Servidores do Instituto Geral de Perícias da Região da Serra paralisaram as atividades nesta segunda-feira (13) e diversos serviços estão suspensos. O ato é contra o pacote de medidas apresentadas pelo Governador Eduardo Leite (PSDB), que traz mudanças nas carreiras e na previdência dos servidores públicos estaduais.
Durante a paralisação, será mantido 30% do efetivo, mas não serão realizados atendimentos de corpo de delito, nem exames cautelares em presos, somente necropsias e atendimentos a casos de violência sexual e domésticas. As ocorrências de morte serão atendidas pelas equipes de plantão apenas com a presença de policiais civis.
Outro serviço suspenso é a confecção das carteiras de identidade. O posto de identificação que fica na Avenida Júlio de Castilhos, no bairro São Pelegrino, em Caxias do Sul, não irá confeccionar carteiras de identidade durante esta segunda. No início desta manhã, dezenas de pessoas que aguardavam na fila, que seguia até a Rua Coronel Flores, ficaram sem atendimento. O serviço será retomado nesta terça-feira (14).
Os servidores conversaram com quem aguardava para explicar o motivo da paralisação. Alguns entenderam, mas a maioria ficou indignada. Morador do bairro Santa Fé, Arino Ferreira Cabral, 67 anos, chegou por volta das 4h. Ele estava com uma cadeira de praia e optou por chegar cedo para garantir acesso a uma das 80 fichas entregues por dia para confeccionar o documento.
— Vim na sexta-feira e não consegui uma das fichas. Então decidi chegar cedo para, já que a minha carteira já venceu e preciso de uma nova. Não acredito que, mais uma vez, vou sair sem conseguir encaminhar a segunda via— reclamou.
Marilene Machado, 49, saiu cedo do bairro Fátima para conseguir uma ficha no posto de identificação. Ela também esteve no local na última sexta e como não conseguiu retornou:
— Mais um dia perdido aqui.
Morador do Panazzolo, Gabriel Macedo da Silva, 20, perdeu o documento e chegou na fila pouco antes das 7h. Ele não apoia a paralisação, mas ao mesmo tempo entende a atitude da categoria:
— O motivo da greve é esse mesmo: atingir a população e fazer com que sinta na pele os reflexos da política. Não apoio, mas entendo e a culpa é do Governo do Estado.
O que diz o Sindiperícias
A presidente do Sindicato dos Servidores do Instituto-Geral de Perícias (Sindiperícias), Carla Jung, afirma que a categoria está há cinco anos com os salários parcelados, atrasados e sem reposição da inflação:
— Estamos no limite. A categoria recebe salários atrasados e parcelados e, para se manter, contrata empréstimos que não consegue pagar. Muitos servidores não conseguiram pegar a parcela do 13º salário. A situação é grave.
Ela ressalta que o objetivo não é provocar prejuízos à população, mas sim alertar sobre a situação dos servidores.
— Durante o mês realizamos operação padrão com algumas paralisações na região, mas nesta segunda-feira vamos parar as atividades para protestar contra o pacote do governo. Esse projeto deixa o subsídio dos servidores muito abaixo em relação aos demais dentro do setor da segurança pública.
Carla ressalta ainda que os servidores enfrentam falta de efetivo, o que faz com que as equipes se desdobrarem para atender os casos. Além disso, falta estrutura para trabalhar, segundo a presidente do Sindiperícias. Os funcionários também cobram manutenção dos equipamentos, que, de acordo com o sindicato, estão sucateados.