Para Fernando Gonçalves dos Reis, diretor-executivo da empresa Prolar de Caxias do Sul e presidente da Associação Brasileira do Mercado Imobiliário (ABMI), a declaração dada nesta segunda-feira (7) pelo recém-empossado presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, a respeito dos juros habitacionais, gera um impacto "psicológico". Guimarães disse que as taxas de juros para a classe média seguirão as regras de mercado e serão maiores que as do programa Minha Casa Minha Vida. Reis observa que, como as medidas efetivas não foram anunciadas, ocorre uma incerteza que "não é positiva" para o setor e afeta o planejamento das famílias.
— De um lado, as pessoas percebem que talvez tenham que comprar logo, se quiserem manter as regras antigas. Mas, por outro lado, isso certamente vai impactar no planejamento das pessoas de classe média para este ano, que estão pensando em comprar o seu imóvel ou que até já estão se organizando financeiramente para isso — analisa.
O novo presidente da Caixa afirmou que os juros menores estarão garantidos nas operações do programa Minha Casa Minha Vida, que atualmente possui quatro faixas de renda para famílias com rendimentos que variam de R$ 1,8 mil a R$ 7 mil.
Para o presidente da ABMI, é necessário aguardar os anúncios concretos que serão feitos pela Caixa para fazer uma avaliação mais precisa. Ele aponta, por exemplo, que o governo ainda precisa definir qual será a faixa de renda considerada de classe média. Inclusive, Reis afirma que, dependendo da situação, se for considerado o valor de mercado, pode até haver redução de taxas da Caixa Econômica Federal, já que, segundo ele, para algumas faixas os bancos privados têm oferecido índices competitivos.
Sobre a situação atual do setor imobiliário, Reis afirma que houve recuperação no ano de 2018. Embora ainda não haja números fechados, o presidente da ABMI estima um crescimento de 5% a 10% nas transações imobiliárias em Caxias do Sul e região. Ele aponta que medidas adotadas pelo governo Temer favoreceram esse cenário, como a diminuição de taxas de juros e medidas de contenção de gastos no governo.
— No período eleitoral, ocorreu uma baixa no mercado devido à indefinição; mas, a partir do momento em que as eleições foram concluídas, houve um maior otimismo e mais transações — analisa.
No entanto, Reis avalia que possa demorar cinco anos para o setor recuperar o patamar que havia atingido antes de 2014, quando a crise começou. O momento, conforme o empresário, por enquanto é mais favorável para quem quer comprar ou alugar um imóvel para morar do que para o investidor que pretende vender ou colocar o seu imóvel para ser alugado.
— Os valores praticados ainda são da baixa anterior à crise. Não houve uma queda nominal do valor, mas real. Com os preços se mantendo iguais ao longo do tempo, significa que houve uma queda por conta da inflação — explica.
Ele projeta, de qualquer forma, uma retomada gradual na valorização dos aluguéis e imóveis, e pontua que os níveis baixos de juros devem ser mantidos. Reis acredita que, nos próximos dois anos, possa até haver falta de alguns imóveis, de determinados perfis, em algumas regiões de Caxias do Sul - segundo ele, por conta do fato de que não houve novos lançamentos nos últimos anos, durante a crise.
O presidente da ABMI acredita também que o novo governo federal vá utilizar a política habitacional como uma política para a retomada da economia do país.
— Temos hoje um déficit de 8 milhões de moradias no Brasil. O segmento imobiliário sozinho é responsável por gerar 12 milhões de empregos — comenta.