A Delegacia de Homicídios pretende concluir em dez dias o inquérito sobre o ataque a tiros na frente da Escola Municipal de Ensino Fundamental Luciano Corsetti, no bairro Kayser,em Caxias do Sul, na tarde da última quinta-feira. A polícia irá indicar os primos Daniel Grade da Silva, 23 anos e João Vitor Soares da Silva, 18, por tripla tentativa de homicídio. As qualificadoras do crime ainda serão definidas, mas devem incluir motivação fútil, recurso que dificultou a defesa da vítima e meio que resultou perigo comum — afinal diversos pessoas poderiam ser atingidas pelos disparos na frente da escola, assim como as duas meninas de seis anos que foram feridas.
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Responsável pela investigação, a delegada Suely Rech, ressalta que o caso não se trata de um atentado, mas sim contra um alvo específico. A motivação, de acordo com a polícia, foi a venda de uma motocicleta em meados de 2016. Na ocasião, a vítima da tentativa de homicídio, um homem de 33 anos que foi baleado nas costas e já recebeu alta médica, comprou o veículo por R$ 6 mil, mas pagou apenas R$ 3 mil.
Sem o pagamento, o negócio foi desfeito, Daniel devolveu R$ 1 mil e combinou que iria ressarcir os outros R$ 2 mil em quatro parcelas. Este novo acordo também não foi cumprido e, em uma das inúmeras discussões entre os dois desafetos, o homem de 33 anos espancou Daniel.
Agredido e ameaçado, Daniel decidiu se vingar rival. Assim, segundo a delegada Suely, ele conseguiu um revólver e, na quinta-feira passada, foi encontrar o desafeto — que ele sabia que estaria próximo a Escola Luciano Corsetti. Daniel desceu da motocicleta conduzida por João Vitor e chamou o alvo pelo apelido. Ao perceber que Daniel estava armado, o homem de 33 anos virou de costas para fugir e foi atingido. Na confusão, duas meninas de seis que aguardavam para ir embora perto de uma van escolar foram atingidas por balas perdidas.
Primos estão presos
Detido pela Brigada Militar (BM) ainda na noite de segunda-feira, Daniel foi reconhecido como sendo o atirador que feriu um adulto e duas meninas de seis anos.Nesta terça, os agentes da Delegacia de Homicídios prenderam João apontado como o motociclista que ajudou na fuga do atirador.
A primeira ação policial ocorreu por volta das 21h de segunda-feira, quando o 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM) recebeu uma denúncia anônima relatando que o suspeito da tentativa de homicídio na frente da escola estava escondido na casa de um primo e planejava fugir para o Paraná. Policiais militares foram até a Rua Terezinha de Jesus, no bairro Santa Corona, e abordaram Daniel. Ele foi conduzido até a Central de Polícia, onde seria feito um registro de apresentação de suspeito. A delegada Suely foi informada sobre os fatos e decidiu antecipar o pedido de prisão preventiva à Justiça.
— Era o mesmo suspeito que estávamos investigando e para qual já estávamos com o pedido de (prisão) preventiva praticamente pronto. Só que pretendíamos representar (pela prisão) dos dois investigados e, para isso, precisávamos ouvir duas testemunhas que estavam marcadas para a manhã de hoje (terça-feira). Como o suspeito foi apresentado (pela BM), antecipamos o pedido — explica a delegada interina da Delegacia de Homicídios.
Desta forma, enquanto Daniel cumpria os procedimentos necessários na Central de Polícia sobre a ação da BM, a delegada Suely buscou o Poder Judiciário. A prisão preventiva foi decretada pela juíza de plantão Maria Olivier por volta da 1h desta terça, e, assim, o investigado foi encaminhado ao presídio.
A prisão do outro suspeito ocorreu oito horas depois. João Vitor foi detido quando chegava em um Centro de Formação de Condutores (CFC) na Rua Os Dezoito do Forte. Horas depois, a BM apreendeu um revólver .38 na casa dele durante uma ação de combate ao tráfico que apreendeu 608 unidades de LSD. Em cumprimento de mandado, a Polícia Civil já havia encontrado um revólver na casa de Daniel.
— Ambas as armas são condizentes com o revólver utilizado na tripla tentativa de homicídio: calibre .38, escuro e cano curto. Assim, ambas serão encaminhadas para comparação com o projétil que encontramos próximo a escola (Luciano Corsetti) — complementa a delegada Suely.