Em visita à Região das Hortênsias na sexta-feira (31), o governador Eduardo Leite afirmou que o Estado realizará um estudo para a possibilidade do Aeródromo de Canela receber aeronaves maiores. Com isso, a estrutura administrada pelo governo estadual receberia novos investimentos. Porém, uma empresa e municípios da região querem realizar um sonho antigo, que existe há mais de duas décadas: um aeroporto internacional. Em maio, a Cápsula, com apoio das prefeituras de Gramado, Canela e São Francisco de Paula, apresentou um novo projeto para construir o Aeroporto Internacional da Região das Hortênsias. O terminal e a pista são previstos para a região de Tubiana, em direção a São Francisco de Paula. Não é o mesmo local do aeródromo.
O custo estimado do projeto é entre R$ 600 milhões e R$ 720 milhões. O arquiteto Alan Furlan, da Cápsula, explica que o orçamento detalhado ainda depende dos estudos de impacto ambiental, que estão em desenvolvimento e precisam ser apresentados para a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Com eles, podem ser definidas áreas a serem desapropriadas para a construção da pista. A proposta é ter a pista entre 2,2 mil metros de comprimento e 3,2 mil metros de comprimento. Uma nova estrutura completa precisaria ser construída.
— O que será necessário ser construído é a pista de passageiros, toda infraestrutura de apoio e a pista de decolagem e pouso. O terminal de carga é opcional — esclarece Furlan.
O objetivo é que o investimento seja feito pelo setor privado a partir de uma concessão. Porém, ainda não existe um prazo para o projeto sair do papel e o grupo precisa vencer mais etapas burocráticas. Além do estudo ambiental, Canela precisa se reposicionar e renovar a outorga de exploração de um aeroporto junto ao Ministério de Portos e Aeroportos. Antes da apresentação do projeto, o município tinha se manifestado em não ter interesse na renovação - o que, conforme o projeto, será modificado.
Municípios defendem ganho no turismo
Após uma reunião realizada em Canela , no final de maio, os municípios da Região das Hortênsias acordaram assinar um protocolo de intenções e formar o Comitê do Aeroporto. As prefeituras defendem que existe demanda de turismo para o terminal funcionar e que seria mais um ganho para o setor, podendo atrair ainda mais o público internacional.
— Este projeto tem potencial para ampliar o fluxo turístico e impulsionar ainda mais a economia local — declarou o prefeito de Canela, Constantino Orsolin, na reunião.
Já o prefeito de Gramado, Nestor Tissot, afirma que o projeto da Região das Hortênsias não inviabiliza o do Aeroporto de Vila Oliva, em Caxias do Sul. O município diz querer as duas estruturas.
— Nós queremos o aeroporto de Canela e queremos o aeroporto de Vila Oliva também, pois um não inviabiliza o outro. Gramado apoia e está junto pelo Aeroporto das Hortênsias, já que este é um equipamento fundamental para nossa atividade turística — mencionou Tissot.
Durante a visita de Leite, inclusive, Orsolin pediu que a pauta sobre o Aeroporto Internacional da Região das Hortênsias volte a ser debatida.
Solução para região é Vila Oliva, diz Estado
Com as dificuldades enfrentadas pelo Aeroporto Internacional Salgado Filho, de Porto Alegre, a Secretaria de Logística e Transportes do Estado avalia como "um caminho natural" os novos projetos de aeroportos que surgem. Em nota à reportagem (leia a íntegra no final), a pasta observa ainda que o Aeroporto de Vila Oliva é considerado a solução aeroportuária para toda a Serra.
"É importante ressaltar também que o aeroporto regional da Serra deve ser o Aeroporto de Vila Oliva, em Caxias do Sul. Após anos de estudo, chegou-se à conclusão de que ele atenderá aos municípios do eixo Caxias do Sul - Bento Gonçalves - Garibaldi - Farroupilha e também do eixo Canela - Gramado - Nova Petrópolis. Esse aeroporto terá condições e porte de atender a região, os passageiros de turismo, negócios e carga, e é menos sensível aos fechamentos por questões meteorológicas. Na atualidade, essa é a solução aeroportuária para a região, dentro do plano aeroportuário do Estado e do Plano Aeroviário Nacional", diz trecho da nota.
Neste momento, o Aeroporto Regional da Serra Gaúcha, previsto para ser construído no interior de Caxias, cumpre etapas para poder publicar a licitação da operação.
No Brasil, a construção e fiscalização de aeroportos precisam obedecer etapas e regramentos estipulados pelo Governo Federal, por meio do Ministério dos Portos e Aeroportos, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo e da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac).
Nota do Estado
"O governo do Estado trabalha sempre em busca de encontrar alternativas viáveis do ponto de vista logístico para trazer as melhores e mais seguras alternativas de transporte no RS. É com essa premissa que o Programa de Desenvolvimento da Aviação Regional (PDAR/RS) vem sendo constantemente atualizado e estudado. Portanto, novos projetos de aeroportos na Serra e, em outras regiões do Estado, são vistos como um caminho natural, diante das dificuldades de deslocamento que o Rio Grande do Sul atravessa.
A Secretaria de Logística e Transportes observa, entretanto, que qualquer iniciativa nesse sentido passa pelo controle e fiscalização do Governo Federal, através do Ministério dos Portos e Aeroportos, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo e da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac). É importante ressaltar também que o aeroporto regional da Serra deve ser o Aeroporto de Vila Oliva, em Caxias do Sul. Após anos de estudo, chegou-se à conclusão de que ele atenderá aos municípios do eixo Caxias do Sul - Bento Gonçalves - Garibaldi - Farroupilha e também do eixo Canela - Gramado - Nova Petrópolis. Esse aeroporto terá condições e porte de atender a região, os passageiros de turismo, negócios e carga, e é menos sensível aos fechamentos por questões meteorológicas. Na atualidade, essa é a solução aeroportuária para a região, dentro do plano aeroportuário do Estado e do Plano Aeroviário Nacional", diz a nota.