Inaugurado no fim dos anos 1990 e palco de grandes eventos de Canela, o Centro de Feiras do município terá seu futuro debatido em audiência pública na noite desta quarta-feira (21). O complexo está inoperante há cerca de cinco anos. Um dos motivos é a falta do laudo de Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI) para funcionamento. Em outubro do ano passado, o prefeito Constantino Orsolin (MDB) enviou projeto de lei à Câmara de Vereadores que autoriza a venda do espaço, em regime de urgência para votação. Contudo, conforme consta no regimento interno do Legislativo de Canela, a proposição só pode ser apreciada depois da realização de uma audiência pública com a comunidade, o que não ocorreu em 2023. Com o retorno das sessões legislativas, o debate foi marcado para esta quarta-feira (21), a partir das 19h.
A avaliação encomendada pela prefeitura confirmou que a estrutura atual pode render cerca de R$ 28 milhões aos cofres públicos, com uma margem de 10% de oscilação. Ao todo, o centro possui uma área total de 10,5 mil metros quadrados (equivalente a um campo de futebol) e estacionamento com capacidade para cerca de 400 veículos. Entre as atividades que já foram recebidas desde a abertura estão a Chocofest, a Festa da Música, a Festa Colonial, o Encontro de Motos, a Feira do Livro, eventos esportivos e a Feira de Inverno. O espaço representou por muito tempo fomento à economia de Canela tanto para agricultores quanto para microempresários locais e da região. Durante a pandemia da covid-19, o complexo serviu como ponto de aplicação de vacinas.
Na última semana, o prefeito apresentou possível destinação dos valores com a enda do Centro de Feiras, caso o projeto seja aprovado. Receberiam investimentos o Ginásio Municipal de Esportes (Celulose), a Escola Especial Rodolfo Schlieper e o Centro Dia (Casa do Idoso). Além disso, há previsão da construção de um novo posto de saúde do bairro Leodoro de Azevedo e o repasse de uma parte do dinheiro ao setor cultural do município.
Procurados para explicar a intenção da venda, Constantino e o secretário-geral de Governo, Jonas Bohn, não atenderam nem retornaram ligações e mensagens da reportagem.
Empresários pedem mais tempo para discussão
A venda da estrutura tem gerado preocupações. A discussão pelo futuro do espaço, estrategicamente localizado e de grande potencial econômico, chegou até a Associação Comercial e Industrial de Canela (Acic). A entidade divulgou nesta terça-feira (20) posicionamento em que pede mais tempo para que a comunidade decida a melhor forma de negociação dos imóveis que constam na planta do Centro de Feiras. Empresário, ex-presidente da associação e atual membro da diretoria, o empresário Lucas Dias revelou o resultado de reunião da Acic realizada na noite da segunda.
— A solução proposta de venda parece simplista, ignorando o verdadeiro valor que o Centro de Feiras poderia agregar à economia e ao turismo locais. Nossas pesquisas (entre empresários locais) indicam uma forte oposição à venda, sinalizando a necessidade de um debate mais amplo e participativo sobre o futuro deste patrimônio — avalia Dias.
De acordo com o empresário, o que está em jogo é a manutenção de um ativo que pode ainda cumprir um papel de fomento à economia por muitos anos.
— É crucial que qualquer decisão seja precedida por transparência total e um diálogo aberto com a comunidade, considerando o impacto duradouro que tal medida teria sobre a identidade e o desenvolvimento econômico de Canela. Defendemos um processo decisório inclusivo que explore alternativas para revitalizar o Centro de Feiras, garantindo que ele sirva aos melhores interesses da comunidade e contribua positivamente para Canela — defende o empresário.
A audiência pública é aberta a toda comunidade. Depois do ato, o projeto encaminhado pela prefeitura à Câmara estará apto para ser votado pelos vereadores.