O grupo de moradores que tenta evitar a demolição da Casa Dal Bó, em Garibaldi, chegou em frente ao imóvel por volta das 7h. Eles se mobilizaram por temer que a demolição acontecesse no feriado. Uma equipe contratada para demolir a casa histórica chegou 7h40min. Pouco depois às 8h30min, a família Dal Bó afixou nos tapumes que cercam o prédio um alvará de licença para demolição. Os funcionários começaram a retirar as venezianas da estrutura.
Pouco antes das 9h, o promotor de Justiça Paulo Manjabosco esteve no local e pediu ao responsável pela demolição que aguardasse até o meio-dia. Ele pretende entrar com ação cautelar para reverter a demolição. O grupo que tenta preservar a casa segue mobilizado. Da frente do prédio, na Rua Dante Grossi, é possível ouvir o barulho de furadeiras.
— Não temos acesso ao interior e não podemos invadir. Então, não sabemos o que estão fazendo lá dentro, mas se ouvem ruídos e essa ação pode até comprometer a estrutura da obra — afirma a arquiteta Patrícia Pasini, especialista em restauro do patrimônio histórico.
Ela acrescenta que na sexta-feira começa o Garibaldi Vintage que comemora o Centro Histórico:
— É um absurdo o que estão fazendo com a história do município.
Conforme informações repassadas pelo engenheiro Lucas Guarnieri, a casa foi construída em 1895, antes mesmo da igreja. Foi a segunda casa de alvenaria da cidade. Construída depois do atual Museu Municipal, que sediava a Societa Italiana Stella D' Italia. Pertencia a Miguel Nejar que era cunhado de Júlio Merebe, que era uma pessoa pública conhecida em Garibaldi, na época em que foi construída.
Na década de 30, foi comprada por Vicente Dal Bó, avó dos atuais proprietários. Dal Bó era o intendente e, por isso, a casa funcionou também como superintendência, delegacia e cadeia, ao mesmo tempo, até 1939. Até a década de 80, quando foi reformado, tinha marca de balas feitas pelos Ximangos em 1923. Os tiros foram contra Dal Bó que era Maragato. Na frente da casa de um vizinho, havia um poço que serviu durante três dias de esconderijo para uma personalidade que era opositor ao governo de Borges de Medeiros. Esse relato é de Ivone Dal Bó e consta na ficha do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A casa também serviu de hospital e abrigou as irmãs da congregação de São José de Chambéry, logo que chegaram da França, no final do século 19. Atualmente, o prédio era habitado pelos herdeiros e no térreo funcionava um comércio da família. A reportagem tentou conversar com um dos donos da casa, que está no local, mas ele não quis se manifestar.