No início da manhã deste sábado (12), o cheiro de madeira queimada ainda estava no ar em meio ao cenário de destruição deixado pelo incêndio que consumiu quatro casas na Rua Olinda Blauth, no bairro Serrano, em Caxias do Sul na sexta (11). Os destroços nas duas moradias de dois andares, uma de alvenaria e madeira e outra de madeira, provocam tristeza e trazem recordações aos vizinhos que vivem na chamada Vila Sapo. Fios de energia elétrica ainda estão caídos no meio de roupas, eletrodomésticos e objetos que faziam parte do dia a dia das famílias. De acordo com os Bombeiros, ninguém se feriu no incêndio.
O auxiliar de produção Dejair Constante Ferreira, 48 anos, estava tomando banho por volta das 19h de sexta quando ouviu um estouro. Da janela do banheiro, viu as chamas que consumiam a casa em frente a dele. Ele conta que, ao ver o fogo, o pensamento era um só:
— Meu Deus, por favor, que não se repita o que aconteceu com as crianças.
Ferreira se refere à tragédia que marcou a Vila Sapo em 31 de agosto de 2012. Na época, o local no Serrano era formado por diversas casas de madeira, bem próximas, o que favoreceu que o fogo se alastrasse ainda mais rápido. Os irmãos Maiquel, 17, Mateus, 12, e Marieli de Oliveira, três, não conseguiram escapar das chamas.
— Foi muito triste porque veio a lembrança do outro incêndio, de quando as crianças morreram. Eu pedia a Deus que não acontecesse o pior. Foi Deus que evitou o pior porque as casas ainda são perto umas das outras.
Ainda durante a noite de sexta, Ferreira pegou os documentos e saiu de casa para ajudar os vizinhos com uma mangueira. Quebrou o contador da casa dele, que teve as telhas de PVC que protegiam o teto de uma garagem derretidas pela proximidade do fogo.
— É triste perder tudo, mas graças a Deus estão todos bem. Eu fiz tudo o que pude para ajudar. É uma tristeza muito grande ver o fogo consumindo tudo — lamenta.
O autônomo Fagner da Silva, 39, também tentou ajudar a conter as chamas que consumiam a casa do amigo. Ele conta que os vizinhos chegaram a levar mangueiras até o local, mas, como não tinha torneiras, tiveram que quebrar um registro. Silva também se emocionou a lembrar das crianças mortas em 2012.
— Enquanto ajudava, não tinha como não lembrar daquela tragédia. As crianças perderam a vida e muitas casas foram destruídas. É assustador. Dessa vez, o que os donos puderam salvar, deixaram no porão da vizinha. Agora vão precisar de ajuda — diz.
Quatro caminhões dos Bombeiros foram acionados para conter as chamas nesta sexta-feira. A equipe levou quase quatro horas para controlar o fogo.
— Sabemos que é longe, mas certamente demorou ainda mais pra eles chagarem porque desativaram o quartel da Zona Norte — acredita.
Ajuda para as famílias
- Quem quiser ajudar as famílias que tiveram as casas destruídas pode entrar em contato pelo telefone (54) 99126.1970, com Tainara, ou pelo (54) 99179.3014, com Tatiana.
- Doações também podem ser entregues no Centro Comunitário do Bairro Serrano, no Travessão Leopoldina.