Os seis hospitais de Caxias do Sul têm priorizado a liberação de leitos para garantir o tratamento de pacientes do coronavírus. Na região ocorre o mesmo. A reportagem contatou os hospitais de fora de Caxias; saiba as medidas que estão sendo implementadas:
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Antônio Prado
O Hospital São José, de Antônio Prado, conta com 51 leitos de internação. Parte desses leitos está sendo preparada para um primeiro atendimento dos casos suspeitos ou confirmados.
- Por sermos um hospital que atende baixa e média complexidade, ficamos limitados aos recursos materiais e humanos a atender pacientes munícipes de Antônio Prado e Ipê - afirma o administrador da instituição, Diógenes Krohn Webber.
Ele pede a colaboração da comunidade para conseguir equipamentos.
- Nesse momento, temos dois respiradores prontos para uso, outros dois respiradores estão em manutenção, e quatro foram adquiridos. Estamos aguardando o prazo de entrega para complementar o plano de contingência da instituição para o primeiro atendimento desses pacientes mais graves.
Além disso, a Câmara de Indústria, Comércio, Serviços, Agropecuária e Turismo (CIC) e a Associação Industrial, Comercial, Serviços e Agricultura (Acisa) de Ipê lançaram uma campanha para captação de recursos para investimentos e custeio necessário para o Hospital São José ter condições financeiras para suportar uma parte dos gastos para enfrentamento da doença.
Bom Jesus
No hospital de Bom Jesus há 36 leitos, sendo que 20 estão destinados para atendimento de pacientes diagnosticados para casos de covid-19.
- Destinamos 13 leitos para receber pacientes infectados com o novo coronavírus, sendo que esses são leitos de isolamento. Os outros sete são para pacientes que saírem da UTI e que ainda precisam de cuidados. Temos apenas um respirador caso agrave o caso para prestar o atendimento e estabilizar o paciente até que ele seja transferido para Vacaria - explica a enfermeira Larissa Hoffmann Machado.
Bento Gonçalves
No Hospital Tacchini há 291 leitos hospitalares. Em função do coronavírus, a instituição começou há três semanas a instalação de estado de "prontidão".
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- Consiste em esvaziar o hospital, cancelando cirurgias eletivas, exames eletivos, procedimentos ambulatoriais, criando uma ociosidade para que os recursos estejam disponíveis para o enfrentamento da pandemia. No 1º de abril fechamos o dia com 142 leitos desocupados no Tacchini. Estes leitos vão ser ocupados com pacientes do Sistema Único de Saúde e pacientes de convênios - aponta Hilton Mancio, superintendente do Tacchini.
Ele explica ainda que o município de Bento Gonçalves está tornando operacionais, com apoio da iniciativa privada, 48 leitos para acolhimento de pacientes do SUS.
- Em caso de sobrecarga no Tacchini e nos leitos públicos criados, os pacientes do SUS terão retaguarda conforme orientação do estado e os de convênios, conforme as operadoras.
Ele ressalta ainda que a estratégia adotada fez com que o hospital "cortasse a própria carne".
- No mês de março a perda de receitas foi de R$ 3,2 milhões no Tacchini. Somos a estrutura hospitalar destes municípios, hospitais comunitários e, neste momento, de crise as necessidades da população estão priorizadas. As comunidades nos respondem com solidariedade através de doações de EPIs, materiais e recursos financeiros. Somos muito gratos às comunidades por esse reconhecimento - finaliza.
Bom Princípio
O hospital São Pedro Canísio conta com 22 leitos, sendo que dez estão reservados para doenças respiratórias. A administradora Adriana Schavade Seibel explica que a instituição intensificou a qualificação da equipe para os atendimentos:
- Separamos uma ala do hospital para atendimentos aos casos suspeitos de coronavírus e o atendimento na urgência e emergência também já ocorre com protocolos mais rígidos para evitar o contágio. Também preparamos equipamento e reforçamos os treinamentos para preparar nossa equipe.
O hospital não conta com UTI, mas para casos que precisem de auxílio respiratório pode atender sete pacientes:
- Temos sete respiradores para manter os pacientes com dificuldades para respirar, o que é bastante para a nossa realidade, mas estamos nos organizado para tentar ajudar a não lotar as UTIs.
Caso o quadro se agrave, o hospital não tem estrutura ou equipe especializada para o atendimento, e o paciente será encaminhado para Caxias do Sul ou Farroupilha.
Canela
No hospital de Canela são 54 leitos. Destes, 10 estão destinados para isolamento. A instituição também conta com uma estrutura exclusiva para atender pacientes com suspeita de infecção, o Diretor Administrativo, Rogério Novaes:
- Estamos reequipando o hospital e possuímos quatro respiradores. Também montamos uma tenda na parte externa do hospital com enfermeiro de triagem e médico, para atender aos pacientes com sintomas relacionados ao vírus. Nestes casos, ele então não entram no hospital e caso seja necessário isolamento para investigação estes já ficam em ala exclusiva para que não haja contaminação nas demais áreas.
Carlos Barbosa
O Hospital São Roque iniciou nesta semana a limpeza de uma ala da instituição para a acomodação de leitos para o recebimento de pacientes com doenças respiratórias. São 72 leitos, dos quais 38 estão vagos para pacientes com sintomas de covid-19, tanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quanto por convênios.
Farroupilha
O Hospital São Carlos tem 146 leitos. Destes, 20 leitos de isolamento clínico estão preparados para receber os pacientes. Já na UTI serão 20 leitos, sendo que dez estão em fase de implantação e contaram com a ajuda da comunidade para a ampliação.
- Temos uma UTI pronta, com dez leitos, moderna e preparada para receber os pacientes, porque já somos referência na região. Como temos capacidade de ampliação e arrecadamos recursos, estamos em fase de implantação para mais dez leitos para internação dos pacientes mais graves em uma nova UTI. Essa unidade irá contar com cama, respirador, monitor, bombas de fusão e equipamento de hemodiálise - explica a superintendente do Hospital São Carlos, Janete Toigo.
Ela complementa:
- Temos capacidade de ampliar mais nossos atendimentos tanto clínico quanto de UTI, mas isso será definido conforme os casos forem chegando, para podermos dar suporte a esses pacientes.
Feliz
No Hospital Schlatter há 51 leitos. O diretor técnico Antônio Rogério Cardozo ressalta que a instituição se prepara para atender os pacientes de Feliz, Vale Real e Alto Feliz:
- Temos ala de isolamento, com seis leitos e contamos com equipamentos necessários para atendimentos. Em caso de necessidade de demais equipamentos como respiradores eles serão regulados pelo Estado. Há um mapeamento dessa necessidade de cada cidade para suprir a demanda e prestar um bom atendimento.
Flores da Cunha
O Hospital Nossa Senhora de Fátima tem 53 leitos de internação, sendo que 20 estão ocupados no momento. Destes, 16 estão preparados para pacientes com covid-19. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura de Flores da Cunha, o hospital, que é referência para a cidade e também para o município de Nova Pádua, não tem capacidade para atender demais cidades da região. O hospital conta com três respiradores para casos mais graves da doença. Como não há UTI, os quadros mais severos são transferidos para Farroupilha que é a referência para a cidade.
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Garibaldi
No hospital São Pedro há, atualmente, nove leitos destinados para atender aos pacientes com sintomas do vírus. A instituição está implantando uma ala exclusiva para atendimento dos casos. A previsão é que o espaço fique pronto em 30 dias e tenha capacidade para atender 14 pacientes. Há nove respiradores na instituição que atende além de Garibaldi, Coronel Pilar e Boa Vista do Sul.
Gramado
O Hospital Arcanjo São Miguel de Gramado possui 101 leitos e mais leitos de triagem para pacientes de doenças respiratórias. A estrutura está voltada e organizada atualmente para atender aos casos de covid-19, mantendo o setor de Urgência e Emergência caso seja necessárias. O hospital também conta com leitos de UTI e estrutura para atender casos graves, mas somente aqueles que a Regulação Estadual indicar para atendimento, podendo ser de toda região, desde que encaminhado via Estado.
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Guaporé
O Hospital Manoel Francisco Guerreiro tem 84 leitos, sendo que atualmente 30 estão ocupados. A administração e a equipe médica têm focado em estratégias para evitar internações que não sejam de casos graves para evitar circulação de demais pacientes no hospital. A instituição é referência para Vista Alegre do Prata e União da Serra
- Temos leitos e área de isolamento. Hoje são dois leitos disponíveis, mas podemos ampliar para 11 se for necessário. Fisicamente temos espaço para ampliação, mas em termos técnicos e equipe não temos como atender aos demais municípios. Esse é um assunto que teria de ser avaliado com cuidado para que possamos continuar atendendo bem aos pacientes que tem o hospital como referência - ressalta a administradora Franciele Mezzomo.
O hospital conta com quatro respiradores, sendo que um tem de ficar disponível caso o paciente precise ser transferido.
- Temos possibilidade de duplicar os respiradores, mas ainda temos que colocar em teste. Vamos avaliando a situação conforme cada caso, porque ainda há muita incerteza sobre como será o avanço do vírus.
Nova Bassano
Há 53 leitos no hospital Nossa Senhora de Lourdes. A instituição está promovendo uma campanha de arrecadação de recursos para aquisição de respiradores.
Nova Prata
No hospital São João Batista há 71 leitos, sendo que 18 pacientes estão internados.
- Temos um paciente internado com suspeito covid-19 em isolamento, aguardando resultado do exame. Não está necessitando de ventilação mecânica no momento. As ações de preparo para enfrentar o vírus estão nos tomando boa parte da agenda. Estamos nos preparando porque somos referência para Nova Prata e mais 7 municípios.
Nova Petrópolis
O Hospital de Nova Petrópolis tem 39 leitos e atende, além do município, Picada Café e Linha Nova. O diretor administrativo, Mateus Zucolotto, afirma que a instituição tem se preparado para receber os pacientes:
- Temos três leitos de estabilização para pacientes que precisem porque não contamos com UTI. Estamos tentando nos preparar para funcionar como retargua na região, mas no momento só conseguimos atender às cidades para as quais somos referência.
Paraí
No Nossa Senhora Aparecida há 40 leitos, sendo que oito estão ocupados por pacientes com demais doenças.
O analista administrativo André Luiz de Santi explica que foi feito um levantamento junto à equipe clínica do hospital em parceria com o município para avaliar a situação:
- Para ceder o hospital para pacientes da região teríamos de fechar obstetrícia, ginecologia, saúde clínica e mental e pediatria. A instituição não tem recursos físicos nem humanos para prestar o atendimento necessário, principalmente em casos graves.
Ele completa:
- Os pacientes que precisarem de atendimento sem gravidade conseguimos atender, mas não temos como receber e colocar em ventilação mecânica, porque temos só três ventiladores e não temos UTI ou equipe para manter os cuidados que precisam.
São Marcos
No São João Bosco, são 75 leitos, sendo que 15 estão ocupados. O diretor Rogério Vitor Zoldatelli aponta que o hospital é de pequeno porte e em caso de internação não teriam como atender demais municípios.
- Não temos UTI, apenas CTI, com quatro respiradores, então podemos atender a quatro pacientes em casos mais graves. Temos leitos destinados aos pacientes com suspeita de coronavírus, mas precisamos de recursos e de maior cobertura do poder público. As despesas continuam e vemos pouca vontade do poder publico em auxiliar os hospitais para que possamos ampliar a capacidade de atendimento.
Vacaria
O Hospital Nossa Senhora da Oliveira dispõe de 157 leitos, sendo 10 de UTI adulto. A ocupação do hospital reduziu nos últimos dias e a instituição está com 60 dos leitos ocupados.
- Para enfrentar o coronavírus, isolamos e preparamos uma ala com 20 leitos. Também contamos com uma área para ser instalada uma UTI com capacidade de oito leitos, mas dependemos dos equipamentos do Ministério da Saúde - destaca o diretor administrativo, João Antônio Caetano.
Veranópolis
No São Peregrino Lazziozi há 63 leitos. Destes, 19 estão ocupados. O administrador Rogério Franklin da Silva afirma que a instituição tem se preparado para receber os pacientes, mas não tem condições estruturais e equipe para casos graves.
- Estamos com 15 leitos preparados para tratamento clínico e cinco de emergência que estão à disposição para casos de covid-19. Não temos UTI, mas contamos com suporte transitório para oito pessoas que pode ser usado até o leito ser definido via Central de Leitos. Tínhamos três e conseguimos ampliar os suportes para atender os casos mais graves somente até a transferência. Podemos prestar o primeiro atendimento, entubar caso necessário e encaminhar para outro hospital porque não temos equipamentos e médicos intensivistas.
Ele frisa que é preciso repasse de recursos aos hospitais:
- Estamos à disposição para ajudar e tentar fazer o melhor possível dentro das nossas limitações, mas precisamos de recursos dos governos, porque há custos operacionais e a receita diminuiu, e não veio ajuda alguma do poder público para os hospitais.