Prefeito de Caxias do Sul exige explicações objetivas sobre os vazamentos na barragem do Marrecas

O prefeito de Caxias do Sul, Alceu Barbosa Velho (PDT), determinou ao Samae que exija explicações objetivas sobre os vazamentos e infiltrações de água na Barragem do Marrecas, em Vila Seca.

A cobrança será encaminhada nesta semana para a STE Serviços Técnicos de Engenharia, empresa contratada para fiscalizar a construção e o funcionamento da represa. A STE, por sua vez, deverá pedir informações para a Holanda Engenharia, responsável pelo projeto construtivo. A obra foi erguida pelo Consórcio Fidens-Sanenco.

Os questionamentos devem ser concluídos pelo Samae e divulgados ainda nesta segunda-feira. O prazo de resposta ainda não está definido.

O vazamento e infiltrações de água na barragem duplicaram em menos de um ano. Entre março e abril do ano passado, a média era de 27 litros de água por segundo expelidos somente pelas chamadas ombreiras (laterais da represa). Hoje, a estimativa é de 60 litros por segundo, o equivalente a 5,18 milhões de litros por dia.

Pioneiro: Qual é a posição do senhor a respeito dos vazamentos na barragem do Marrecas?
Prefeito Alceu Barbosa Velho: Ao longo do tempo a barragem foi fiscalizada contratualmente pela STE, uma empresa idônea que conhece essas questões. Hoje (segunda-feira), através do gabinete estou determinando ao presidente do Samae (Edio Elói Frizzo) que faça um questionamento para que a empresa fiscalizadora nos informe, por exemplo, o que está acontecendo, o que tem de verdade nisso tudo que estão falando e o que tem de conversa. Desde o primeiro dia eu só falo aquilo que os técnicos me permitem falar até porque não participei dessa obra, não sei como andou. É uma questão muito técnica e não vou dar palpite. Hoje à tarde devemos ter pronto esses questionamentos: por que a barragem está pronta, por que foi feita desse jeito? por que está acontecendo isso? Era sabido que apresentaria esses vazamentos? Por que verte a água lá embaixo? É necessário mesmo ou está sendo mais do que o necessário? Dá para colocar o sistema em funcionamento?



Pioneiro: A partir das respostas, o que senhor pretende fazer?
Alceu: Eu quero objetividade, sou gestor e quero que funcione como foi contratado. Não quero desculpas. Se tiver que esvaziar, se esvazia e faz tudo de novo. Não se admite que uma obra dessa grandeza seja paga para não funcionar. Isso não existe. Estive na barragem muitas vezes. Por último, quando deu esse incidente (defeito nos testes de bombeamento), me preocupei ainda mais. Quero que funcione o quanto antes mas não adianta se precipitar se ali na frente vai dar problema.

Pioneiro: As conversas com as empresas estão dentro da normalidade ou o senhor cogita alguma ação judicial?
Alceu: As empresas foram pagas para fazer bem feito. É isso tem que acontecer, tem que fazer funcionar. Já disse para o diretor Frizzo e ele transmitiu para o nosso procurador do Samae tomar todas as providências para que o município não sofra consequências. Não pode é o poder público receber uma obra com problema. Se for necessário, evidentemente há essa possibilidade de ingressar na Justiça. O contrato tem que ser cumprido por ambas as partes. A parte da prefeitura é simples: pagar. Da empresa é fornecer o serviço. Se as empresas notificadas não fizeram, não resta outra coisa senão a via judicial, o que espero não ser necessário.

Pioneiro: Qual é o prazo para receber as respostas?
Alceu: Estamos discutindo esse prazo. Penso que 20, 30 dias seja um prazo razoável. Enquanto isso estamos consertando aquela peça (do sistema de bombeamento) que já foi uma coisa mal feita. Aquela peça teria que ser fundida em aço e colocaram lá uma peça fundida em ferro. Então não pode dar certo. A STE vai opinar tecnicamente e aí o gestor pode tomar a medida porque estará balizado em um laudo técnico. Minha palavra sempre será a dos técnicos. Os técnicos que fizeram a barragem e serão os técnicos que vão fazer funcionar essa barragem.