Desde que iniciou, o distanciamento social tem causado alterações na rotina da população. No entanto, não são só os humanos que têm sido impactados com isso. Os animais domésticos também têm sofrido com a pandemia.
Leia mais:
Saiba como manter a higiene de cães e gatos durante o isolamento social para conter o coronavírus
VÍDEO: Empresa caxiense desenvolve equipamento de desinfecção de pessoas e animais
Imunização encontrada em carteiras de vacinação animal não protege contra covid-19, diz especialista
No Canil Municipal de Caxias do Sul são 767 cães e gatos abrigados. Desde que o distanciamento iniciou, apenas oito foram adotados. Em relação ao mesmo período do ano passado, são 20 adoções a menos. Além disso, seis animais foram recolhidos pelo Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal por abandono. No mesmo período do ano passado, 40 tinham sido abrigados.
— A impossibilidade de desenvolver uma campanha de adoção em meio à pandemia, tendo em vista as restrições de circulação e de distanciamento social impostas, é o fator determinante para a queda no número de adoções — explica o coordenador do Departamento de Proteção e Bem-estar Animal, Paulo César Rodrigues dos Santos.
As adoções estavam suspensas em razão das medidas de prevenção ao contágio pelo coronavírus, e foram retomadas no último dia 16. No entanto, o coordenador defende que ainda não houve aumento na procura. Em relação a doações de rações e afins, o Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal informa que elas estão sendo destinadas para organizações não governamentais (ONGs) de Caxias do Sul, que também têm enfrentado dificuldades neste período.
— As doações de ração são pouquíssimas, às vezes a gente consegue receber 200 kgs por mês, mas usamos mais de uma tonelada mensalmente. Agora, estamos fazendo lives com pessoas conhecidas, para conseguirmos maior ajuda, ganharmos mais visibilidade e as pessoas nos conhecerem — conta Catia Giesch, responsável pela PAC.
O mesmo ocorre com outras entidades, como a Amor Vira-Lata. A diminuição nas contribuições refletiu no número de atendimentos realizados. Em março do ano passado, tinham sido 250. No mesmo período deste ano foram apenas 180.
— Algumas pessoas que tinham uma certa renda, e ajudavam, não têm mais. Então, doações de rações têm sido praticamente zero. E a situação dessas famílias com muitos cães ficou bem pior — explica Heloisa Nardino Gazzola, responsável pela Amor Vira-Lata.
Sabrina Pozza, da Patas e Patinhas, também diagnosticou aumento nos pedidos de ajuda em comparação com os outros meses. No comparativo, ela crê em cerca de 50% de alta. No entanto, as doações diminuíram consideravelmente.
— A economia deu uma quebrada geral, a gente não está recebendo nada de doações. Fazíamos muito pedágio solidário também, mas, com o distanciamento, paramos. E, nisso, estamos tirando dinheiro do bolso para pagar as contas, os tratamentos e tudo mais — explica.
A Soama também está sendo afetada com a pandemia e pedindo auxílio para ajudar os animais, especialmente com doações de ração e para manter o projeto de castrações.
— As pessoas que puderem, não deixem de ajudar as ONG's e a Soama. Temos também uma campanha de castração que não podemos parar, porque senão nascerão muitas ninhadas nos próximos meses — pede a coordenadora da Soama, Natasha Valenti.
Natasha também sugere que as famílias coloquem em frente a suas casas um pote de ração e água para animais de rua. Além de adicionar um pacote de ração às cestas básicas, quando forem doar:
— Quem está fazendo campanha de doações de cestas básicas, por que não colocar junto um pacote de ração? Muitas famílias têm animais e seria muito bem-vinda essa ração também.
Sem aumento nas adoções
A responsável pela Amor Vira-Lata ressalta que a procura por animais domésticos não aumentou neste período. No entanto, quando falamos de abandono, ela vê um pequeno crescimento. O que corrobora com a opinião de Sabrina:
— Eu acho que houve mais abandono nesta época, claro, nada comparado há férias. Mas entendo que isso ocorre porque muitas pessoas não estão conseguindo nem se alimentar, quanto mais alimentar os animais.
Por outro lado, Catia Giesch, responsável pela PAC, entende que não há um aumento de abandonos ou adoções, mesmo vendo grande procura por cães e gatos nas redes sociais.
— Hoje, devido a esse problema, essas pessoas pegam muito por impulso. Então, o que a gente teme é que as pessoas que estão adotando se arrependam e queiram devolver, porque depois não vão ter tempo, a parte financeira também pega. Tem que ter muito cuidado com as adoções — explica a responsável pela PAC.
Desde o início da pandemia cerca de oito animais da PAC foram adotados. No entanto, Catia explica que o distanciamento social não tenha sido o motivo para tal. Ela identifica que são pessoas que perderam seus animais, por doença ou idade, e estavam procurando outros. E, para adotar, há um processo que garanta a adoção responsável, assim como o que ocorre no Canil Municipal:
— A gente faz uma pré-entrevista por telefone, depois pegamos o endereço da pessoa, vamos até o local e verificamos se é pátio fechado, se a pessoa tem condições de ter um animal. E se tudo estiver ok, a gente faz a entrega do animal e acompanha depois a adoção.
A recomendação é clara também por parte do coordenador do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal:
— A adoção é para a vida toda, e não por um período predeterminado, o que traz responsabilidades que devem ser levadas em consideração pelo adotante.
Animais não são transmissores da covid-19
Profissionais de saúde animal defendem que cães e gatos são incapazes de desenvolver e transmitir o coronavírus para humanos. No entanto, ressaltam que eles podem carregar o vírus nos seus pelos, caso tenham contato com alguém infectado. Portanto, pessoas com covid-19 devem evitar contato direto com os animais e caso haja essa necessidade, devem utilizar luvas e máscaras. Além de lavar as mãos antes e depois para proteger os cães e gatos.
Saiba como ajudar:
:: Amor Vira-Lata
A entidade auxilia animais abandonados, mas não possui sede e, por isso, não os recolhe da rua. No entanto, encaminha para veterinário e lares de passagem, até que encontrem um lar. Além de distribuir ração para pessoas que acolhem muitos animais. Interessados em ajudar podem entrar em contato pelo (54) 9 9118.0829 ou pelo site. Quem quiser contribuir financeiramente, também pode fazer pela vakinha online.
:: Canil Municipal
A prefeitura tem uma campanha intitulada Adote por amor, que preza pela posse responsável. Os interessados em adotar devem ter um espaço adequado para o cão ou gato escolhido. O contato deve ser feito pelo (54) 3901-1445, no ramal 230. Assim, ocorrerá agendamento para conhecer o Canil Municipal e os animais. Neste período, o acesso está restrito ao máximo de duas pessoas da família, também há restrições de acesso a maiores de 60 anos e grupos de risco.
:: Patas e Patinhas
A entidade não se denomina como ONG, e sim como grupo de protetoras. O foco da Patas e Patinhas é auxiliar protetoras com muitos animais, ONGs, ou famílias. Em relação aos atendimentos, elas ajudam com tratamento de animais e rações, por exemplo. Para viabilizar recursos, há venda de rifas, sabonetes artesanais e, no próximo mês, de máscaras de proteção. O número da rifa custa R$ 2 e ao adquiri-lo, a pessoa concorre a dezenas de prêmios. Os sabonetes custam em torno de R$ 6. Para as máscaras, o grupo está buscando doações de tecidos. A estimativa é que elas custem R$ 5. Os interessados podem ajudar pela página no Facebook, ou pelo telefone no (54) 9 9155-8588.
:: Proteção Animal Caxias (PAC)
A PAC acolhe, atualmente, 200 cães retirados de maus tratos. A ONG também combate e fiscaliza este tipo de crueldade com os animais. Para se manter, precisa de uma 1,5 tonelada de ração mensalmente, além de medicamentos contínuos para cachorros idosos. Os interessados em ajudar podem fazer pelo site, doando R$ 5 mensais. Há também a opção de depósitos na conta 062510630-5 do Banrisul, para a Agência 180. Em nome de Associação Proteção Animal Caxias - PAC, de CNPJ 15.329.693/0001-38. Doações de rações, medicamentos e produtos de limpeza também são aceitas.
:: Associação Amigos dos Animais (Soama)
A entidade auxilia protetoras independentes doando rações e viabilizando castrações em cachorros e gatos. A Soama criou novos produtos para venda, entre eles, máscaras e pantufas. Os interessados podem visualizá-los no site. Os pontos de venda são: Loja Tudo em Grãos (Rua Augusto Pestana, esquina da Avenida Rio Branco; e Rua Os Dezoito do Forte, 920), Agropet Giordani (Rua Botafogo, 1205) e Personal Info (Zaffari Centro). Quem quiser ajudar com valores mensais e doações de rações pode entrar em contato pelo site, pelo Instagram, pela página no Facebook ou pelo e-mail soamasite@yahoo.com.br.