A melhoria das condições de vida de cães e gatos sem dono, abrigados no Canil Municipal, está mais próxima. Ao menos é isso que garante um novo projeto arquitetônico, ainda em fase de elaboração, que pretende tirar das correntes os animais que vivem na chácara em São Luiz da 6ª Légua. Mesmo sem prazo definido para sair do papel, a ideia do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal da Secretaria do Meio Ambiente é reestruturar todo o terreno onde hoje vivem cerca de mil bichos, criando canis coletivos. Haverá espaço para cães, gatos e até animais de grande porte, como cavalos.
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Atualmente, a maioria dos animais vive em casinhas espalhadas pelo terreno. Até existem alguns canis no espaço, mas eles abrigam exclusivamente animais doentes e idosos. Mesmo assim, apresentam qualidade bem inferior à estrutura prevista no novo projeto.
– Deixá-los livres de correntes, com espaço para se protegerem da chuva e do sol forte, além de terem à disposição um ambiente limpo, é o nosso sonho e vamos lutar para que se torne realidade o quanto antes. Estes animais merecem condições de vida cada vez melhores – afirma a diretora do Departamento, Marcelly Paes Felippi.
O projeto pretende construir 10 canis com sistema próprio de higienização e captação de água da chuva, quatro gatis e quatro espaços para grandes animais. Ao todo, serão 20 boxes por estrutura, comportando seis animais cada. A construção também prevê um Centro Clínico, com ambulatório para atendimento de animais feridos ou que necessitem de cuidados especiais por um período, além de uma ala com isolamento entre os cães recolhidos da rua e os que já vivem no canil, evitando a disseminação de doenças.
Para viabilizar o custo da obra – cerca de R$ 1,5 milhão, a prefeitura busca apoio de emendas parlamentares. Na semana passada, o prefeito Daniel Guerra (PRB) recebeu o deputado federal Carlos Gomes, vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, para tratar do projeto. A expectativa é de que o encontro dê bons resultados. Porém, até o momento, o município ainda negocia a captação de recursos.
"Retirar as correntes é um avanço sensacional", diz terapeuta de cães
Enquanto a proposta de reestruturação do Canil Municipal ainda está no plano das ideias, uma equipe da prefeitura já tem feito um trabalho de observação com cães e gatos. Este é o primeiro passo para identificar em qual grupo o animal pode ficar, já que a ideia é juntá-los em boxes que comportam até seis bichos.
– Em geral, não se percebe muito problema de convivência, mas essa mudança deve ser feita de forma gradativa. Isso porque o bicho ficou muito tempo preso a uma corrente e sem uma vida ativa. E aí, conhecendo a personalidade dele, é que se tem uma ideia de como será a adaptação em grupo – explica Bruno Leite, terapeuta de cães no Rio de Janeiro e que também mantém o site terapeutadecaes.com.br.
Conforme a diretora do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal, mais do que soltar os animais das correntes, a construção dos canis vai possibilitar uma mudança significativa na qualidade de vida deles. Além disso, a construção do Centro de Bem-Estar Animal também vai possibilitar maior um controle clínico de cada cão e gato abrigado na chácara.
– Manter animais amarrados, por mais que neste momento isso garanta mais segurança para eles, traz malefícios. Eles podem ficar com problemas físicos, estressados e muito agressivos. A possibilidade de tirá-los dessa condição limitante é o que nos motiva a lutar por melhores condições para eles – confia Marcelly Paes Felippi.
Em janeiro, um canil já foi erguido no terreno para abrigar cães e gatos mais idosos ou doentes. A estrutura é bem inferior, mas já mostra que é possível adaptar os animais a uma nova realidade.
– A adaptação deles ao canil é quase instantânea, porque somente o fato de terem mais espaço para brincar e um ambiente mais limpo, já gera uma mudança comportamental. É claro que nunca vai ser aquele mundo onde eles têm uma família, uma casa. Mas, retirar as correntes dos bichos é um avanço sensacional – ressalta o terapeuta Bruno Leite.
O projeto proposto pela prefeitura é embasado pelo Decreto-Lei nº 276/2001, que trata sobre animais acorrentados e que assegura que cães e gatos, assim como outras espécies, devem dispor de espaços adequados às suas necessidades fisiológicas, além de permitir a prática de exercícios e possibilitar que eles se protejam das condições climáticas.