Escolhas simultâneas às eleições que elegem administradores de cidades, Estados e país, realizadas em urnas eletrônicas, como o pleito municipal deste domingo (6), não são raras. Em Dois Lajeados, por exemplo, os 3.190 eleitores decidem, em plebiscito, pela construção ou não de um novo Centro Administrativo Municipal.
Em Caxias do Sul, é a nova diretoria de um Clube de Mães que foi escolhida, também neste domingo, só que de uma forma bem diferente dos sistemas tecnológicos usados nos pleitos organizados pela Justiça Eleitoral. Nos fundos do salão da Comunidade de Nossa Senhora da Saúde, onde 3.156 pessoas estão aptas a votar nas eleições municipais, 30 mulheres fizeram a própria eleição, usando cédula de papel e de forma secreta, para escolher quem irá comandar o Clube de Mães em 2025.
As reuniões, realizadas sempre no primeiro domingo do mês, são tratadas como um evento. Ainda no almoço, a família toda sabe que é dia de Clube de Mães, e a refeição não pode atrasar.
Afinal, é oportunidade de reverem amigas e vizinhas em um ambiente descontraído. Mas neste domingo, depois da descontração inicial, era preciso realizar a burocracia de eleger quem serão as novas representantes que terão pequenas escolhas a fazer a partir do ano que vem, como a do salgadinho que vão comer durante os encontros, ou qual destino definir para o passeio do ano.
Seria então a segunda escolha do dia. Depois de votar para prefeito e vereador, Beatriz Zanrosso só tinha uma queixa com a próxima eleição que participaria no mesmo dia, no Saúde.
— Eu tenho uma queixa: aqui não tem urna eletrônica — brinca.
Diferentemente de Canela, município da Serra com mais candidatos na disputa pelo cargo de governante da cidade, onde cinco brigam para ser prefeito, as integrantes do Clube de Mães de Nossa Senhora da Saúde não concorrem tanto assim entre si.
— Temos que pensar em quem indicar, porque algumas a idade não permite que assumam a responsabilidade, outras mais novas não estão vindo com tanta frequência, mas precisamos revezar — diz Lourdes Picolli, que entregou o cargo de presidente neste domingo.
As quatro mais votadas formam a diretoria — a mais votada ganha status de presidente, mas só pelo status, porque, segundo Lourdes, "ninguém quer ser vista assim":
— Ficamos todas juntas, não tem primeira, nem última. Nosso clube é assim, a gente gosta de se encontrar para dar risada, cantar e comer uma coisinha. É um clube de comunidade.
Antes da eleição no Saúde, teve rifa com sorteio de prêmios levados por elas mesmas, feito pra quebrar o gelo da burocracia anual e necessária. A soma dos R$ 10 pagos pelo talão com cinco números garante o caixa do grupo, destinado às reuniões e para o passeio anual.
Mas, pra tudo isto acontecer, é necessário que tenha ao menos quatro representantes à frente do grupo. E neste ano foram escolhidas Leonice Vezzaro, Neiva Piccoli, Lurdes Zanrosso e Geni Czerniak.