Em tempos em que se discute o papel da escola em uma sociedade na qual o acesso à informação foi revolucionado pela internet, um colégio público de Nova Prata parece apontar um caminho. Pela terceira vez, a Escola Estadual Reinaldo Cherubini chega à final do prêmio nacional Escola Voluntária, que premia instituições de ensino que desenvolveram iniciativas de voluntariado junto às comunidades.
O projeto Reinaldo Voluntário, iniciado há 11 anos, oferece aos alunos 20 ações diferentes para o turno inverso. Mais do que a busca por um prêmio na final que ocorre em novembro, em São Paulo, o resultado a ser comemorado é a formação de uma juventude mais comprometida com o próximo.
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Ao participarem, estudantes do 6º ao 9º ano escolhem em quais atividades querem se inserir, mesmo sabendo que não valem aumento na nota. As ações envolvem aulas de informática e xadrez para os alunos das séries iniciais; inclusão digital para frequentadores da Apae e deficientes físicos; incentivo à leitura através de minibibliotecas, contação de histórias em ônibus interurbanos e poesias espalhadas por árvores da cidade; apoio ao encaminhamento de documentos e auxílio a uma ONG que atua em defesa dos animais, entre outras.
Atualmente, 56 alunos estão engajados no projeto, com a devida autorização dos pais para o trabalho voluntário.
– Embora exista a ideia de que a escola deva transmitir o conhecimento, nós sabemos que os valores estão se perdendo, e cabe também à escola trabalhá-los. O serviço voluntário é um diferencial na hora de procurar o primeiro emprego, mas o mais importante é que torna os alunos mais comunicativos, participativos e responsáveis. Muitos problemas de indisciplina deixam de existir a partir do momento em que eles se envolvem com essas atividades, pois para ser um monitor dos mais novos, por exemplo, o comportamento tem de ser de professor – destaca a diretora da escola, Veridiana Ciotta.
Veridiana também salienta que no período em que o Reinaldo Voluntário tem sido desenvolvido, o resultado da escola no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) teve um salto de quase dois pontos, numa escala até 10. Em edições anteriores do prêmio Escola Voluntária (2012 e 2013), que é oferecido pelo banco Itaú e pelo Grupo Bandeirantes, o projeto obteve a terceira e a segunda colocação, somando premiação de R$ 20 mil, valor reinvestido no próprio colégio. A expectativa dessa vez é finalmente conquistar a medalha de ouro, premiando os alunos que têm feito a diferença no cotidiano do município.
Carinho com os mais novos, respeito por todos
A alternativa encontrada pela Escola Reinaldo Cherubini para suprir a falta de um professor de informática foi o pontapé inicial de todo o trabalho voluntário. Aproveitando que hoje os adolescentes trazem de casa todo o conhecimento sobre tecnologia, foi dada a eles a chance de repassar isso aos alunos das séries iniciais, do 1º ao 5º ano.
Além do uso do computador, os mais novos também aprendem a jogar xadrez deforma bem interativa, com tabuleiros humanos. Eles se vestem com fantasias referentes às peças do jogo para aprender os movimentos, e só depois vão praticar de verdade. O mesmo ocorre com o dominó. Um dos instrutores de xadrez, Arthur Vivan Guedes, 12 anos, ressalta o quanto essa atividade estimula o raciocínio:
– Eu já gostava de xadrez quando entrei na escola, gostava de ensinar e de competir nos nossos campeonatos. Agora, tenho a chance de ensinar os alunos do 1º ao 5º ano, e isso é muito bom, porque ajuda eles a desenvolver em textos e resolver contas com mais facilidade, porque o raciocínio fica mais rápido.