José Antônio de Oliveira, também conhecido como Tio da Tapioca, concluiu a graduação em Enfermagem com a venda do produto típico nordestino e de crepes, no Centro. A colação de grau foi nesta sexta, na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Ao som de Querência Amada, uma das mais importantes músicas do tradicionalismo gaúcho, o baiano de 60 anos recebeu o diploma esbanjando alegria.
Oliveira chegou a Caxias em pleno inverno gaúcho, em 2006. Teve que contar com a ajuda de vizinhos do bairro Universitário para se agasalhar. Mas, o frio foi mais forte. Depois de um mês, Oliveira voltou para a Bahia.
- Se eu continuasse na situação em que estava iria morrer. O dinheiro que eu conseguia com trabalho informal ajudando na cozinha de alguns restaurantes dava só pro aluguel. Dias depois que fui embora, me ligaram para avisar que fui escolhido no programa habitacional da prefeitura em que me inscrevi - conta Oliveira.
Com a moradia garantida no bairro Bom Pastor, Oliveira voltou para Caxias. Conseguiu um financiamento de R$10 mil no banco e a liberação da prefeitura para a instalação da Casa da Tapioca, na esquina das ruas Garibaldi e Pinheiro Machado.
Foto: Daniela Xu
- Com o lucro de aproximadamente R$ 400 por dia consegui pagar a faculdade, mas tive que mudar o produto de venda. Depois que a tapioca deixou de ser novidade, as pessoas não voltavam, então comecei a vender crepe - explica.
Após a colação de grau, Oliveira festejou com os amigos na Chardonnay e não pensa em parar os estudos. Ele já está matriculado para cursar uma pós-graduação na área de enfermagem hospitalar no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. Mas, para dar entrada no curso e quitar a dívida com a UCS, está vendendo a Casa do Crepe.
- Vou espalhar meu currículo pela região, pois quero viver da enfermagem. Minha preocupação é fazer diferença. Quero ajudar as pessoas que não têm acesso à saúde visitando as casas e ajudando até onde meu conhecimento alcançar - projeta.
O enfermeiro também está em vias de concluir um livro com sua autobiografia e garante que, para a Bahia, não volta mais.