Difícil acontecer de experimentarmos num só dia dois sentimentos tão diferentes intensos como felicidade e tristeza. Ontem, pois, foi um desses dias extremados.
A felicidade veio cedinho, na forma de aniversário. Sempre é bom aniversariar, sinal de que estamos por aí, vivos. A tristeza encobriu a felicidade horas depois, quando fui informado do falecimento de Danilo Finco, o Seu Danilo.
Não via Seu Danilo há um cadinho de tempo, mas sei que fomos amigos além do par de anos em que convivemos. Há relacionamentos, sabemos, quem sobrevivem para além do corpo-a-corpo - é questão de estado de espírito, de coração, coisa difícil de descrever.
Foi assim com Seu Danilo.
Homem intenso, vivaz, faceiro, orgulhava-se da força física moldada em anos na boleia de caminhões. Quando nos conhecemos, no começo dos anos 2000, Seu Danilo roçava 70 anos, mas, juro, aparentava 50 - e ele sabia disso, tirava proveito da situação, instigando-me a um dia alcançar o mesmo patamar.
Seu Danilo devolvia com a inconfundível e gostosa gargalhada os elogios quanto ao seu estado de espírito, sua saúde, seu jeito bacana de levar a vida. O tempo passa, ficamos mais velhos, às vezes doentes. Seu Danilo partiu.
Asseguro que todos os que o conhecemos sempre lembraremos de um Danilo guri aos 70, matreiro e engraçado, guardador de bons causados, contador de boas histórias. Calhou de Seu Danilo partir no dia do aniversário do próprio filho, Fabiano. Por certo ninguém merece tão pesada carga em dia tão especial. Aconteceu, infelizmente.
Seu Danilo agora deve estar puxando o coro do Parabéns a Você ao próprio filho.
Seu Danilo, agora ainda mais livre, não perderia a oportunidade de se mostrar inteiro, original, brincalhão, faria troça da felicidade e da tristeza.
Obrigado, Danilo.
