Caxias do Sul poderá ficar impedida de receber recursos do governo federal para obras de infraestrutura viária já neste mês. Isso porque o município não vai conseguir cumprir o prazo de elaboração do Plano Municipal de Mobilidade Urbana, que termina na próxima sexta-feira (12). A penalidade está prevista na Lei 12.587/2012, que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana.
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O Plano de Mobilidade é uma espécie de Plano Diretor do setor viário e é obrigatório para municípios com mais de 20 mil habitantes. O documento precisa conter diretrizes para criação e investimento em diferentes modais de transporte, além de definir obras de infraestrutura prioritárias em curto, médio e longo prazo. O estudo deve ser completamente revisado a cada 10 anos, mas pode ser adaptado se o desenvolvimento das cidades for diferente do previsto.
Sancionada há sete anos, a legislação previa inicialmente que os municípios apresentassem o plano até abril de 2015. Como poucos entregaram o documento, o prazo acabou prorrogado por mais três anos, com fim em abril de 2018. No ano passado, porém, as prefeituras ganharam mais um ano para a elaboração dos estudos.
A prefeitura de Caxias do Sul chegou a lançar um edital de licitação para contratar uma empresa para realizar o estudo em 2014. O certame, porém, terminou sem interessados. Na avaliação do então secretário de Trânsito, Manoel Marrachinho, a falta de interesse das empresas ocorreu porque o edital exigia também a apresentação de projeto básico para as obras. Um novo edital sem essa exigência, no entanto, nunca foi lançado. No início do ano passado, o município cogitou a elaboração do plano por técnicos das secretarias de Trânsito e de Planejamento (Seplan), mas desistiu meses depois. Agora, o assunto está nas mãos da Seplan, que prevê lançar um novo edital somente do segundo semestre deste ano.
Conforme o secretário de Trânsito, Cristiano de Abreu Soares, a cidade não corre o risco de perder os projetos de mobilidade porque eles estariam sendo realizados com novos recursos.
— Com o que temos, mais os recursos da Caixa, suprimos as necessidades para os próximos anos. Precisamos fazer uma análise crítica, pois não há como montar bons projetos sem o plano. Ele nos dará uma visão do que a gente precisa — destaca Soares.
O secretário não confirmou a quantidade de projetos que estariam em andamento, no entanto.
— Temos muitas obras sendo elaboradas, mas nesse momento não sofreriam um impacto tão negativo, embora o plano precise acontecer. Nas EPIs são 8 milhões, a obra da Codeca mais três milhões e trezentos. Temos a obra na Avenida São Leopoldo que levará mais seis meses — completa.
Atraso no Plano Diretor prejudicou estudos
Conforme o secretário Fernando Mondadori, o prolongamento das discussões em torno da revisão do Plano Diretor prejudicou o andamento do processo de criação do Plano de Mobilidade. Isso porque o projeto viário depende de definições de planejamento da cidade como um todo. Como a previsão mais atual para votação do Plano Diretor é junho, a Seplan resolveu dar andamento aos estudos viários mesmo assim. O termo de referência para a licitação está pronto e passa agora por análise orçamentária. O documento se baseia no Plano Diretor em vigor, aprovado em 2007, e no projeto em análise pela Câmara de Vereadores.
A expectativa é de que as pesquisas comecem até o fim do ano e levem 11 meses, com conclusão prevista até o fim de 2020. Além de um relatório de ações, a empresa responsável pelo estudos tem de entregar um projeto de lei, construído em conjunto com o município, que precisará ser aprovado pelos vereadores. Somente depois disso é que o município poderá voltar a obter recursos federais para obras viárias.
— Se o Plano Diretor não for aprovado até o fim de 2020, podemos dizer que o Plano de Mobilidade já começa sem o embasamento do Plano Diretor. Não podemos esperar tudo o que pode acontecer e não podemos ficar para trás porque existe lentidão. Tudo pode acontecer no Plano Diretor e pode até retardar o Plano de Mobilidade — alerta Mondadori.
Sobre o descumprimento do prazo determinado pelo antigo Ministério das Cidades, o secretário diz que a pasta foi extinta (atualmente o Ministério do Desenvolvimento Regional responde pelo assunto) e afirma que o importante é planejar a cidade.
— Independente das exigências do ministério, estamos focados no que a cidade precisa. O objetivo é que a gente não comece a investir onde não precisa — afirma.
A elaboração do Plano de Mobilidade deve contemplar diversos estudos e ter foco principalmente no transporte coletivo, ciclovias e pedestres, sem ignorar outros modais.
Objetivos do Plano de Mobilidade
- Mobilidade sustentável
- Meios de transporte não-motorizados
- Acessibilidade universal
- Integração modal
- Planejamento urbano (atrelado ao Plano Diretor)
- Transporte coletivo
- Segurança viária
- Meio-ambiente
- Logística (para dentro e fora do Estado)
- Integração regional
Estudos Previstos
- Origem-destino (como as pessoas se deslocam pela cidade)
- Embarque e desembarque no transporte coletivo
- Frequência do transporte coletivo e opinião dos passageiros
- Velocidade de tráfego nas ruas
- Logística urbana
- Uso de bicicletas
- Volume de pessoas no centro
- Inventário do sistema viário