Pilhas de lixo ocupam a mata e os barrancos que ficam na encosta próxima a represa Maestra, no bairro Portal da Maestra, em Caxias do Sul. Em uma rápida caminhada pela Rua Olímpio Susin, uma estradinha vicinal, é possível encontrar sacolas de lixo orgânico, pneus, roupas, restos de móveis, pedaços de vasos sanitários, restos de comida e até mesmo animais mortos. As queimadas também não são raras e deixam um cheiro forte no ar, além de provocar riscos de incêndios maiores na mata. Na manhã desta quinta-feira (15), havia indícios de queima de lixo em pelo menos um, do cinco pontos de descarte.
Um destes pontos fica bem perto da barragem, no asfalto da Rua Olímpio Susin. Ao subir o morro, pela mesma rua, mas na parte sem calçamento, a bela paisagem da represa, vista do alto, fica perdida em meio ao acúmulo de lixo. Mesmo que não seja possível identificar objetos boiando na barragem, fica evidente que os resíduos têm contato com a água.
A dona de casa Neli de Oliveira mora próximo ao lixão. Ela reclama da atitude da população que descarta o lixo próximo à represa.
— Não sabemos quem faz isso, mas já vimos carros parando ali para jogar lixo no barranco. Acredito que são pessoas de outros bairros da cidade que vem até aqui para despejar sacolas de lixo. É uma vergonha o que fazem, e uma falta de consideração com o meio ambiente e com quem mora aqui — reclama ela.
Um dos moradores que tem a identidade preservada pelo Pioneiro acredita que o acúmulo de lixo aumentou depois que moradores dos bairros próximos começaram a trabalhar com reciclagem.
— Tem umas cinco reciclagens na região e acredito que os materiais que eles não usam, acabam descartando próximo a represa. Tem muita sujeira e bichos circulando ali. Aparece cada ratão e tem muito inseto também. Não adianta nada o município limpar, recolher o lixo e não fiscalizar, porque eles limpam num dia e no outro já tem lixo acumulado ali e é jogado pelos moradores daqui — conta ele.
Problema antigo
A situação é antiga. Em janeiro deste ano, a reportagem esteve no mesmo ponto para verificar o descarte de lixo próximo a Maestra. Na ocasião, a Codeca informou que seria realizada uma limpeza na encosta. A limpeza foi feita em 10 de fevereiro, sem máquinas e sem intervenção no riacho e na vegetação. O problema, no entanto, continua incomodando os moradores, que cobram ações de fiscalização na região para identificar os responsáveis pelo descarte de lixo.
O que diz o município
A reportagem contatou o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), a Secretária Municipal do Meio Ambiente (Semma) e a Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codec) para solicitar informações sobre o descarte de lixo.
A assessoria de imprensa do Samae, infomou que um profissional da equipe técnica acompanha o caso, na retirada e na limpeza dos resíduos do local. Quanto à influência na qualidade da água, independentemente dos resíduos descartados, ocorre o monitoramento permanente tanto da água bruta quanto da água tratada, o que garante a sua potabilidade. Mesmo assim, a orientação é que ninguém descarte resíduos em locais próximos das bacias de captação de água, como forma de preservação dos mananciais. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 115 ou pelo Alô Caxia
Já a Secretaria do Meio Ambiente afirmou que a fiscalização já tomou as medidas administrativas cabíveis para apurar a autoria das irregularidades. Também informou que a Codec foi acionada para retirar todo o lixo do local.
A Codeca, por sua vez, ressaltou que foi realizada uma limpeza manual na parte de baixo do barranco, para onde o lixo é carregado, ainda na tarde da quinta-feira (15). Ainda de acordo com a companhia, neste caso específico, por ser área de bacia de captação, junto a um riacho e envolver a fiscalização da Semma, a Codec precisa de aval do órgão ambiental pra interferir no local.
Denúncias
As denúncias de descarte irregular de lixo podem ser feitas pelos telefones da Codec, no 3224-8000, com a Patrulha Ambiental (Patram), no 3217-1187. por meio do Alô, Caxias, no 156 ou no Samae, no 115.
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