Os meses de férias, tradicionalmente, fazem com que os estoques do Hemocentro Regional de Caxias baixem. Neste ano, a grande incidência de febre amarela silvestre no Brasil pode dificultar ainda mais o armazenamento do sangue. Isso porque quem foi recentemente vacinado contra a doença deve esperar, no mínimo, 28 dias para doar. Em Caxias, o estoque está bom, segundo a assistente social do Hemocentro, Ana Paula Rombaldi. Ela explica que a imunização sempre foi um dos impedimentos e, por isso, a rotina do serviço não será alterada.
— Não estamos percebendo um impacto nesses últimos dias em função da busca pela vacina. Quem é imunizado não pode doar por um tempo, assim como quem faz tatuagens e coloca piercings, por exemplo, que deve aguardar um ano — diz.
Mas Ana Paula reitera que o bom estoque do Hemocentro não deve impedir novas doações: o serviço precisa sempre de voluntários (saiba como doar abaixo).
O médico hematologista e vice-presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), José Francisco Comenalli Marques Jr., explica que o período de espera de 28 dias entre a vacinação e a doação se deve ao fato de a vacina ser produzida com o vírus vivo atenuado:
— Para imunizar contra a doença, o vírus se mantém em circulação no organismo durante três semanas. Portanto, caso a pessoa vacinada doe durante esse período, quem receber o sangue pode contrair a doença por transfusão, caso tenha uma deficiência imunológica instalada, por exemplo.
PARA DOAR SANGUE
:: É preciso ter entre 18 e 69 anos, pesar mais de 50 quilos, não estar em jejum, evitar alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação, não fumar duas horas antes da doação e não ingerir bebida alcoólica nas últimas 12 horas. É necessário, no momento da doação, apresentar documento com foto.
:: Doadores com 16 e 17 anos são aceitos mediante autorização dos pais ou responsáveis legais, acompanhado de cópia da carteira de trabalho ou da identidade do responsável. O documento para autorização está disponível em http://bit.ly/2qsNI8a.
:: O Hemocs fica na Rua Ernesto Alves, 2.260, no Centro. Serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 17h; sábado, das 8h às 12h.
:: Grupos com 10 pessoas ou mais devem agendar atendimento pelos telefones (54) 3290-4543 e 3290-4580.
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OUTROS IMPEDIMENTOS À DOAÇÃO
Temporários: febre, gripe, gravidez (90 dias após o parto normal e 180 dias após cesariana), uso de alguns medicamentos, tatuagem e piercing (um ano), pessoas que adotaram comportamento de risco para doenças sexualmente transmissíveis.
Definitivos: hepatite após os 11 anos, evidência clínica ou laboratorial de doenças transmissíveis pelo sangue, como hepatites B e C, Aids/HIV, vírus HTLV I e II, doença de chagas e malária.
Intervalo para doações: mulheres podem doar a cada três meses, não ultrapassando três doações em um ano; homens a cada dois meses, sem ultrapassar quatro doações em um ano.
RS tem dois casos suspeitos
Livre da febre amarela silvestre desde 2010, o Rio Grande do Sul tem dois casos suspeitos da doença neste início de 2018. A informação foi divulgada pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) na sexta-feira. Trata-se de um morador de Dois Irmãos, no Vale do Sinos, que viajou para o Pará recentemente. O outro caso é vinculado a uma pessoa que reside na cidade de Portão e que teria contato com o meio rural.
De acordo com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), 42 casos foram investigados em 2017, sendo que todos deram negativo para a febre amarela. A média de investigações da CEVS para a doença é de 22 ao ano.
Além das situações relatadas, a prefeitura de Porto Alegre também analisa se a morte de um bebê de 11 meses neste mês está relacionada à vacina contra a doença.
Conforme a SES, o Rio Grande do Sul está livre da circulação do vírus da febre amarela silvestre e não conta com casos da doença em bugios _ diferentemente da situação enfrentada pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia.
VACINA CONTRA A FEBRE AMARELA
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferta vacina contra febre amarela para toda a população. Desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida, medida que está de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em Caxias, a vacina está disponível em todas as unidades básicas de saúde (UBS). No entanto, apesar da situação de surto em estados da região Sudeste, a Secretaria Municipal de Saúde afirma que não há motivo para pânico. A orientação de imunização é principalmente para quem pretende viajar para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia nos próximos dias. Estes estados são considerados de risco pelo Ministério da Saúde. Até agora, 2.113 doses foram aplicadas neste ano em Caxias.
Para se vacinar:
:: É necessário comparecer a UBS portando um documento.
:: A aplicação é feita nas quartas-feiras, com exceção da UBS Parque Oásis, que realiza esse trabalho nas sextas-feiras.
:: A imunização é indicada a partir dos nove meses de idade até os 59 anos.
PARA QUEM A VACINA É CONTRAINDICADA
:: Pacientes com imunodeficiência primária ou adquirida.
:: Indivíduos com imunossupressão secundária à doença ou terapias.
:: Imunossupressoras (quimioterapia, radioterapia, corticoides em doses elevadas).
:: Pacientes em uso de medicações anti-metabólicas ou medicamentos modificadores do curso da doença (Infliximabe, Etanercepte, Golimumabe, Certolizumabe, Abatacept, Belimumabe, Ustequinumabe, Canaquinumabe, Tocilizumabe, Ritoximabe).
:: Transplantados e pacientes com doença oncológica em quimioterapia.
:: Indivíduos que apresentaram reação de hipersensibilidade grave ou doença neurológica após dose prévia da vacina.
:: Indivíduos com reação alérgica grave ao ovo.
:: Pacientes com história pregressa de doença do timo (miastenia gravis, timoma).