Um ano depois de lançado o projeto Serra Imobilizada, poucas intervenções tiveram andamento em estradas e aeroporto da região. Uma das obras mais pedidas pela comunidade, uma rótula no Trevo da Telasul, chegou a ser prometida mas segue no papel. Buracos, pistas simples e má sinalização seguem no caminho dos motoristas.
Presidente da CIC de Caxias do Sul e um dos homens de frente na cobrança ao poder público, Nelson Sbabo lamenta:
– Não existe nada, nem uma providência que tenha sido tomada para melhorar um pouquinho a deficiência na nossa infraestrutura. A única coisa é o asfalto na Rota do Sol, que o Crema foi feito até Lajeado Grande.
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Entre empresários, segue o lamento pela perda de produtividade e os prejuízos causados pelas péssimas estradas. O presidente da CICS Serra, Edson Morello, destaca as melhorias feitas na BR-470, mas defende o andamento de outros projetos.
– Nossa luta como entidade empresarial não é uma luta politica, mas sim uma luta de incentivo ao crescimento da região e pela solução dos nossos problemas. Gestores começaram a entender que é necessário trazer novos investimentos e manter as empresas na região – aponta.
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Abaixo, confira as principais demandas abordadas em reportagens publicadas entre junho e dezembro do ano passado e quais as providências já tomadas pelo poder público.
PRINCIPAIS PONTOS:
ERS-122
Com diversos braços espalhados pela Serra Gaúcha, a ERS-122 segue no aguardo de providências profundas. Por enquanto, o trecho entre Antônio Prado e Campestre da Serra passa por melhorias do Contrato de Restauração e Manutenção de Rodovias, o Crema Serra. A primeira camada de asfalto foi refeita, etapa que, de acordo com o superintendente regional do Daer, Ernesto Luiz Eichler, é a mais demorada. O plano é concluir até o final do ano. Quando pronto, a promessa é que a qualidade seja a mesma do trecho restaurado da Rota do Sol, de Caxias a Lajeado Grande.
Um dos grandes gargalos da rodovia, a pista simples na descida entre Farroupilha e São Vendelino continua sem prazo para duplicação. A estrada é estadual e o governo do Rio Grande do Sul não têm condições de bancar a obra. Eliminar a Curva da Morte, em Farroupilha, também é sonho distante. A construção de uma viaduto, o que mudaria o traçado da curva em forma de ferradura, depende de uma eventual concessão da rodovia, que chegou a ser cogitada pelo governo do Estado mas também não tem prazo.
A ERS-122 também é caminho para quem segue de Caxias do Sul em direção a Farroupilha e Bento Gonçalves. No trecho de Caxias do Sul, a conservação da pista é precária.
– Dá muito prejuízo. Além de estar criando mato, é cada buraco que mais parece uma panela. Nós que estamos na rua estamos sempre sujeitos a acidentes – reclama o empresário da área de usinagem Ricardo Bonatto, 68 anos.
Trevo da Tramontina
Outro gargalo da ERS-122, o entroncamento da rodovia com a RSC-453, conhecido como Trevo da Tramontina, começou a ganhar melhorias graças à ação da iniciativa privada. Para acessar a ERS-122 e seguir em direção a Porto Alegre, motoristas precisam aguardar no leito da via e não há sinaleiras, o que ocasiona frequentes acidentes. O projeto é reformular o trevo, com a abertura de ruas laterais, trabalho que já começou. Também devem ser feitos ajustes em canteiros e instalados semáforos, fase que deve gerar desvios no trânsito. A obra, de R$ 3 milhões, é custeada pela Tramontina, que em troca receberá isenção fiscal a partir da conclusão. Por enquanto, os trabalhos estão concentrados no lado da pista onde fica a empresa, no sentido Farroupilha - Caxias do Sul.
BR-470
A BR-470 foi uma das que mais recebeu intervenções nos últimos meses: foram recapeados 54 quilômetros entre Salvador do Sul e Bento Gonçalves e está em andamento o trecho de Bento a Veranópolis.
Demandas como a pista simples e os perigosos trechos sinuosos, no entanto, dependem da conclusão de um estudo que vai indicar os pontos de ataque – a previsão é para outubro. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) contratou uma consultora para elaborar esse Estudo de Viabilidade Técnica, Ambiental e Econômica (EVTEA), que abrange de Carlos Barbosa a Nova Prata. A conclusão, no entanto, não significa início imediato: os passos seguintes serão a elaboração de anteprojetos. Só depois é que devem ser preparados os projetos finais e encaminhadas as licitações.
De acordo com o chefe da unidade local do DNIT em Vacaria, Adalberto Jurach, alguns relatórios já foram apresentados ao Departamento, mas o conteúdo deve ser divulgado apenas ao final. O EVTEA pode apontar, por exemplo, a necessidade de mudança de traçado ou duplicação entre Carlos Barbosa e Bento. A rodovia tem pontos com curvas perigosas e muitos trechos sem acostamento _ em caso de pane no veículo, o conserto precisa ser feito no leito da via.
Trevo da Telasul
Não há qualquer esperança de construção, a curto prazo, de uma rótula no entroncamento da RSC-453 com a BR-470, ponto conhecido como trevo da Telasul. A comunidade chegou a acreditar em desfecho breve: em dezembro do ano passado, o superintendente regional do DNIT no Estado, Hiratan Pinheiro da Silva, prometeu realizar a obra, mesmo contrariando o então ministro dos transportes, Antônio Carlos Rodrigues – para ele, nenhuma intervenção seria executada, a não ser viadutos, uma solução definitiva. Em 6 de abril deste ano, a prefeitura de Garibaldi entregou ao DNIT a licença ambiental, uma das últimas pendências. Ainda em abril, o DNIT recuou, alegando falta de recursos. A obra seria custeada por meio de um aditivo de R$ 6 milhões ao contrato de conservação da BR-470, não liberado pelo governo federal.
RSC-453
Os 18 quilômetros entre Farroupilha e Garibaldi (no trevo na Telasul) passaram apenas por poucos tapa-buracos. O restauro profundo depende de contratação de empresa, o que segue sem prazo para acontecer. De acordo com a secretaria de Transportes, o Daer aguarda o lançamento de licitação para contrato de conserva e sinalização.
Outro braço da RSC-453, onde ela é chamada de Rota do Sol, aguarda por intervenções entre Lajeado Grande e Tainhas – a outra ponta, de Caxias a Lajeado Grande, foi completamente reformada. Ainda não há prazo para as máquinas começaram a operar mas, de acordo com o Daer, o contrato com a empresa vencedora da licitação já está assinado. As obras devem iniciar assim que for concluída a revisão do projeto.
Aeroportos
As melhorias no Hugo Cantergiani andam aos poucos. Desde agosto do ano passado, uma nova empresa, a MVS, opera o controle do tráfego aéreo. Móveis, computadores e o altímetro foram trocados. Até agosto deste ano, toda a estação meteorológica será substituída – esse é o prazo limite estabelecido pela aeronáutica.
– Vai ser uma estação de última geração, exigida pela aeronáutica – projeta o administrador do aeroporto, Marcos Argüelles.
Ainda não há qualquer proteção para os passageiros se deslocarem da sala de embarque ao avião em dias de chuva, tampouco marquise em frente ao prédio, onde ônibus estacionam quando o terminal é fechado. O Estado busca empresas para fazer orçamentos da marquise, antes de abrir a licitação. Saguão e sala de embarque devem receber novas poltronas em até dois meses. O certame para compra de 250 unidades está aberto. Além disso, a obra de um estacionamento para carros e ônibus está parada. O Estado busca empresa para concluir e operar. A construção começou em 2012.
Como o Hugo Cantergiani não pode ser ampliado por falta de espaço físico, a região aguarda há anos por um novo terminal, em Vila Oliva. Ainda não há projeto, tampouco previsão de início. Em janeiro, a prefeitura conquistou a outorga do aeroporto, que concederia o direito de buscar recursos para tocar a gigantesca obra. A elaboração do projeto executivo segue a cargo do governo federal.
* André Fiedler (Rádio Gaúcha Serra) e Jean Prado (RBS TV) colaboraram nesta reportagem