Gilberto Blume: Montanha russa eleitoral

A campanha eleitoral 2014 para governador e presidente ficará marcada pelas surpresas proporcionadas pelas pesquisas. Os candidatos estão embarcados numa louca montanha russa com parada programada no domingo. Até lá praticamente tudo pode acontecer, apontam as pesquisas, inclusive mais nada.

Como os candidatos estão 100% ocupados em aparecer bem na foto, apesar dos sacolejos da montanha russa, alguns aspectos relevantes de uma eleição estão sendo relevados.

As propostas costumeiramente vêm empacotadas num generalismo doído. Raramente algum candidato diz com todas as letras como pretende implantar as propostas defendidas. O como pressupõe que algum grupo será penalizado com a implantação das medidas. Esqueçam, pois, como os programas serão implantados, de onde virão os recursos, como a sociedade será positiva ou negativamente impactada.

Melhor é ser favorável a tudo.

O medo de marcar posição transformou a campanha numa lagoa rasa. Exceto aquele infeliz do bigode e aquele infeliz fantasiado de gaúcho, o futuro presidente e o futuro governador evitam contrariar quem quer que seja.

A montanha russa sobe, a montanha russa desce, e os institutos de pesquisa estão observando tudo munidos das ameaçadoras pranchetas.

Promessas.

As promessas dos candidatos passeiam na montanha russa grudadinhas nas propostas. Cometida em eleição, a expressão "eu prometo que..." é a conjugação mais fútil jamais aplicada ao verbo prometer.

Temas.

Alguém ouviu algum candidato discorrer sobre cultura? O frenesi da montanha russa que transporta os candidatos jamais cederia espaço para assunto tão, digamos, periférico. Quem, afinal, quer falar de cultura, assunto que resultaria em crescimento zero na pesquisa?

Embora a campanha esteja morna no quesito debate, não dá para negar que o sobe-desce anotado pelas pesquisas é emocionante. Cabe-nos escolher os preferidos e ir à estação final acompanhar a chegada dos concorrentes. O novo embarque na montanha russa, programado para este mesmo domingo, traz a expectativa de um segundo turno menos emocionante e mais objetivo.