por proteger também contra a varicela.
Segundo a gerente da Vigilância Epidemiológica de Caxias do Sul, Juliana Argenta Calloni, é difícil estabelecer com precisão o fator que originou o surto. A causa mais provável é a falta de imunização em adolescentes e adultos. Além do inchaço no pescoço, um dos efeitos mais temidos é a possibilidade de a infecção atingir os testículos. De acordo com a ginecologista especialista em infertilidade Francieli Vigo, os casos de esterilidade decorrentes da caxumba não são comuns, mas podem ocorrer quando a infecção é bilateral, ou seja, atinge os dois testículos. Diagnósticos de infertilidade feminina são raros, conforme a especialista. Quem já foi infectado pela caxumba uma vez está imune à doença.
A fotógrafa Manuela Catrara Zatti, 38 anos, teve caxumba entre o fim do mês de maio e o início do mês de junho. Ela não havia feito a vacina. No início, a fotógrafa imaginou estar com um forte resfriado, devido aos sintomas como dor no corpo e febre. Dois dias depois, percebeu o inchaço no pescoço. O diagnóstico veio com a ajuda de uma tia que é médica. Para se recuperar e não transmitir o vírus a outras pessoas, Manuela ficou 10 dias afastada do trabalho, sem sair de casa.
– Era uma sensação de cansaço muito forte. Uma mal-estar tão grande que eu não tinha ânimo de sair do sofá – conta a fotógrafa.
A DOENÇA
Sintomas
Aumento das glândulas parótidas, que ocasiona o conhecido inchaço no pescoço. Mal-estar, febre e fraqueza também são comuns. De 13% a 40% dos homens, que adquirem a doença depois da puberdade, podem ter os testículos atingidos pela infecção, a chamada orquite. Nestes casos, os sintomas mais comuns são dor e inchaço na área. Em mulheres, em situações mais raras, a doença pode chegar aos ovários.
Transmissão
É transmitida pelo ar, através de gotículas da saliva, ou por contato direto com secreção salivar de pessoas infectadas. Período em que o doente pode transmitir a caxumbaVaria entre seis e sete dias antes dos primeiros sintomas e nove dias após o início da doença. O vírus pode ser encontrado na urina em até 14 dias depois da confirmação do diagnóstico.
Período de incubação
De 16 a 18 dias, em média.
Recomendação
Pessoas infectadas pela caxumba devem evitar frequentar à escola, trabalho ou locais com aglomerações por pelo menos nove dias após início da doença.
Vacinação
A vacina é oferecida gratuitamente nas unidades básicas de saúde (UBSs). Basta comparecer à UBS com o cartão de vacinação. Crianças de um ano recebem a dose tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) e, três meses depois, uma segunda dose que é tetra viral (contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela). Um esquema similar é aplicado para jovens até 19 anos. Adultos, entre 20 a 49 anos, que não foram imunizados anteriormente, recebem apenas uma dose da vacina. A partir dos 50 anos, a imunização não é recomendada, pois considera-se que a pessoa já teve contato com a doença.
Fonte: site Ministério da Saúde e ginecologista Francieli Vigo