"Paraíso é um paraíso e por isso merece esse nome. Sem aglomerações, uma praia pacata e tranquila, onde nos sentimos seguros com a família".
O relato é da caxiense Beatriz Guerra, 69 anos. Moradora do bairro São Pelegrino, desde o começo da pandemia ela tem ficado na praia. Considerada um dos redutos dos moradores da Serra e uma das queridinhas de quem vive em Caxias do Sul, Paraíso não parece sentir os reflexos da pandemia. A praia é frequentada por famílias e não há tumulto à beira-mar:
- Passamos quase todo o ano de 2020 aqui. Meu marido ia e voltava, mas a maior parte do tempo também ficou aqui. Eu uso máscara até para caminhar. Às vezes tiro mas, se me aproximo de alguém, coloco novamente. Na beira da praia, na areia, eu fico sem porque há espaço entre todos. É um paraíso aqui.
Na entrada da praia, há uma placa com um poema: "é preciso salgar os pés para adoçar a alma". A poesia e os momentos que acalmam a alma aliás, parecem fazer parte da rotina de quem escolheu veranear em Paraíso. Para Roneire Menegasso, 73, a pandemia trouxe momentos em que pôde se dedicar a uma paixão: plantar flores e verduras. De Caxias do Sul, ele passou oito meses sem sair da praia. Ao lado do amigo Camilo Rolf, 62, de Gramado, reformou o jardim. Na frente da casa dele está instalada a imagem de São Francisco de Assis, colocada por ele e pelo amigo.
- Fizemos jardim, plantamos horta, flores e reformamos a casa. Eu gosto muito disso, faz um bem para a alma e aproveitei esses momentos. Temos todos os cuidados. Evito o calçadão se há muita circulação de pessoas. Aqui é tranquilo, mas tomo esses cuidados. A praia é calma, pacata e é um paraíso mesmo em certos aspectos.
Sem aglomerações
Na beira da praia, Paraíso, nem parece estar tão próxima a Torres. Os guarda-sóis coloridos e as cadeiras estão bem afastados e não há uma multidão na areia. As pessoas se conhecem e basta uma caminhada rápida para encontrar moradores de Caxias ou da Serra. Em cinco minutos, a reportagem conversou com pessoas naturais de Paraí, Farroupilha e Bento Gonçalves até chegar a uma família de caxienses.
O grupo era formado por Mauricio Pretto, 31, Leonardo Pretto, oito, Rafaela Vial, 43, Gabriela Vial Dalathea, 48, Karina Vial Beccari, 42, e a aposentada Marli Toniolli, 70. Há 40 anos eles frequentam o Balneário. Em Caxias, os Vial vivem em Galópolis.
- Em Torres é complicado porque estão todos juntos e muito próximos. Em Paraíso são famílias e conhecidos. É uma praia calma e, quando os vizinhos se aproximam, conversam a distância. Há esse cuidado e respeito entre nós - ressalta Gabriela.
- Aqui não tem aglomerações ou tumultos. Nos sentimos seguros para ficar sem a máscara à beira-mar - diz Karina.
Os pais de Gabriela, Carlos Roberto Vial, 77, e Zilá Muner Vial, 73, estão em Paraíso desde o verão passado.
- Meus pais ficaram o ano aqui. Eles se sentem mais seguros.