O primeiro dia depois da liberação do uso de máscara em locais fechados em Caxias do Sul foi cercado de dúvidas. A maioria das pessoas que circulavam pela área central na manhã dessa terça-feira (22) ainda usavam o item de proteção individual para ingressar nos espaços. Pelo decreto municipal, fica obrigatório o uso durante a manipulação e a distribuição de alimentos prontos para o consumo em restaurantes, bares e lancherias, em prestadores de serviços de saúde, nas casas asilares e no transporte coletivo. Pessoas com sintomas gripais e em tratamentos de saúde também devem usar o item.
A gestora Lilian Castanha da Silva, trabalha em uma farmácia na Avenida Júlio de Castilhos. Ela conta que alguns clientes ingressaram no local sem máscara por desconhecer que farmácias fazem parte das prestadoras de serviços de saúde:
— Me senti mais segura. Mesmo se nós pudéssemos trabalhar sem máscara, a equipe já havia dito que ia continuar usando. Como somos estabelecimento de saúde todos têm que usar. Orientamos os clientes e eles até se desculparam porque não sabiam que em farmácia é obrigatório o uso por quem vai comprar também.
Em um café na área central, a proprietária Zuca Lima, também usava o item, enquanto estava no caixa:
— Acabo saindo do caixa para servir os clientes, então é melhor ficar usando. Temos máscara para quem esquecer, porque eles precisam usar também para se servir no balcão — explica ela.
Um dos clientes, o arquiteto Bruno Bettiato, 35 anos, sabia que o uso é facultativo.
— Dentro dos restaurantes e lancheiras vou continuar usando, em locais fechados pelo menos por enquanto. Acredito que é até uma questão de higiene — disse ele.
Em um restaurante na Rua Os Dezoito do Forte, Adriano Salvi, ressaltou que os garçons, e quem está processando a comida e servido no bufê seguem usando a máscara:
— Para mim é complicado fazer a exigência de um cliente que está sem, mas é correto manter a máscara para se servir porque às vezes estão conversando e a forma de se comportar no bufê não é a mais adequada em relação a higiene.
Para o eletricista, Antônio Brissoto, 56, a liberação é positiva. Ele esperava para embarcar em um ônibus do transporte coletivo.
— Vou colocar porque no ônibus tem que usar, mas quando não precisar não vou colocar a máscara. Estamos seguros já — opinou.
Nas escolas
A reportagem esteve no Colégio São José. Lá professores e funcionários usavam máscara. A esteticista Rosângela Brandão Karnal, 60, é mãe de uma das alunas da escola. Para ela, em sala de aula e em ambientes fechados com circulação de pessoas, é ideal ainda usar a máscara
— Vou continuar usando em ambientes fechados onde circulem muitas pessoas. Na rua quando não tem muita gente fico sem, mas se passo por grupo de pessoas coloco a máscara. É uma questão de cuidado porque às vezes tu te cuida e o outro não. Em sala de aula, acredito que os alunos devem usar pelo menos até o final do ano.
Para o vice-diretor Jorge de Godoy há desencontro de informações em relação ao ambiente escolar.
— Ao invés de olhar a questão técnica, se olhou a questão política. O Ministério do Trabalho tem uma norma vigente que obriga os funcionários a usar, a Justiça determina que as crianças de seis a 11 anos fiquem de máscara e o decreto da prefeitura deixa facultativo. Isso cria confusão.
Godoy ressalta que mesmo que o número de internações e óbitos tenha caído, o vírus continua presente na cidade. Por isso, segue a orientação para que os alunos usem em sala de aula:
— Vamos respeitar a decisão das família, mas orientamos que, em ambientes fechados, sigam o uso por uma questão de preservação da saúde.
Nas salas de aulas, professores usavam e os alunos estavam divididos: Helena Ronchetti, 17, estava sem máscara e os colegas Gabriel Reis de Castro, 16 e Pedro Henrique Maier Bertoldi, 17, continuavam usando o item.
— Estamos num ponto que a carga viral é mais leve. Estou mais tranquila porque acredito que, se tem um decreto, foi feito um estudo antes de decidir pela liberação — ponderou Helena.
Gabriel tem renite, se sente mais confortável usando:
— Provavelmente vou usar o inverno todo porque fica desconfortável para mim (sem a máscara) pela questão da renite. Se tornou positivo usar.
Pedro Henrique disse que concorda com a colega Helena, mas seguia usando.
— Estou usando porque meus pais falaram para eu usar. Ainda existem riscos e pode aumentar os casos com a liberação, mas com avanço da vacinação acredito que serão menos casos.
As demais regras de distanciamento e de uso de álcool gel seguem em todos os estabelecimentos.
Tira-dúvidas*
Como fica a determinação em lancherias, padarias, restaurantes, bares e mercados?
Os clientes precisam usar máscara ao se servir nos bufês ou no balcão de estabelecimentos. Na cozinha, quem está cozinhando não precisa usar máscara, mas se sair do ambiente para colocar a comida nos bufês ou servir o cliente tem que estar de máscara. Os garçons têm que usar a proteção ao servir os clientes. Nas padarias, quem for servir o clientes tanto no balcão quanto levar o lanche até a mesa tem que estar de máscara. Nos mercados, os funcionários que fazem o manuseio dos alimentos no açougue e na padaria tem que usar máscara. Nos bares os garçons tem que usar ao servir os clientes.
Os estabelecimentos de alimentação têm que oferecer máscara para clientes que estiveram sem e forem utilizar os bufês ou se servir no balcão?
O decreto não aponta se os estabelecimentos têm que ter máscaras para fornecer aos clientes. O município diz que é uma questão que os estabelecimentos devem avaliar nesse momento. Nos estabelecimentos em que a reportagem esteve, os proprietários tinham máscaras para disponibilizar, mas orientam que eles sempre tenham o item de proteção junto já que será necessário usar para se servir.
Nos ônibus, todos têm que usar máscara?
Nos ônibus do transporte coletivo urbano os motoristas, operadores de sistema e passageiros têm que estar de máscara.
Como fica em locais destinados à prestação de serviço de saúde, públicos e privados?
Segue obrigatório o uso de máscara tanto para funcionários quanto para os clientes em laboratórios, plantões de planos de saúde, unidades de pronto-atendimento, unidades básicas de saúde, hospitais, consultórios médicos, odontológicos e farmácias.
Nas casas asilares todos têm que seguir usando?
Sim, tantos os funcionários, quanto os moradores de Instituições de Longa Permanência de Idosos precisam usar.
Em academias, está liberado ficar sem máscara?
Não é obrigatório usar a máscara, mas seguem os demais protocolos como a higienização de cada aparelho após o uso.
Em escolas, quem tem que usar?
Professores, profissionais do setor administrativo e funcionários não são obrigados a usar máscara. Para os alunos de seis a 11 anos segue obrigatório por conta de uma determinação judicial que ainda está vigente. Quanto aos demais alunos eles não são obrigados a usar.
*Fonte: prefeitura de Caxias do Sul