Não é preciso muito tempo: em menos de 10 minutos, 13 moradores do bairro Mariani aparecem com o mesmo problema. Desde o fim do ano passado, as casas localizadas nas ruas Claudiomiro da Cruz e Raquel Cosseal não recebem correspondências. O carteiro que atendia o local simplesmente não apareceu mais.
Pagar contas é uma peregrinação. De acordo com os moradores, as correspondências são devolvidas aos remetentes com a informação de que o endereço não foi localizado. Por isso, não conseguem sequer retirar as cartas nas agências dos Correios. Para não pagarem multas e juros, é preciso pedir o código de barras das contas ou fazer o download dos arquivos pela internet. O problema é que nem todas as empresas oferecem essas opções, deixando os moradores sem saída.
- Eles falam que o endereço não foi localizado. Tenho até vontade de mandar o mapa pra eles. Moro aqui há 15 anos. A rua está no mesmo lugar - se revolta a artesã Rosa de Freitas Tiburi.
Segundo os moradores, material do Samae, RGE e propagandas, que não dependem dos correios, chegam normalmente. O que mais intriga é que oficialmente as cartas voltam como endereço não encontrado, mas as respostas que recebem quando ligam para as agências indicam que os carteiros conhecem o local.
- A gente foi nos Correios. Disseram que era por causa dos cachorros, mas eles (animais) ficam todos trancados. Eu tenho 10 cachorros, todos fechados - garante a aposentada Maria Aparecida de Brito.
Durante visita ao bairro, dia 25/2, a reportagem do Pioneiro não viu nenhum cachorro solto.
A justificativa que foi passada a Maria Aparecida para não entregar as cartas do plano de saúde é de que se trata de lugar perigoso. Já a autônoma Simone Bertelli sequer recebeu uma resposta. Ela afirma ter ligado na semana retrasada para os Correios. A pessoa que lhe atendeu disse que falaria com o carteiro responsável pela rua e daria um retorno. Até agora ela não recebeu nenhuma ligação. E nenhuma carta.
Sedex chega normalmente
As encomendas via Sedex chegam normalmente, mas, desde outubro, começaram a aparecer problemas na entrega das demais correspondências. A situação se agravou no fim do ano e, em 2015, os moradores afirmam não terem recebido nenhuma carta.
Correios alegam falta de segurança
Por meio da assessoria de comunicação, os Correios alegam que a entrega nas duas ruas está suspensa porque há cães soltos. Nos últimos dois meses, durante tentativas de retomar as entregas, dois carteiros teriam sido mordidos. De acordo com os Correios, a cada dois ou três dias são feitas novas tentativas, mas o trabalho é suspenso quando verificam que o problema continua, "pois os Correios precisam resguardar a integridade física de seus profissionais."
A orientação é que moradores retirem as correspondências no Centro de Distribuição Domiciliária (Rua Irma Valiera, 152, bairro São Pelegrino), mas, depois de três tentativas de entrega, as cartas são devolvidas ao remetente.