A paralisação dos servidores municipais que ocorre nesta quarta-feira (31) em Caxias do Sul foi aderida por 83 escolas da rede que contam com Ensino Fundamental. A paralisação se dá de forma total, com exceção da EMEF Professora Arlinda Lauer Manfro de São João da 4ª Légua, em Galópolis, que teve adesão parcial. As 48 escolas de Educação Infantil que funcionam à parte das escolas de Ensino Fundamental funcionam normalmente, segundo a Secretaria Municipal de Educação.
Faltando poucos minutos pras 7h30min, horário de início das aulas, duas estudantes, de 12 e 13 anos, chegaram a se deslocar até a escola Guerino Zugno, mas se depararam com os portões fechados e o aviso de paralisação. Ambas disseram não ter comparecido na escola no dia anterior e afirmaram não saber da greve.
Nas demais escolas verificadas pela reportagem nesta manhã, EMEF Catulo da Paixão Cearense, no Panazzolo; a Escola Giuseppe Garibaldi, no Cristo Redentor; e a EMEF São Vicente de Paulo, no Jardelino Ramos, não houve movimentação.
Um comunicado emitido pela prefeitura na segunda-feira (30) orientava os pais e responsáveis a buscar junto à escola a orientação sobre a realização ou não de aula nesta quarta. Segundo o poder público, profissionais da educação não precisarão justificar ausência mediante falta justificada ou banco de horas, como os demais servidores, mas o dia letivo deverá ser recuperado para atender aos 200 dias letivos e 800 horas-aula previstos. Caxias do Sul conta com 132 escolas na rede municipal que atendem a 45 mil crianças e adolescentes na cidade.
A mobilização dos servidores públicos municipais em Caxias do Sul não impactou o atendimento nos postos de saúde. As unidades básicas de saúde do Cruzeiro e São Vitor Cohab, por exemplo, abriram no horário normal, às 7h30min. Na fachada dos postinhos, cartazes avisavam da adesão a paralisação do funcionalismo. Como a determinação é manter 40% do quadro de servidores em atendimento, quem estava na fila pouco antes das 7h estava aflito.
— Vim até aqui ontem (terça) e não consegui ficha para consulta, então voltei nesta quarta porque garantiram que iam atender — ressaltou Maria Lúcia Igansi Kauffmann.
Ela era uma das mais de 40 pessoas que aguardavam na fila do posto de saúde do Cruzeiro. Moradora do bairro Petrópolis, foi a primeira a chegar:
— Já falaram que tem o atendimento, mas será mais lento — desabafa ela.
Na UBS São Vitor Cohab, cinco pessoas esperavam por atendimento pouco antes das 7h. Quatro delas sabiam da mobilização:
— Elas falaram que ia ter atendimento, mas que poderia ser mais lento do que nos outros dias — ressalta Zaira Gavin, 50, moradora do Loteamento Vitória que chegou por volta das 5h15min no postinho para retirar a ficha e marcar consulta.
A paralisação desta quarta ocorre depois que o Sindiserv encaminhou demandas à prefeitura, como um reajuste salarial de 15% e o retorno da trimestralidade. O governo respondeu via ofício que não consegue atender. Em assembleia realizada quatro dias depois de receber a resposta do Executivo, a categoria decidiu, por unanimidade, entrar em "estado de greve" e marcou "um dia de greve" para esta quarta.
No final da tarde desta segunda (29), a prefeitura emitiu extenso comunicado à população para informar sobre o funcionamento dos serviços públicos na quarta-feira. Ressaltou que a administração "segue aberta ao diálogo", embora considere "a paralisação um recurso extremo e exagerado". Também destaca que "a atual situação econômica do município não comporta conceder aumento real, tendo em vista a queda na receita, o aumento das despesas sociais e o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Por fim, encerra informando que a despesa com pessoal no município extrapola o chamado "limite prudencial", isto é, acima dos 51%, no balanço do primeiro quadrimestre deste ano.