Se os olhos falham, as mãos ficam ainda mais habilidosas e sensíveis à arte. É isso que a Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais (Apadev) de Caxias do Sul busca mostrar com a feira beneficente, realizada neste sábado (10). O evento, que ocorre na sede da instituição filantrópica - Rua Luiz Antunes, 899, bairro Panazzolo -, iniciou às 10h e segue até as 18h, com artesanatos produzidos por usuários. É possível encontrar peças a partir de R$ 10.
A feira é uma oportunidade múltipla, seja para arrecadar recursos para a Apadev ou para reunir usuários da instituição e a comunidade caxiense. Além da barraca com artesanatos dos frequentadores, há também um quiosque com venda de salsichão com pão e refrigerante por R$ 10 e diversos estandes de expositores parceiros, que sublocaram o local para comercializar seus produtos, repassando parte do valor à associação. São artesanatos, roupas, velas aromáticas e itens de crochê.
Quem aproveitou o evento para expor sua arte é o aposentado Santo Ecker, 72 anos, que tem baixa visão há seis anos. Ecker produz mandalas mesmo com perda total da visão no olho direto e de quase toda no olho esquerdo.
— Eu gosto porque é uma coisa que me distrai. Eu faço em casa também, mandalas, niqueleiras. Eu comecei (a fazer artesanato) aqui, porque foi algo que eu gostei, eu trabalho muito com o tato das mãos para deixar 'retinho', sou bem perfeccionista — conta o aposentado, que também faz chimia e biscoito caseiro para os colegas da Apadev, com a ajuda da esposa.
O vice-presidente da instituição, Milton Corlatti, afirma que, atualmente, 180 usuários frequentam a Associação e que, nos últimos anos, instituições filantrópicas vêm enfrentando dificuldades financeiras.
— A gente precisa da colaboração das pessoas para poder sobreviver. Essa feirinha é feita justamente pra nós podermos oportunizar para os nossos usuários e para as pessoas da comunidade que façam as suas vendas e, além disso, a gente faz um encontro de pessoas, entre os usuários e a comunidade caxiense — explica Corlatti.
A Apadev tem 36 anos de história e trabalha com pessoas de todas as faixas etárias, desde recém nascidos até idosos.
— É um trabalho de amor, nós somos voluntários e fazemos isso porque, cada vez mais, as pessoas precisam de uma palavra de amor, de carinho — finaliza o vice-presidente.