Por volta das 10h35min desta quinta-feira (29), um abaixo-assinado pela criação de um monumento que homenageia o cachorro brutalmente assassinado no Parque dos Macaquinhos, em Caxias do Sul, batia a marca de 2 mil assinaturas. O documento virtual, disponível neste link, foi criado na terça-feira (20). Em dois dias, já somava mais de 400.
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A data de criação do abaixo-assinado não foi à toa: no dia 20, completaram-se exatos três meses do caso que chocou a comunidade. Uma foto do cão enforcado junto a uma árvore localizada na região do parque atrás da Câmara de Vereadores circulou nas redes e gerou repercussão. O registro foi feito por Mauro Rogério Santos da Silva, funcionário da Codeca que trabalhava no local por volta das 7h30min daquele dia. Ele foi acionado por uma senhora que caminhava no parque e, assustada, pediu ajuda para retirar o cão. O animal foi apelidado de Caramelinho por ativistas da causa e virou símbolo da luta por medidas mais severas de punição contra maus-tratos de animais.
O crime, que ainda não tem autoria identificada, é investigado pela 1ª Delegacia de Polícia. O delegado Vitor Carnaúba afirmou à reportagem que o caso depende de novas informações que possam esclarecer a autoria. A última delas foi enviada à delegacia em 23 de julho: um vídeo em que um possível suspeito do crime aparece em um carro Fiat. No entanto, segundo Carnaúba, não foi possível identificar a placa do veículo. Desde então, não houve a descoberta de outras provas significativas:
— Tivemos algumas especulações, mas nada que possa levar ao avanço da investigação. Estamos aguardando outras informações que cheguem. Nesse momento, não há nada que possa ser feito — diz o delegado.
O abaixo-assinado foi criado pelo voluntário Filipe Ponzi. Segundo o organizador, o projeto arquitetônico do monumento está sendo realizado por um artista plástico que já confirmou participação no processo. O orçamento também está em fase de construção. Filipe acredita que, para financiar a escultura, será necessário o apoio da comunidade. Por isso, junto a outras porta-vozes do movimento, reitera a campanha #MonumentoAoCaramelinho.
A ideia surgiu para homenagear a memória do cãozinho, mas, como Filipe explica, pode ser responsável por levantar outras questões importantes:
— Buscamos a difusão de informação sobre as principais necessidades dos animais que vivem nas ruas da cidade: denúncia de maus-tratos, resgate, castração e adoção responsável. Além disso, (o monumento pode) ressignificar o parque, sendo até um atrativo a mais para chamar visitantes. Ele deve ficar no ponto mais seguro do parque, ao lado do posto da Brigada Militar.
A criação do monumento depende da finalização do projeto arquitetônico. Uma vez concluído, será possível encaminhar ao gabinete da prefeitura o ofício para a realização da escultura.
— A intenção é que todos que assinarem adquiram uma responsabilidade. Esse monumento não é para uma ONG específica. É para todos que se identificam com a causa animal — finaliza Filipe.
Pena maior para maus-tratos
Ao final do mês passado, o presidente Jair Bolsonaro sancionou uma lei que institui pena de dois a cinco anos de reclusão para quem praticar abuso, maus-tratos ou violência contra cães e gatos. A legislação anterior previa uma pena de três meses a um ano de detenção para atos de violência contra animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. O novo texto, assinado em 29 de setembro, também estabelece multa e proibição da guarda para quem praticar crimes contra cães e gatos. A medida foi resultado de uma proposta do deputado Fred Costa (Patriota-MG). No Senado, foi relatada pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES) e aprovada em 9 de setembro.