No mês do meio ambiente, o Pioneiro percorreu os caminhos que costeiam o Tega, arroio responsável pela drenagem da maior parte da área urbana de Caxias do Sul. No trajeto, a reportagem encontrou o retrato da degradação em inúmeros pontos de lançamento direto de todo o tipo de lixo e de esgoto residencial e industrial. Em contraste, existem locais preservados onde animais se banham e bebem a água transparente.
O percurso do Tega em Caxias pode ser divido em três partes: a cabeceira, que inclui o complexo de barragens Dal Bó, a área urbana, entre as barragens e o bairro Reolon, e a área rural, a partir da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) do Tega, no bairro Santa Catarina.
Segundo o geólogo Caio Vinícius Torques, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), a cabeceira, onde há uma bacia de captação, tem relevância de preservação, tem controle de ocupação e de lançamento de efluentes e é área de interesse público. Portanto, está preservada. Na parte mais urbana, há ocupações irregulares e regulares antigas que lançam esgotos na rede pluvial que acabam indo parar no arroio. Também é o trecho onde o leito foi modificado e retificado pela urbanização.
– Nesse trecho central da cidade, ele não é mais um curso d'água natural. Podemos tratá-lo como macrodrenagem urbana. É apenas um receptor de água. Não tem mais vida. Não tem função ecológica. Não é mais um corredor de fauna e flora. Já tem ocupações consolidadas nas margens – pondera Torques.
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A partir da Casa de Pedra o arroio volta ao leito natural, corre sobre rochas e consta no Plano Diretor como drenagem a ser preservada ou zona de ocupação controlada, que tem a mesma função de Área de Preservação Permanente (APP), com regramento específico para ocupação.
Bem mais adiante, na 9ª Légua, já na área rural do município, ele recebe as águas de outro arroio e se torna ainda mais volumoso seguindo em direção a Nova Pádua, onde deságua no Rio das Antas.