A Justiça determinou por meio de despacho que a prefeitura de Caxias do Sul tem prazo de 10 dias para restaurar as características originais das bancas de jornais e revistas da cidade. Caso isso não ocorra, haverá multa diária de R$ 1 mil e que pode chegar a até R$ 15 mil, além de o Ministério Público ser acionado para as devidas providências legais. A decisão é do juiz João Pedro Cavalli Junior e foi publicada na última quinta-feira.
Leia mais:
Bancas de revistas na Praça Dante e no antigo Postão, em Caxias do Sul, agora vendem salame e produtos coloniais
Praça Dante Alighieri, em Caxias, ganhará carregadores de celular e bancas de jornais serão retiradas
"Aqui jaz uma banca" declara funcionária de estabelecimento desocupado em Caxias do Sul
Proprietários recorrem de decisão judicial que permitiu fechamento de bancas em Caxias
Banca de revista da praça Dante em Caxias é demolida pela prefeitura
"Violado o disposto no art 77, inciso IV, configurado está o ato atentatório à dignidade da Justiça, motivo pelo qual aplico ao impetrado a multa de 20% sobre o valor atualizado da causa, considerando a gravidade da conduta", diz o despacho.
A ação foi solicitada à Justiça pela assessoria jurídica da Câmara de Vereadores que informou, por meio de documentos e fotografias, que as bancas estavam sendo descaracterizadas e ocupadas. No entendimento da Câmara, a prefeitura descumpriu a liminar da Justiça que impedia esse tipo de movimentação.
"O descumprimento reiterado da ordem, além das cominações determinadas também configurará desobediência, o que será comunicado ao Ministério Público para as providências pertinentes".
Na sexta-feira, dia 6, o prefeito Daniel Guerra (Republicanos) mandou abrir uma banca na praça Dante Alighieri para que fossem comercializados queijos, salames e sucos, entre outros produtos agrícolas. Um dia antes, o município havia determinado, por decreto, que as bancas das praças Dante e João Pessoa, além das localizadas nas ruas Marechal Floriano, ao lado da UPA Central, e Alfredo Chaves, próximo à prefeitura, também seriam pontos de comercialização de produtos coloniais.
A decisão da prefeitura contraria o projeto que torna as bancas de jornais e revistas Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial de Caxias do Sul, aprovado pelo Legislativo na sessão do dia 3 de dezembro.
— A Justiça repara um grave dano causado por esse projeto de gestor que mandou colocar salames e queijos nos locais que pertencem aos donos das bancas. As bancas são históricas e representam a memória da cidade — destaca o vereador Rafael Bueno (PDT).
O também vereador Edio Elói Frizzo (PSB) acrescenta:
— A determinação restaura a história da cidade. Lamento, ainda, a postura de quem ajudou a colocar esses produtos das agroindústrias nas bancas, achando que estaria beneficiando o pessoal das agroindústrias. Nada contra os produtores, mas aqueles não são os locais adequados para esse fim — disse Frizzo.
Para o vereador Paulo Périco (MDB), essa decisão demonstra que o cidadão, aos poucos, vai reconquistando mais espaço que foi violado por essa administração.
Por email, a prefeitura informou o município não foi intimado da decisão.
Leia também:
Jovem tem rosto queimado com líquido ácido em Caxias
"Dei dois passos, aquilo queimou e eu saí correndo", conta mulher que teve rosto ferido em ataque com ácido em Porto Alegre Justiça nega soltura de homem acusado de ataques com ácido em Porto Alegre