Oito anos depois de firmada a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, Caxias do Sul atinge uma meta importante quanto à redução de mortes nas ruas e estradas movidas pelo trânsito. De 2010 até o final do ano passado, foi reduzido em 51% o índice de vítimas fatais em território caxiense. Isso porque 2018 encerrou com 33 mortes registradas, comparado a 67 em 2010. No final de 2010, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) convocou todos os países a se comprometerem a tomar medidas para prevenir acidentes de trânsito. A Década de Ação seguirá até ano que vem, e a meta agora é seguir com números decrescentes de mortes.
— Durante a década da ONU, era preciso que Caxias desenvolvesse ações ligadas à forma de redução de mortes. Entre as ações pactuadas, estava embriaguez ao volante e controle de velocidade, além do uso de capacete de motociclistas. Isto era elencado, principalmente, porque eram as principais razões de morte. Ainda não podemos comemorar, porque segue morrendo gente, mas é uma redução significativa. Nossa utopia, porque talvez seja impossível, é buscar o índice de zero mortes — explica o secretário de Trânsito, Cristiano de Abreu Soares.
Soares afirma que um dos principais fatores responsáveis pela redução da acidentalidade é a presença da fiscalização nas ruas. De fato, há forte uso de radares de velocidade não só pela equipe de fiscalização municipal, mas também pelos grupos rodoviários que controlam estradas estaduais e federais que circundam Caxias. O secretário defende que a presença dos fiscais nas ruas funciona de forma ainda melhor do que simplesmente o uso de radares. Prova disso, segundo ele, são os números: enquanto a secretaria afirma ter aumentado em 125% o número de abordagens feita equipe de Fiscalização de Trânsito, o número de multas emitidas caiu em 32%.
Outros dados revelam bastante o comportamento dos caxienses no trânsito. Ainda que tenham sido registrados 11 mortes por atropelamento em 2018, a estatística segue sendo menor que o ano anterior, quando 16 pessoas morreram desta forma. O secretário diz que o comportamento dos pedestres também deve ser observado.
— Há absurdos cometidos também pelos pedestres. Prova disso é a instalação da passarela na BR-116, na região de São Ciro. Ela custou mais de R$ 1 milhão aos cofres públicos e as pessoas não a utilizam, mesmo depois de anos de apelo da comunidade para aquela instalação — afirma.
Entre as ações para seguir prevenindo acidentes com morte, além de trabalhar em campanhas os riscos de usar celular ao volante, a secretaria pretende intensificar sinalização e equipamentos para priorizar travessia de pedestres. Está para ser implantado, por exemplo, um semáforo que organize a travessia na frente da Estação Principal de Integração Imigrante (EPI), na BR-116. A prefeitura fará a instalação, com autorização já obtida do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), de um semáforo com botoeira de pedestres. Resta agora o estudo de sincronização dos semáforos próximos da rede.
— Há o apelo para que seja instalada ali uma passarela, mas a passarela custa R$ 1 milhão e não há garantia que seja usada. O semáforo custa R$ 50 mil, e há mais garantias que funcione — justifica Soares.
Vacaria amarga 18 mortes
Levantamento do Pioneiro com base em ocorrências registradas em 65 municípios de circulação do jornal também indica redução de mortes no trânsito da Serra em 2018. Ainda assim, o número segue alto: são 147 vítimas na região, nove a menos que em 2017. A rodovia que acumulou maior número de mortes foi a ERS-122, com 32 mortes. No ano anterior, a mesma rodovia liderava o ranking, mas com grande diferença, já que eram 20 vítimas fatais em 2017 na ERS-122. As ocorrências foram registradas do município de São Vendelino até Vacaria.
— Essa é a rodovia mais extensa e por isso se destaca entre as que cuidamos, mas também há o fator da sinuosidade dela. Os pontos de serra são os que mais preocupam, no trecho entre Flores da Cunha e Antônio Prado, que concentrou acidentes graves em 2018. Em Ipê, há bastante situação de imprudência também em mortes de motociclistas — avalia o comandante do Grupo Rodoviário de Farroupilha, Marcelo Stassak.
O que chama a atenção é que municípios menores _ e por consequência, com frota de veículos igualmente menor _ se destacam no volume de ocorrências fatais. É o caso de Vacaria, à frente de cidades maiores. A cidade registrou 18 mortes ao longo de 2018. Pelo menos 15 delas ocorreram em rodovias.
— A característica do trecho é o que causou maior parte dos acidentes. Em Vacaria, nós temos pista simples na BR-116 e na 285, com trânsito intenso e vários comércios. O traçado da rodovia ajuda nas imprudências em ultrapassagens em locais proibidos, que resultam em graves colisões frontais — afirma o inspetor-chefe da 5ª delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Marco Aurélio Baierle.
Tanto na esfera estadual, quanto na federal, o plano para tentar reduzir a acidentalidade é o mesmo: intensificação de fiscalização. As estatísticas comprovam que o motorista se torna mais atento ao perceber que está sendo fiscalizado. Prova disso é que, desde que policiais do Grupo Rodoviário de Farroupilha reforçaram atuação ao longo da ERS-122, entre o Viaduto Torto, em Caxias, até Farroupilha, o índice de ocorrências reduziu drasticamente. Em 2018, por exemplo, não houve acidente fatal nesse trecho.
— Para tentar reduzir a situação de Vacaria, por exemplo, pretendemos deslocar policiais de Nova Petrópolis para levar a fiscalização onde não chegava em Vacaria. Nós temos uma deficiência muito grande de efetivo, e Vacaria é o nosso maior trecho. São 270 dos 391 quilômetros que cuidamos— afirma Baierle.
NÚMEROS
ACIDENTES COM MORTE EM CAXIAS
2010 - 67
2011- 61
2012 - 57
2013 - 54
2014 - 52
2015 - 48
2016 - 34
2017 - 52
2018 - 33
OS DADOS NA SERRA EM 2018
:: Número total de vítimas fatais: 147.
:: Mês com maior número de vítimas: abril.
:: Quem mais morre no trânsito: condutores (45), pedestres (36), passageiros (33), motociclistas (28), ciclistas (5)
:: Perfil das vítimas: A maioria é homem com idade entre 19 e 29 anos.
:: Estrada com maior número de vítimas: ERS-122, com 32 vítimas.
OS DADOS EM CAXIAS EM 2018
:: Número total de vítimas fatais: 33.
:: Mês com maior número de vítimas: dezembro e abril, com cinco mortes cada um. Em janeiro, não houve acidentes fatais.
:: Dia da semana com maior índice de acidentes fatais: sextas (10) e domingos (7).
:: Perfil das vítimas: Homens (23) com idade entre 21 e 34 anos.
:: Ponto com maior número de vítimas: perimetrais.
RANKING MORTES NAS CIDADES EM 2018
:: Caxias do Sul: 33.
:: Vacaria: 18.
:: Farroupilha: 10.
:: Garibaldi: 8.
:: Bento Gonçalves, Ipê, Antônio Prado e Flores da Cunha: 6 cada.
Ocupante de caminhão morre em Bento Gonçalves
Uma pessoa ainda não identificada morreu nesta quarta-feira em um acidente de caminhão na ERS-431, em Bento Gonçalves. O veículo saiu da pista e capotou em um barranco no Km 9 da rodovia, na Linha Alcântara, por volta de 8h40min.
Conforme o Grupo Rodoviário de Farroupilha, ainda não há informações se o ocupante era caroneiro ou motorista do caminhão. Outro homem que também estava no veículo foi encaminhado ao Hospital Tacchini em estado grave.
O veículo, que seguia no sentido Bento Gonçalves - Guaporé, tem placas de Sapucaia do Sul. Esta foi a terceira morte na Serra em 2019 _ a primeira foi de Micael Matheus da Silva, 24 anos, ocorrida à 0h05min de terça, na ERS-122, em Farroupilha, e a segunda, de Eduarda Fortunato da Silva Pereira, 24, por volta das 15h de terça, na ERS-129, em Guaporé.
Leia também
Após análise, prefeitura de Caxias muda regras para instalação de mini praças
Apesar de lentidão no Litoral, trânsito da Rota do Sol flui bem na chegada a Caxias
Após problemas causados por temporal, Posto de Identificação retoma emissão de identidade em Caxias