Com traje de gala azul e perfume, ao som de tangos e valsas da banda Chardonnay, conforme desejou em vida, a Rainha da Noite Adilce Luchtemberg, 79 anos, foi velada na manhã desta quarta-feira (19), em Caxias do Sul.
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Mais de 100 pessoas acompanharam a cerimônia, que iniciou às 9h na sala A da Capela Memorial São José. As homenagens seguem ao longo do sepultamento, marcado para as 10h, no cemitério de São Luiz da 6ª Légua, no interior do município.
— É uma emoção muito grande. Apesar da tristeza, é uma honra poder fazer essa homenagem a ela — afirmou Rodrigo Silveira, vocalista da banda da casa noturna fundada por Adilce em 1985.
Acompanhado pelos colegas Magnos Gasparini, Francs Popsin, Silveira e a vocalista Mari Mussoi, a banda iniciou a cerimônia com as canções La Cumparsita, do compositor Gerardo Matos Rodríguez; Beijinho Doce, de João Alves dos Santos; Garganta Con Arena, gravada pela cantora argentina Soledad Pastorutti, interpretada por Mari; além da valsa vienense Danúbio Azul, de Johann Strauss II, que emocionou amigos e familiares de Adilce.
A apresentação de tango, que também estava prevista para a homenagem, acabou sendo suspensa pela família por conta do espaço.
— A dança e a música eram muito presentes na vida dela, não perdia um domingo na casa e sempre que tocava valsa ela dançava — relata Silveira.
Adilce morreu na noite de segunda-feira (17) em função de um aneurisma cerebral sofrido ainda na noite de sábado (15). De acordo com os familiares, ela ainda vivia o luto da morte da filha, Márcia Cappelletti, que sofreu uma acidente vascular cerebral (AVC), aos 53 anos, no dia 5 de maio. Ela ficou internada até sua morte, que ocorreu no dia 11 de maio, 37 dias antes de sua mãe.
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Carlos Lindolfo Luchtemberg, filho de Adilce, acompanhou as homenagens nesta manhã e relatou que segurou a mãe em seus braços quando ela teve o mal súbito, em casa.
— A morte da minha irmã abalou muito ela, mas estava bem, na pia da cozinha, caiu nos meus braços. Ela tinha medo de morrer sozinha, ainda bem que eu estava lá, se não eu não ia me perdoar nunca — declarou.
Na memória do filho, predomina a imagem da mulher independente e batalhadora que Adilce foi. As homenagens póstumas, segundo ele, estão sendo realizadas de acordo com a vontade expressada em vida por ela.
— Ela pediu um cobertor caso ficasse com frio, foi colocado perfume que ela também queria e o cigarro, que ela fumava muito. Pediu meia capa de jornal, deixou até o texto. Tudo que está sendo feito foi ela que pediu.
Além de Carlos e de Márcia (em memória), Adilce deixa o filho Paulo Cappelletti, cinco netos, três bisnetos nascidos, um a caminho, além de demais familiares, amigos e colaboradores, todos admiradores do legado deixado por sua trajetória.