Menos de dois meses após criar uma campanha virtual, uma família do bairro Santa Corona, em Caxias do Sul, na Serra, alcançou o que buscava: um concentrador de oxigênio portátil. O aparelho é para o pequeno Arthur Coelho Rodrigues, cinco anos, que convive com as sequelas de uma bronquiolite aguda grave desde bebê. O garoto tem apenas 30% de funcionamento dos pulmões e precisa da ajuda de aparelhos de oxigênio 24 horas por dia para respirar. O equipamento portátil é um complemento ao que já utiliza, que é mantido ligado à luz e foi comprado com o dinheiro arrecadado em 2018 por meio de uma vaquinha online.
O desejo dos pais, a dona de casa Luren Maiara da Silva Coelho, 28 anos, e o açougueiro Luciano Andrieski Rodrigues, 32, de adquirir o novo aparelho foi contado pelo DG na edição de 26 de setembro. E, no início de outubro, se tornou realidade.
A família recebeu a proposta de um concentrador com cerca de 60 horas de uso pelo valor de R$ 15 mil, incluindo reparos técnicos. O aparelho novo estava na faixa de R$ 22 mil a R$ 25 mil.
— Só de vê-lo (Arthur) feliz e andando com a gente de carro, tudo que é lugar ele vai, é uma coisa muito boa. E foi muito rápido, achamos que ia demorar – destaca o pai.
Veio de longe
Por meio de uma vaquinha virtual e de depósitos bancários, a família conseguiu arrecadar em torno de R$ 17,1 mil. A campanha teve início em agosto de 2022 e foi divulgada principalmente nas redes sociais. Para Luren e Luciano, foi provavelmente por meio delas que o pedido de ajuda chegou até a pessoa que fez a proposta de venda.
O vendedor é do interior de Minas Gerais e preferiu que a família não o identificasse. O que souberam, conta Luciano, é que um parente do vendedor chegou a utilizar o aparelho, mas, pouco tempo depois, faleceu.
— Nosso objetivo mesmo era ter comprado uma (máquina) nova, mas, como surgiu a oportunidade, e ele estava disposto a vir até aqui trazer, nos mandar a máquina, tudo certinho, então deu certo o negócio — esclarece Luren.
Praticidade
A máquina foi enviada para revisão técnica, além de ser testada para as necessidades do Arthur. Até que, na primeira semana de outubro, o menino usou o aparelho portátil pela primeira vez para ir a uma consulta.
A possibilidade de deslocamento é um dos benefícios, ressaltam os pais. Em viagens de carro, a bateria pode ser carregada no cinzeiro e, sozinha, dura cerca de duas horas — uma facilidade para Luren e Luciano, que, antes, em caso de longas distâncias, precisavam do transporte de apoio da prefeitura.
Com o dinheiro que sobrou, mais o arrecadado com rifas que foram feitas em prol da campanha, o casal pretende comprar baterias extras. O valor estimado do item, conforme suas pesquisas, é de cerca de R$ 2,5 mil.
Nova experiência
O mau tempo impediu que Arthur pudesse fazer muitos passeios nas últimas semanas, mas uma prática já entrou em sua rotina: levar os irmãos à escola.
Ao mesmo tempo, Luren explica que a família planeja começar a se deslocar a Porto Alegre, a partir do próximo ano, para se informar com equipes médicas sobre transplante de pulmão, que é opção para melhora do garoto.
— É mais fácil nos locomovermos também com ele até lá, não precisamos ficar internados, nem nada, só consultas. Sem depender de ambulância também — diz ela.
Com o aparelho portátil, mais uma novidade apareceu no horizonte:
— Até então era descartada a hipótese de ele ir para escola. Agora, já acendeu uma luzinha lá no fim do túnel — afirma Luciano.
Por enquanto, de acordo com a família, a possibilidade está sendo estudada pela Secretaria de Educação do município.
Produção: Isadora Garcia