Prestes a concluir os últimos ajustes do laboratório de testes da covid-19, a Universidade de Caxias do Sul (UCS) também enfrenta o dilema de não ter acesso à matéria-prima para elaborar os resultados, problema enfrentado por governos de todo o país. A expectativa é que o serviço entre em operação na próxima semana, mas tudo dependerá da remessa dos insumos encomendados para diferentes fornecedores. O setor pode trazer um grande benefício não somente para Caxias do Sul como para toda a região.
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Os exames serão realizados no Centro de Doenças Infecciosas do Instituto de Pesquisa em Saúde, que terá dedicação exclusiva ao diagnóstico do vírus. Em tese, já teria capacidade para produzir 50 ou mais laudos da covid-19 por dia. Numa conta simples, supondo que houvesse demanda diária, em um mês seria possível identificar a presença ou não do vírus em cerca de 1,5 mil pessoas, número que pode ser triplicado a partir de investimentos na melhoria da tecnologia e na compra de insumos. Como comparação, nos últimos 30 dias o município só conseguiu encaminhar cerca de 270 testes pelo Lacen. O problema é que esse fluxo na UCS só acontecerá se houver os kits de teste à disposição, conforme explica o médico André Felipe Streck.
Asdrubal Falavigna, diretor da Área de Ciências da Vida da UCS, revela que houve encomenda de matéria-prima suficiente para três meses de trabalho. A resposta é de que o material chegaria até o final desta semana. Agora, a possibilidade de entrega ficou para o início da próxima semana.
- Os kits de testes hoje são commodities caras não só pelo valor, mas porque estão escassos, o mundo inteiro quer e os laboratórios não conseguem fornecer. Quando estiver sobrando kits é porque não tem demanda - diz o professor.
No momento, a equipe integrada por Streck e também pelos professores pesquisadores Lessandra Michelin, Liliana Portal Webber e Sidnei Moura e Silva, entre outros profissionais, finaliza os testes do equipamento, também conhecido como termociclador de PCR, e a logística da operação. A princípio, será usada apenas uma máquina para o diagnóstico da doença para exames coletados entre o primeiro e o sétimo dia do início dos sintomas. O método será o RT-qPCR, sigla em inglês que significa reação em cadeia pela polimerase em tempo real - identificado pela secreção do paciente.
O Centro de Doenças Infecciosas vem utilizando amostras do coronavírus doadas pelo Lacen. A ideia é que essa etapa de implantação se encerre até sexta-feira, segundo Falavigna. Havendo necessidade de outros equipamentos, a UCS avaliará a aquisição. Conforme o professor, o resultado de cada amostra coletada levará até 48 horas para ser conhecido.
- Até quinta (16) ou sexta-feira (17), vamos concluir a rotina interna, serão sete, oito pessoas na equipe, entre professores, funcionários. O nosso horário de trabalho e a demanda dependerá da matéria-prima.
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