Quando estudantes de arquitetura de Caxias do Sul inscreveram-se no concurso African School Project, ficar na quarta posição em um ranking com 500 equipes do mundo todo, definitivamente, não era esperado. O resultado, divulgado no último dia 3, foi mérito de George Pergher, Guilherme Dacas, Guilherme Xavier, Lucas Trentin e Victor Correa, à época estudantes dos últimos semestres do curso de Arquitetura e Urbanismo da FSG, atualmente, formados.
Liderados pelo professor Leonardo Giovenardi, os então graduandos fizeram a inscrição por meio da plataforma Archstorming e tiveram cerca de dois meses para a entrega do trabalho. A proposta era apresentar um projeto de escola e moradia para alunos e professores em uma comunidade no interior do Malawi, país do continente africano. Entre os requisitos, eles deveriam utilizar matéria-prima local e desenvolver sistemas simples e eficientes de tecnologia energética e de construção.
Giovenardi conta que foram os próprios estudantes que tiveram a iniciativa:
— A ideia surgiu dos rapazes mesmo, que organizaram o grupo. Resolvemos encarar, mais pelo desafio do que apenas pela busca de resultado.
De acordo com o professor, a temática chamou a atenção pela sua relevância: tratava-se de uma escola e do "morar junto" da comunidade. Assim, a equipe estipulou o prazo de 45 dias para se dedicar ao projeto, que demandou muita pesquisa.
— Antes de qualquer rabisco tivemos que mergulhar em uma cultura extremamente rica para fazer com que isso fosse refletido nas nossas intenções e estratégias. O processo foi complexo, o que gerou muita troca de ideia — relata Dacas.
Para Giovenardi, a experiência transforma:
— O trabalho em equipe, feito pelos guris que conciliaram o concurso com outras atividades, faz com que eles sejam mais humildes, ouçam mais a opinião dos outros... Para nós, a premiação reforça nossa crença nos valores culturais, associando sempre com a busca contínua por conhecimento.
Ao verem o projeto listado entre os cinco premiados, junto a cidades como Nova Iorque, Milão e Paris, os arquitetos recém formados ficaram surpresos. Segundo eles, feitos desse porte costumam ser conquistados por escritórios de grande reconhecimento.
— Isso gerou até uma certa graça quando nos demos conta. São cidades em países de primeiro mundo, onde é sabido que o ensino e o acesso são muito mais avançados do que no nosso país. Ficamos imaginando as pessoas se perguntando: "Caxias do Sul, onde é isso?" — diverte-se o professor.
— No momento do resultado, estávamos eu e o Lucas juntos, recarregando a página do concurso a cada minuto, ansiosos, esperando pelo menos por uma menção honrosa. Quando vimos o nosso projeto listado entre os cinco primeiros, nossa felicidade foi imensa, demorou para todo mundo acreditar — vibra Correa.
O concurso, cujo júri é formado por um time de profissionais do Malawi e do mundo, promoverá a construção do projeto da equipe vencedora. Então embora o trabalho caxiense, intitulado Benga Secondary School, deva ser publicado em sites e revistas especializadas, ele terá de ficar no papel — ao menos por enquanto. Ao ser perguntado sobre planos para o futuro, Trentin garante que o grupo seguirá participando de outras competições:
— Claro. A meta é sempre participar em paralelo aos nossos projetos do escritório — completa.
A equipe, inclusive, já está participando de outro concurso, dessa vez, em nível nacional. Caxias pode aguardar de dedos cruzados. O resultado deve sair no dia 29 deste mês.
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