Após um início de ano letivo conturbado em relação à disponibilidade de professores no quadro das escolas da rede estadual de ensino, o segundo semestre ainda registra falta de profissionais na retomada das aulas que ocorreu ontem em Caxias do Sul. Desde fevereiro, escolas de toda a região registraram falta de professores em diferentes disciplinas, supridas gradativamente, principalmente por meio do remanejo de profissionais que atuavam em bibliotecas e outros setores escolares. A ação promovida pelo Estado por meio da 4ª Coordenadoria Regional de Educação preencheu praticamente todas as lacunas, porém, em pelo menos 11 escolas de Caxias do Sul, a volta das férias ainda se deu com falta de efetivo em algumas disciplinas.
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Das 56 escolas caxienses abrangidas pelo órgão - que atendem um total de 30 mil estudantes -, 33 foram verificadas ontem pela reportagem. Em nove delas foram relatadas situações de falta de professores, registradas há menos de 20 dias, ou com previsão de reposição para esta semana.
Na Escola Estadual de Ensino Médio Alexandre Zattera, que atende estudantes no Desvio Rizzo, a direção relatou que a falta de efetivo é recorrente desde 2013, porém foi mais difícil de ser complementada neste ano. Nesta segunda-feira, o educandário registava uma lacuna de 15 horas/aula para a disciplina de Matemática, 20 h/a de Educação Física e 5h/a de Língua Portuguesa, todas há menos de duas semanas e com previsão de serem supridas em breve. No caso da disciplina de Matemática, 10h/a serão preenchidas, deixando em aberto ainda 5h/a sem previsão de reposição.
Assim como a maioria das escolas verificadas, a escola do Desvio Rizzo encontra-se com a biblioteca fechada por conta do remanejo de professores promovido pelo Estado para suprir a falta de profissionais em sala de aula.
Conforme a titular da 4ª CRE, Janice Moraes, procurada ainda antes do levantamento, existe uma mudança constante no quadro de professores. Os motivos envolvem afastamentos em função de licença saúde e aposentadorias. Além disso, segundo ela, ocorreram diversas nomeações de concursados em municípios, o que é mais atrativo para os profissionais já que parte das contratações é temporária para atuação no Estado.
Lacunas já foram maiores
As aulas em 2019 começaram com pelo menos 39 escolas da cidade atingidas pela falta de professores em sala de aula. O número representa dois terços das 51 escolas verificadas naquele mês pela reportagem. O início do ano letivo foi desfalcado para aproximadamente 150 turmas, em um total estimado de 3 mil estudantes que perdiam 1.515 h/a por semana.
No início de junho, o cenário começou a melhorar a partir do remanejo e da contratação de profissionais. De acordo com dados fornecidos pela 4ª CRE, no final de maio 22 escolas caxienses apresentavam falta de professores, totalizando 512 h/a.
De acordo com o órgão, as escolas que tiveram falta de professores no primeiro semestre tiveram sábados liberados para recuperação.
Na Escola Estadual Rachel Cagliari Grazziotin, o sentimento é de alívio. Depois de passar quase o semestre passado inteiro com falta de professores em seis disciplinas, a volta do recesso ocorre com o quadro completo.
Até junho, alunos da instituição no bairro Fátima ficaram sem aulas de ciências, matemática, literatura, artes, inglês e química. A demora fez a rotina dos estudantes mudarem. Enquanto as disciplinas que tinham professores foram reforçadas nos primeiros meses do ano, as seis matérias sem titulares terão mais aulas no segundo semestre.
— Não tivemos recesso, tivemos aula. Provavelmente, vamos ter sábados letivos— explica a coordenadora pedagógica Paula Cagliari.
Na escola José Gêneros, as aulas de educação física ainda não começaram para seis turmas dos 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Eles tiveram aulas desta disciplina apenas um mês, entre final de maio e final de junho, quando o professor desistiu da escola.
—Esses alunos, como não tem nenhum especialista, deixamos na quadra de esportes. A gente não está liberando. A gente vai lá, dá uma olhadinha, mas não é o ideal— comenta a vice-diretora Aline Sonego.
Para a maioria das escolas, aquelas que aderiram ao calendário letivo padrão, a previsão é término de aulas em 23 de dezembro.